26/10/09

SUBMARINOS DA CLASSE "ALBACORA"

(ACTUALIZADO)
RECORDANDO NAVIOS DE UM PASSADO RECENTE


ESQUADRILHA DE SUBMARINOS


Submarino "BARRACUDA"

TIPO DE NAVIO:
Submarino convencional

PERFIL:
 
 
DESLOCAMENTO:
869 toneladas à superfície
1.043 toneladas em imersão
178 toneladas de flutuabilidade dos tanques de lastro

DIMENSÕES:

57,7 x 6,7 x 5,2 + (torre 10,4) metros

CASCO RESISTENTE:
44 x 4,9 metros

COMPARTIMENTOS:
Posto a Ré / Propulsão / Corredor higiénico, Posto de Controlo e Auxiliares / Posto de Comando, alojamentos Oficiais e porões das baterias / Posto a Vante
(4 anteparas estanques não resistentes balizas)

PROPULSÃO:
2 motores a diesel SEMT-Pielstick 12 PA4 V 185 de 450 kW - 1.300cv
2 motores eléctricos JEUMONT-SCHNEIDER de 450kW - 1.600cv
2 hélices

ENERGIA:
2 geradores diesel-eléctricos de 800cv

COMBUSTÍVEL:
74 toneladas

VELOCIDADE MÁXIMA:

Superfície - 13,5 nós (25 km)
Submerso - 16 nós (30 km)
Snorkel - 7 nós (12 km)

AUTONOMIA:

9.430 milhas a 5 nós
31 dias

PROFUNDIDADE MÁXIMA OPERACIONAL:

300 metros

PROFUNDIDADE DE COLAPSO:

575 metros

GUARNIÇÃO:
Oficiais: 7 (Sob o comando de um oficial superior)
Sargentos: 17
Praças: 32
Total: 56

RADAR:
Navegação/procura - KELVIN HUGHES 1007, banda I (37 Km de alcance)

SONAR:

- Thomson Sintra DUAA 2 (procura e ataque activo e passivo / 8.4 kHz);
- Elac Nautik LOPAS 8300 (procura e ataque passivo / baixa frequência);
- VELOX M6 (interceptor acústico)

COMUNICAÇÕES:

- Transreceptores de UHF, HF, VLF, VHF;
- 1 Rede de difusão geral;
- Telefone submarino TUUM 1A e TUUM 2A/B 50 kHz;
- Comunicações por satélite W(SUB)-ECDIS e AIS

EQUIPAMENTO:

- 1 Periscópio de observação Type M;
- 1 Periscópio de ataque ST3;
- Sistema GPS;
- Sistema IFF;
- Odómetros electromagnéticos;
- 1 Projector de sinais ALDIS;
- Sistema de Carta Electrónica ECDIS;
- Medidor da velocidade do som na água;
- Sonda ultrasónica;
- Receptor DGPS;
- 5 Faróis de navegação;
- Vidros da torre com 6mm;
- Barómetro

CONTROLO DE TIRO:
- DLT D3 (calculador da direcção de tiro)

SISTEMA DE GUERRA ELECTRÓNICA:

- ARUR/ARUD (alertador de radar, montado no periscópio)

SISTEMAS DE ARMAS:
- 12 Tubos lança-torpedos ECAN-L3 de 550mm (8 na proa e 4 na popa);
- Torpedos ECAN L3 (ASW/activo/5,5 km de alcance/25 nós);
- Torpedos ECAN E14 (ASW/ASUW/passivo/5,5 km de alcance/25 nós)

DESIGNAÇÃO NATO:

SSK

INDICATIVO DE CHAMADA INTERNACIONAL:
SUBCUDA

ENDEREÇO RADIOTELEGRÁFICO:

CTSE

NÚMERO DE AMURA:
S164

BASE DE APOIO:

Base Naval de Lisboa

NOME:
N.R.P. Barracuda

ANO DE CONSTRUÇÃO:
Maio de 1968

EMPREGO OPERACIONAL:
- Operações de protecção de forças combinadas ou conjuntas;
- Operações de vigilância e recolha discreta de informações, inclusive em zonas controladas pelo opositor;
- Condução de operações especiais e de apoio avançado a forças anfíbias;
- Operações de interdição de áreas focais, portos, costa, ou zona de navegação de elevado interesse;
- Acções de negação do uso do mar em áreas oceânicas;
- Colaboração no combate ao narcotráfico e terrorismo;
- Protecção da navegação costeira e oceânica em águas de interesse nacional;
- Efectuar operações de reconhecimento com desembarque e recolha de forças especiais em acções que requerem sigilo e surpresa;
- Efectuar acções de representação e presença naval.

