Desfile da Secção Cinotécnica do Corpo de Fuzileiros
No Teatro de Operações de Moçambique, durante a Guerra Colonial, em virtude da profusão de minas A/C e A/P colocadas nas zonas de actividade da FRELIMO, foram utilizados Cães de Guerra pelos Fuzileiros, adquiridos à África do Sul e empregues essencialmente por pessoal especializado em "pisteiro de combate".
O desiderato era recorrer às várias capacidades dos animais como o olfacto, o ouvido, a melhor visão à noite, maior mobilidade e velocidade, colaborando de modo profícuo na detecção de minas, armadilhas e emboscadas.
A título de exemplo, durante a comissão de serviço em Moçambique da Companhia de Fuzileiros n.º 8, no período de 1965/1968, foram usados Cães de Guerra na patrulha da Estação Radionaval de Lourenço Marques (actual Maputo), no Aquartelamento dos Fuzileiros em Machava, nas patrulhas pela cidade da Polícia Naval e em Paradas Militares.
Eram cerca de 8 a 10 Pastores Alemães cada um com o seu respectivo canil individual, sendo que as instalações eram dotadas de um óptimo campo de treino/obstáculos para ensino e manutenção.
A título de curiosidade, o Estado na época garantia para alimentação dum cão uma quantia superior à da abonada a uma Praça!
A título de curiosidade, o Estado na época garantia para alimentação dum cão uma quantia superior à da abonada a uma Praça!
Cães de Guerra em Campo de obstáculos
Não obstante, também nos outros Teatros de Operações da Guerra Colonial existiu cães em unidades de Fuzileiros, mas funcionando mais como mascote da unidade, como sucedeu com o "Dembos" da Companhia de Fuzileiros n.º 10 em comissão de serviço em Angola entre 1966-1968.
Em 1974, por iniciativa de um grupo de Oficiais, Sargentos e Praças, foi criado um Centro de Treino e Criação de Cães de Guerra, integrada nos Serviços Gerais da Escola de Fuzileiros, mais recentemente designada por Secção de Cinotécnia, com o propósito de reforçar o serviço de vigilância e patrulha, materializando o conceito binómio homem/cão para defesa imediata.
Esta unidade ao mesmo tempo pautou-se por colaborar na manutenção de raças autóctones que já se encontraram ameaçadas de extinção: Castro Laboreiro e Cães-de-água Portugueses.
Estes animais têm número mecanográfico e prestam serviço (Ordens de Serviço) no perímetro da Escola de Fuzileiros e na Base de Fuzileiros.
Actualmente esta unidade do Corpo de Fuzileiros é utilizada no combate ao narcotráfico e ao terrorismo, colaborando desde 1996 na Busca e Detecção de substâncias ilícitas e desde 2003 na de Engenhos Explosivos Improvisados.
Detecção de substância ilícita por cão da Secção Cinotécnica do Corpo de Fuzileiros
A título de exemplo, logo no 1.º dia em que mancebos apresentam-se na Escola de fuzileiros para prestar o Serviço Militar em Regime de Voluntariado, por praxe são submetidos a uma detecção de substâncias ilícitas efectuada por cães especialmente treinados para o efeito.
Esta unidade costuma marcar sempre presença em eventos e cerimónias do Corpo de Fuzileiros e da Marinha Portuguesa, realizando demonstrações de capacidades.
A própria Revista da Armada ao longo dos tempos sempre redigiu alguns artigos sobre esta Secção, dedicando inclusivo uma capa de revista à unidade (Abril de 1984 / n.º 151) apresentado um famoso cão de raça Serra da Estrela de nome "Xangai" que ganhou numerosos troféus em campeonatos de cães com aplicação militar e o respectivo tratador Cabo FZE Bastos, nomeadamente cerca de 20 taças, 30 medalhas, 21 diplomas de excelente e 35 certificados de aptidão.
Cão da Serra da Estrela "Xangai" e Tratador Cabo FZ Bastos
A malta da direcção da Associação dos Fuzileiros devia condecorar e meter uma Boina dos Fuzos na cabeça deste rapaz por serviços distintos em prol da nossa unidade de elite!
ResponderEliminarZé Pinto FZE na Guiné
O cabo FZE chama-se Bastos: da minha recruta, do meu ITE e do meu curso de FZE. Foi no DFE 8
ResponderEliminarpara a Guiné 1969/1971 tratavamos o Bastos por "massarelos"
Eu fui no DFE 9 1969/71 (Moçambique) o coman. Pedro Salgado Baptista Coelho, entregou-me um pastor alemão, oferecido pela GNR, a quem dei o nome de ZORBA. Morreu na cidade da Beira.
José Lucena Pinto MFZE 476/68
Já o DFE1 1964/1966 tinha 3 cães de guerra fornecidos pela África do Sul. Os tratadores eram o "Sintra" o "Barbas" e o Luis (mais tarde falecido em Angola). Foram de muita utilidade em várias missões do DFE1. O cão do "Sintra" morreu mesmo numa operação ao tropeçar numa armadilha. O seu nome era "Lady".A CF6 que também estava nessa altura em Moçambique também tinha cães de guerra.Eu fui do DFE1 em Moçambique ex mar. C Fze Guilherme Antunes mais conhecido pelo "Electrónico". Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre. Parabéns pelo Blog . Abraço.
ResponderEliminarArrisco-me a dizer que era um serviço de muito trabalho,paciência,amor,e dedicação dos tratadores para com os animais,mas que nunca teve como agora a dignidade que mereciam.Veja-se pelo uniforme dos tratadores,pela identificação do colete dos animais.Enfim dá gosto e orgulho servir aquela casa naquele serviço hoje em relação a outros tempos.Muitos anos de vida àquele serviço que creio que é a única força que só usa raças nacionais, defendendo-as.O que é Nacional é bom.Eis a prova.
ResponderEliminarTive a honra de ter feito parte da CF8, em Moçambique e ter tido como 2º Comandante: Rosa Garoupa! O meu abraço a todos os camaradas!!!
ResponderEliminarFUZILEIRO SEMPRE.
Na foto em Moçambique no "campo de obstáculos, o primeiro tratador com o cão é o meu Pai, Francisco Veiga.....uma bela lembrança de infancia.
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