NOTAS:

 Esta classe foi construída nos Estaleiros "Ateliers Dubigeon-Normandie", em Nantes (França), inicialmente eram quatro navios e formavam a 4ª Esquadrilha de Submarinos da Marinha de Guerra Portuguesa.
• O acordo para a construção foi negociado e assinado pelo Ministro das FA's Francesas e o Ministro da Marinha de Portugal a 24 de Setembro de 1964, em Paris, outorgando em nome do Governo Português o Embaixador de Portugal na França.
• Para fiscalizar e acompanhar a construção, foi enviada para o estaleiro uma missão naval portuguesa.
• Substituíram a classe "Neptuno" (classe "S"), 3ª Esquadrilha de origem inglesa, construídos durante a II Guerra Mundial.
• Durante os seus primeiros anos escoltaram navios de guerra e navios de transporte de tropas e material com destino às colónias africanas, enquanto navegavam na ZEE portuguesa.
• Marcaram o marco histórico na Marinha de Guerra Portuguesa com a mudança tecnológica de submersível para submarino.
• Tinham capacidade para operar silenciosamente, a sua velocidade reduzida permite-lhes atingir grandes profundidades, a forma exterior do casco foi aperfeiçoada e testada em tanques, todo o material de atracação é retráctil, e existem até microfones instalados no casco para permitir uma melhor monitorização do nível de ruído produzido, para controlar a velocidade e as manobras.
• O casco resistente é reforçado no local das escotilhas e em todas as outras passagens de casco em cerca de 70%, o material utilizado na construção é o aço 60 HLES (aço de 60 Kg/cm² de carga de rotura), com alto limite de elasticidade e soldável.
• De construção, eram apetrechados com 12 torpedos já colocados nos 12 tubos lança-torpedos em posição de disparo (8 na proa interiores e 4 na popa exteriores).
• Nos últimos anos de serviço, os 4 tubos de popa encontravam-se desactivados, não tiveram sala de torpedos nem recargas, a fim de evitar possíveis ruídos efectuados durante o recarregamento dos tubos lança-torpedos e reduzir o número de elementos da guarnição.
• O "Barracuda", o último submarino restante da Esquadrilha foi abatido com 42 anos de serviço e, foi o submarino mais antigo na NATO, a ser operado pela mesma Armada, com 46.636 horas de navegação (equivalente a mais de 36 circum-navegações ao Mundo) e mais de 300 missões e exercícios, no entanto mantém uma grande operacionalidade, com cerca de 120 dias de navegação por ano. De salientar que quando for abatido em finais 2009, terá mais 16 anos do que inicialmente programado.
• Participaram no treino do DAE e dos Mergulhadores de Combate, desde a inserção em praias, apoio a operações de resgate, até a recolha dos mesmos, e a aquisição de informação do litoral, nomeadamente registos fotográficos.


Exercício do DAE com submarinos

• Dois submarinos franceses desta classe desapareceram no Mar Mediterrâneo sem deixar rasto: o "Minerve" em 1968 e o "Eurydice" em 1970, em 1971 o "Flore" quase teve o mesmo destino, devido a um defeito numa válvula do "snorkel", foi retirado de serviço em 1989 e actualmente é utilizado pela Arábia Saudita para treino.
• O "Albacora", o 1.º da classe chegou à Base Naval do Alfeite em 28 de Abril de 1968, escoltado pelo "Narval" da 3.ª Esquadrilha.
• Em 1968, o "Albacora" participa pela 1.º vez num exercício internacional, no "PTB" da Marinha Francesa.
• Em Fevereiro de 1970, o "Barracuda" participou pela 1.º vez num exercício NATO "SUNY SEAS 70" com a "STANAVFORLANT".
• Em Junho de 1970, o "Delfim" participou no exercício NATO "NIGHT PATROL".
• Em Junho de 1971, o "Delfim" durante o exercício da Marinha Espanhola "Armada 71", proporcionou o embarque a 2 Oficiais e 2 Sargentos da da Marinha Espanhola, tendo o Cte., o Imediato, um Sargento e uma Praça sido agraciados com a «Cruz del Mérito Naval».
• A 9 de Dezembro de 1971, na Guerra Indo-Paquistanesa, um submarino da classe "Daphné" paquistanês, o "Hangor" afundou a fragata indiana "Khukri" da classe "Type 14" de origem inglesa, tendo sido o 1.º ataque de um submarino desde a 2.ª Guerra Mundial, curiosamente a fragata foi um dos navios da União Indiana que participou na Invasão de Goa em 1961.
• Em Dezembro de 1970, o "Delfim" no âmbito da cooperação militar, proporcionou um estágio aos alunos da Escola de Submarinos da Marinha Espanhola com saídas para o mar, por esta estar em fase de aquisição de navios da mesma classe.
• Em Março de 1972, o "Albacora" participou no exercício de manobras aero-navais da Marinha Real Britânica "JOINT MARITINE COURSE", ao largo do Norte da Escócia.
• Em Maio de 1972, o "Barracuda" realizou a sua primeira Grande Revisão efectuada em Portugal, prevista durar 18 meses, mas que terminou 33 meses após o seu início.
• Em Julho de 1972, o "Albacora" realizou uma viagem a Cabo Verde atracando na Ilha de S. Vicente, com o desiderato de testar o comportamento do submarino em águas de temperaturas elevadas, percorrendo 3.089 milhas.
• Em Setembro de 1972, ocorreu um incêndio no sistema propulsor do "Delfim" quando navegava em snorkel, pouco depois de zarpar do Porto do Funchal - Ilha da Madeira.
• Em Setembro de 1973, o "Albacora" depois de participar no exercício NATO "QUICK SHAVE" sofreu uma anomalia no sistema de comunicações que impossibilitou de comunicar ao início da viagem de regresso ao Comando da Marinha Portuguesa e da NATO, despoletando uma acção de SAR a nível nacional e da NATO.
• A 29 de Outubro de 1975, o "Cachalote" foi abatido ao efectivo e vendido à França no Porto de Toulon que por sua vez vendeu-o ao Paquistão em Janeiro de 1976, sendo baptizado de "Ghazi", posteriormente ao ser modernizado recebeu a capacidade para lançar mísseis anti-navio SUB-HARPOON.

O NRP "Cachalote" a navegar (Foto cedida por Reinaldo Delgado / blogue Navios e Navegadores)

• Em Setembro de 1979, o "Albacora" e o "Barracuda" realizam um encontro em imersão e exercício de comunicação a 3 km de distância.
• Nos anos 80 receberam uma modernização a nível de sensores.
• Em Setembro de 1980, o "Barracuda" quando se dirigia para Plymouth - Inglaterra, navegando com mau tempo à superfície durante 379 horas e 6 minutos para participar no exercício NATO "TEAM WORK", partiu duas antenas e danificou um tanque de lastro que originou uma banda de 10.º, a Bombordo.
• Em Outubro de 1980, os Adidos Militares Navais de Marinha de Guerra estrangeiras acreditados em Lisboa embarcaram num submarino para assistirem a uma demonstração das capacidades operacionais.
• Em Setembro de 1982, o "Barracuda" executou o 1.º ataque anti-submarimo com um torpedo de exercício ao "Delfim".

• Em Maio de 1983, o "Barracuda" durante o exercício NATO "LOCKED GATE 83", realizado numa área a Sul de Cádiz - Espanha, constituiu com outros submarinos uma barreira de oposição ao trânsito de forças de superfície opositoras que navegavam para o Mar Mediterrâneo, através do Estreito de Gibraltar.
Na sequência da intercepção de comunicações, o "Barracuda" identificou a aproximação da força naval do porta-aviões nuclear "Eisenhower" (CBG - Carrier Battle Group) da Marinha dos EUA, não integrada no exercício, com destino ao Mar Mediterrâneo a fim de render o CBG da 6.ª Esquadra.
Após análise dos dados disponíveis foi possível identificar que a força naval cruzaria o limite Norte da área de patrulha atribuída ao "Barracuda", pelo que com base na detecção a longa distância da força naval, na identificação do respectivo rumo de progressão e fazendo uso do profundo conhecimento das condições batitermográficas prevalecentes na zona, foi possível posicionar tacticamente o "Barracuda", utilizando as zonas de sombra dos sonares dos navios de escolta da cobertura de protecção do porta-aviões de modo a dificultar a respectiva detecção.
Perante a situação táctica e a possibilidade irrecusável de tentar-se simular um ataque a um porta-aviões, foi decidido manobrar de forma a passar sem ser detectado pela poderosa cobertura de protecção do "Eisenhower", constituída em avanço por helicópteros ASW com sonar em activo e posteriormente por navios de superfície operando também os sonares em activo.
Tal manobra foi conseguida com recurso a opções tácticas adequadas, permitindo ultrapassar com êxito total a cobertura do "Eisenhower" e posicionar o "Barracuda" a navegar ao mesmo rumo e sob o porta-aviões, até atingir a posição de ataque simulado com torpedos, totalmente indetectado.
Após a acção e logo que a situação táctica e operacional o permitiu, o "Barracuda" foi à cota periscópica e transmitiu uma mensagem para a entidade condutora do exercício (CINCIBERLANT), relatando a acção. O CBG só teve conhecimento da acção à posteriori e com suporte nos registos efectuados a bordo do "Barracuda" durante a acção.
Findo o exercício o "Barracuda" foi destinatário da seguinte mensagem pessoal de parabéns do Contra-almirante Deputy CINCIBERLANT:
"FOR BARRACUDA, THE RARE OPPORTUNITY OF ATTACKING A CARRIER MUST HAVE MADE YOUR DAY. BRAVO ZULU AND GOD SPEED".

• Em Junho de 1983, a bordo do "Albacora" foi emitido à cota periscópica (12 metros) o programa radiofónico "Despertar" da Rádio Renascença com o locutor António Sala.
• Em 1983, nos Estaleiros do Arsenal do Alfeite montou-se em todos os submarinos uma nova passagem no casco na zona da popa, que permite realizar salvamentos por via de assentamento e acoplamento de veículos de salvamento submersíveis DSRV e LR-5.
• Em 1983, o exercício nacional "SWORDFISH" realizado ao largo da Ilha da Madeira teve a particularidade de empenhar os 3 submarinos da ª Esquadrilha.
• Em 1984, o "Barracuda" foi o 1.º submarino português a efectuar fotografia subaquática a navios.
• Em Março de 1984, o "Albacora" durante a participação no exercício de submarinos da Marinha Espanhola "TAPON", realizou a 1.º passagem em imersão pelo Estreito de Gibraltar com destino ao Porto de Cádiz - Espanha, conforme a ordem de exercício e constante ameaça aero-naval das forças opositoras sem ser detectado.
• A 22 de Fevereiro de 1988, a Esquadrilha de Submarinos foi condecorada com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos.
• Entre 1993 e 1994, receberam novos radares e substitui-se o baticelerímetro e o interceptador-analisador sonar.
• Em 1994, o "Barracuda" no final de um exercício "FOST" quando emergia à cota periscópica, embateu num cargueiro no Canal da Mancha, não se registaram baixas, apenas danos estruturais na torre.


Danos estruturais na torre do Barracuda

• Em 1997, o "Delfim" quando regressava do Mar Mediterrâneo, a sul de Cádiz, correu perigo de se poder afundar, dado que metia água pela chumaceira do veio do motor de estibordo, tendo sido prontamente resolvido pela guarnição.
• Em 1999, o "Albacora" participou no exercício "CONTEX/PHIBEX" projectando para terra o DAE como força avançada, que posteriormente simulou a eliminação de uma bateria costeira de mísseis anti-navio.
• Em 1999, o "Albacora" e o "Barracuda" participaram no exercício "SWORDFISH" simulando submarinos violadores do embargo.
• Em 2000 o "Albacora" é desactivado e canibalizado.
• Em Junho de 2001, o "Delfim" realizou um exercício de salvamento submarino em Rassay na Escócia, acoplando com o veículo submersível de salvamento "LR-5" britânico, à profundidade de 146 metros.
• Em 2002, o "Delfim" participou no exercício "CONTEX/PHIBEX", servindo de transporte e meio de inserção do DAE no cenário de operações, após terem sido lançados de pára-quedas para o mar de um Hércules C-130 da FAP, com todo o seu equipamento.
• Em 2002, o "Delfim" participou no exercício "INSTREX", integrado na força opositora e nas séries de luta anti-submarina para disparo de torpedos, constituindo o mesmo como alvo dos torpedos de exercício.
• Em 2002, durante a participação do "Delfim" no exercício "NEOTAPON", no qual em simulação de luta anti-submarina, conseguiu interceptar por 3 vezes o submarino nuclear de ataque francês "Saphir" da classe "Rubis".
• Nos finais de 2003, o "Delfim" esteve atribuído ao «Flag Officer Sea Training», no mesmo ano durante o exercício "SWORDFISH", realizou com grande realismo num cenário de luta ASW, operações de transporte e inserção em território hostil de forças especiais.
• Em 2004, o "Barracuda" participou no exercício "INSTREX", actuando como ameaça, e em apoio directo à força naval fornecendo informações e efectuando o controlo da navegação.
• Em 2004, procedeu-se à substituição do interceptador-analisador sonar, do sonar passivo e equipou-se o "Barracuda" com comunicações satélite W(SUB)-ECDIS e AIS.
• Em Abril de 2005, durante o exercício "CONTEX", o "Delfim" assentou no fundo do mar simulando uma situação de acidente grave a 60 metros de profundidade.
• Em Junho de 2005, o "Delfim" participou no exercício "SHARK HUNT" organizado pela Marinha de Guerra Norte-americana, realizando um vasto conjunto de acções de treino cujo objectivo principal era o desenvolvimento e manutenção das capacidades de luta submarina em ambiente operacional complexo.
• Em Dezembro de 2005 o "Delfim" é desactivado.
• Em Maio de 2006, o "Barracuda" foi equipado com um novo sonar passivo Elac Nautik LOPAS 8300, obtendo-se um maior conhecimento de acústica submarina, podendo operar em Broadband (ruído puro) ou em Narrowband, podendo-se classificar os efeitos hidrofónicos com maior fiabilidade e não só confiando na análise DEMON e espectral.
• Em Maio de 2006, o "Barracuda" participou no exercício "SWORDFISH", servindo de transporte e meio de projecção do DAE no cenário de operações, após terem sido lançados de pára-quedas para um ponto de reunião no mar.
• Em Maio de 2009, o "Barracuda" realizou um exercício com a fragata "Bartolomeu Dias" no âmbito da demonstração para os Auditores do Curso de Defesa Nacional.
• Em Julho de 2009, o "Barracuda" participou numa demonstração relativa ao exercício de Segurança Energética organizado para o Presidente da República.


O "Barracuda" e um helicóptero Linx Mk95

• Os três submarinos irão ser conservados, sendo transformados em museus, o "Delfim" em Viana do Castelo, o "Barracuda" em Cascais e o "Albacora" na própria Esquadrilha de Submarinos na Base Naval do Alfeite.
• Participam também nos exercícios nacionais: AÇOR e ZARCO; e internacionais: OCEAN SAFARY, POST e JOLLY ROGER nos quais adquirem perícia ao patrulhar as águas e contribuem para o treino de navios ASW.
• Para além de Portugal a classe DAPHNÉ, também é operado pelas Marinhas de Guerra da África do Sul, Espanha e Paquistão.

PARTICIPAÇÃO EM MISSÕES IMPORTANTES:
• Em 15 de Dezembro de 1982, o "Barracuda" realizou o 1.º afundamento por um submarino português, lançando à superfície um torpedo L3 a 3.800 metros contra o Navio-Butaneiro "Bandim" que se encontrava à deriva e semi-afundado com a proa elevada 15 metros acima da superfície, naufragado a 120 milhas a SW do Cabo Espichel e por constituir um perigo para a navegação, atingido a 30 metros de profundidade, afundou-se completamente em 13 minutos.
 
Gerbe resultante da explosão do torpedo L3

• Em 1993, o "Albacora" e o "Delfim" participaram na «Operação Sharp-Guard» da UEO/NATO no Mar Adriático, junto às costas da ex-Jugoslávia, efectuando vigilância marítima num total de 730 horas de imersão.
• Em 1997, o "Barracuda" participou na «Operação Endurance» no Oceano Atlântico, durante 31 dias sem atracar, reabastecendo pela estação de popa do Navio-Reabastecedor "Bérrio" pela primeira vez em alto-mar, operação que já não era realizada por nenhuma Marinha de Guerra, desde a 2ª Guerra Mundial.
• Em Janeiro de 2004, a 46 milhas de Vila Real de Santo António, o "Delfim" (desactivado em 2005) participou numa missão de combate ao narcotráfico na ZEE Portuguesa, em cooperação com a Polícia Judiciária, tendo vigiado e seguido um iate espanhol, recolhendo informações úteis para uma força que o abordou posteriormente, composta por elementos do DAE, Fuzileiros, um helicóptero Lynx e uma corveta, a operação culminou na apreensão de 5,5 toneladas de haxixe.


13/10/09

LANCHAS DE DESEMBARQUE MÉDIAS

(ACTUALIZADO)

Fuzileiros a desembarcar numa praia da LDM 425

TIPO DE NAVIO:
Lancha de Desembarque

(dados da classe LDM 400)

DESLOCAMENTO:
59,5 toneladas

DIMENSÕES:
17,8 x 5 x 1 metros

PROPULSÃO:
2 motores a diesel FODEN FD6 MK - 374hp
2 hélices

ENERGIA:
2 geradores C.A.V. accionados pelos motores principais de 24kVA

VELOCIDADE MÁXIMA:
9,2 nós (16 km)

AUTONOMIA:
220 milhas a 8,2 nós

GUARNIÇÃO:
Cabo: 1 (Patrão da lancha)
Marinheiros: 3
Total: 4

COMUNICAÇÕES:
- 1 Transreceptor NIMBUS 340 H;
- 1 Receptor CURLEW351 H;
- 1 Projectores de sinais DE 250W

EQUIPAMENTO:
- 1 Bote pneumático ZEBRO II;
- Casa do Leme com blindagem de 6mm

CAPACIDADE DE CARGA:
80 militares / 35 toneladas de carga / 1 viatura blindada até 32 toneladas / 1 camião de 6 toneladas / 2 viaturas ligeiras


Jipe WILLY's do Exército utilizado na "Operação Tridente" a ser reembarcado numa LDM

SISTEMAS DE ARMAS:
1 Peça OERLIKON Mk2 de 20mm/65 (2 Km de alcance)
2 Metralhadoras MG-42 de 7,62mm

DESIGNAÇÃO NATO:
LCM

NÚMERO DE AMURA:
UAM 122
LDM 426

BASE DE APOIO:
Base Naval de Lisboa

ANO DE CONSTRUÇÃO:
1967
1968

EMPREGO OPERACIONAL:
- Transporte e apoio logístico (mantimentos, munições, etc);
- Embarque e desembarque de tropas;
- Serviço público.

NOTAS:
• Por inerência à criação e mobilização das primeiras unidades de Fuzileiros (CF - Companhias de Fuzileiros Navais e DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais) para as ex-colónias africanas, na sequência do eclodir da Guerra do Ultramar em Março de 1961, surgiu a necessidade de apetrechar a Armada com meios navais de fundo chato para a realização de desembarques.
• Dos três tipos de embarcações construídas (LDP, LDM e LDG), foram às de média dimensão, LDM - Lanchas de Desembarque Médias, as fabricadas em maior número (65) e mais utilizadas nos três teatros de operações (Angola, Guiné-Bissau e Moçambique), vocacionadas para navegar em águas ribeirinhas e interiores dos territórios.
• Apesar dos EUA advogarem a descolonização e demonstrarem relutância em autorizar as suas empresas em vender material de guerra a Portugal, foram adquiridas algumas embarcações do modelo USN LCM-6 da 2.ª Guerra Mundial em 2.ª mão, por intermédio de um processo indirecto com o desiderato de contornar parcialmente o diferendo político, criando-se a empresa privada Progresso Lda, que negociou directamente com o empresa Norte-americana "Fairbanks Morse" a aquisição de velhos excedentes da 2.ª Guerra Mundial,
dando origem à classe "LDM 100" em Janeiro de 1964, posteriormente obteve-se os respectivos planos de construção e desenvolveu-se os projectos de execução em estaleiros nacionais (Estaleiros Navais do Mondego).

• Existiram quatro classes de LDM's de concepção e construção nacional (Estaleiros Navais do Mondego e Arsenal do Alfeite) e uma classe (LDM 300) construídas nos EUA com ligeiras diferenças entre si:
- LDM 100: 21 unidades (construídas entre Janeiro de 1964 e Julho de 1975);


LDM 119 da classe LDM 100


- LDM 200: 5 unidades (construídas entre Janeiro de 1964 e Janeiro de 1965);

Ldm 203 da classe LDM 200

Artigo do Blog da Reserva Naval sobre as LDM's da classe 200


- LDM 300: 13 unidades (construídas entre Janeiro de 1964 e Novembro de 1964);


LDM 304 da classe LDM 300

Artigo do Blog da Reserva Naval sobre as LDM's da classe 300


- LDM 400: 26 unidades (construídas entre Agosto de 1964 e Outubro de 1977);


LDM 421 da classe LDM 400

Artigo do Blog da Reserva Naval sobre as LDM's da classe 400


- LDM 500: 6 unidades (construídas entre Outubro de 1964 e Novembro de 1964).


LDM 503 da classe LDM 500

Artigo do Blog da Reserva Naval sobre as LDM's da classe 500

• A sua distribuição pelos TO obedeceu a seguinte ordem:
- Angola:
Classe LDM 100: 108
Classe LDM 400: 401, 402, 403, 409
Total: 5

- Guiné-Bissau:
Classe LDM 100: 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118
Classe LDM 200: 201, 202, 203, 204, 205
Classe LDM 300: 301, 302, 302, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 309, 310, 311, 312, 313
Classe LDM 400: 410 a 417
Total: 51

- Moçambique (Lago Niassa):
Classe LDM 400: 404, 405, 407, 408
Total: 4

- Portugal (para treino dos Fuzileiros):
Classe LDM 100: 119, 120, 121
Classe LDM 400: 406, 414, 418, 419, 420, 421, 422, 423, 424, 425, 426
Total: 14

• Em 15 de Outubro de 1965, as LDM's da classe 500 de fabrico nacional foram remuneradas e integradas na classe LDM 300 de origem Norte-americana e utilizadas na Guerra da Coreia (ex LDM 501 - LDM 308; ex LDM 502 - LDM 309; ex LDM 503 - LDM 310; ex LDM 504 - LDM 311; ex LDM 505 - LDM 312; ex LDM 506 - LDM 313).


LDM 504, posteriormente LDM 311 (Foto cedida por Eng. Lema Santos)

• Em 16 de Outubro de 1965, as seguintes LDM's da classe 100 foram remuneradas e integradas na classe LDM 200 (ex LDM 101 - LDM 204; ex LDM 102 - LDM 205.
• Eram o principal meio de desembarque da Marinha no que respeita ao emprego de Fuzileiros, aquando da execução de operações militares com a totalidade dos efectivos de uma CF (140 militares) ou de um DFE (80 militares), originando o binómio LDM-Fuzileiros.


Fuzileiros a desembarcar de uma LDM


Fuzileiros a reembarcar numa LDM

• Trata-se de um tipo de embarcação concebido para utilização temporária (máximo 48 horas), dado não dispor de meios de subsistência, não obstante a título de exemplo na Guiné-Bissau foram usadas em patrulhas de rios que chegavam em média às duas semanas, sendo de referir que tal situação ocorria em detrimento das condições de vida a bordo e sacrifício das suas guarnições.
• Em 1968, atendendo a necessidade de melhorar as condições de vida a bordo, aperfeiçoou-se a calafetagem da cobertura do poço das lanchas, foram instaladas arcas frigorificas de 50 kg e um sistema de ventilação, melhorando substancialmente a dieta alimentar e a moral das guarnições.
• Durante o conflito do Ultramar, devido à escassa rede rodoviária e em proveito das vias fluviais, parte dos transportes operacionais e reabastecimentos logísticos às guarnições militares e autoridades administrativas era efectuados por LDM's e LDG´s da Marinha Portuguesa, assim como eram utilizadas no escoamento dos produtos económicos.
• O emprego de LDM's e LDG's nas situações citadas no parágrafo anterior, no caso da Guiné-Bissau (multiplicidade de braços de mar e rios, grandes amplitudes de maré e rios muito sinuosos) atingia mais de 80%, percentagem esta que aumentou a partir de 25 de Março de 1973 com a diminuição de voos de carácter logístico da FAP, devido ao fogo anti-aéreo com recurso a mísseis terra-ar de fabrico soviético "SA-7 Grail Strella " por parte do PAIGC.
• Realizavam missões de fiscalização e patrulha de rios (por vezes reforçadas com grupos de combate de Fuzileiros), transporte de civis e Companhias do Exército e participavam na escolta de comboios de embarcações civis (batelões rebocados ou com motores de veio regulável Schottel da Marinha Mercantes [Casa Gouveia do Grupo CUF]).
• Pelo facto de serem dotadas de pouca velocidade, muitas foram alvo de ataques desencadeados a partir das margens pelo PAIGC na Guiné-Bissau, sendo o caso mais conhecido o da LDM 302, atacada e afundada três vezes; outras foram visadas pelo rebentamento de engenhos explosivos improvisados, submersos e de fabrico artesanal do PAIGC, em rios estreitos e pouco fundos, denominados por "minas aquáticas", em ambas as situações as respectivas guarnições tiveram algumas baixas (feridos e mortos), mas nunca deixaram de ripostar, honrando assim as dignas tradições da Marinha Portuguesa.
• Destaque para a verdadeira epopeia da deslocação de 4 LDM's da costa de Moçambique para o Lago Niassa em três operações: a LDM 404 em Dezembro de 1965 "Operação Atum", a LDM 405 e LDM 408 em Abril de 1966 e a LDM 407 em Agosto de 1967 "Operação Roaz", sendo transportadas primeiro por comboio ao longo de 500 km e posteriormente efectuando 250 km por camiões, numa zona de grande actividade da FRELIMO.
• Fruto das relações político-militares entre Portugal e o Malawi, a LDM 404 atribuída ao Comando de Esquadrilhas de Lanchas do Lago Niassa, alcunhada de "Chipa", após ter sido desarmada foi facultada à companhia petrolífera SONAP (estabelecida no Malawi) com o desiderato de transportar combustível, permitindo abastecer navios e geradores da Base Naval de Metangula.
• Por vezes, após a passagem ao estado de desarmamento e abate ao efectivo das LDM's, a peça OERLIKON de 20mm era montada em estruturas de modo a reforçar a segurança de instalações navais.


Peça OERLIKON de 20mm em Moçambique


Peça OERLIKON de 20mm na Guiné-Bissau

• Finda a Guerra do Ultramar foram desprovidas de armamento, algumas LDM's mantiveram-se no serviço activo na Escola de Fuzileiros, outras reclassificadas de UAM - Unidade Auxiliar da Marinha, serviram de transporte e para faina geral na Base Naval do Alfeite (destaque para a LDM 421, utilizada como meio de recurso no Combate à Poluição Marítima).
• Em Dezembro de 1977, a LDM 426 destacada em AMSJ - Área Militar de S. Jacinto, sofreu um acidente que a deixou submersa, sendo recuperada como apoio do Navio-Balizador "Schultz Xavier".




LDM 426 após ter sido recuperada pelo Navio-Balizador "Scultz Xavier"
(Fotos do TCor Páraquedista Miguel Silva Machado)

• Em Fevereiro de 1978, a LDM 419 afundou-se durante um temporal quando transitava da Ilha de S. Jorge para a Ilha do Faial, sem baixas entre a guarnição.
• A 16 Novembro de 1993, no âmbito da cooperação técnico-militar com Guiné-Bissau, a par da formação de Fuzileiros, a LDM 421 foi transferida para a Marinha Nacional da Guiné-Bissau, recebendo o n.º de amura LDM 100, tendo interagido com navios da Marinha Portuguesa no conflito civil de Junho de 1998.


LDM da Marinha Nacional da Guiné-Bissau junto da fragata "Corte Real"

• Em 30 de Outubro de 1997, três LDM's foram reclassificadas de UAM, passando a exibir os seguintes números de amura: UAM 119, UAM 120 e UAM 121, a qual se juntou em 25 de Novembro do mesmo ano a UAM 122.
• Em Abril de 1998 foi oferecida outra LDM à Guiné-Bissau, com a entrega formal realizada no cais do Pidjiguiti pelo Director-Geral de Política de Defesa Nacional, acompanhado do Cte. da Escola de Fuzileiros.
• Em Novembro 2001, a LDM 425 foi adquirida pela Câmara Municipal de Tavira à Marinha Portuguesa, recebendo o nome de "Medo das Cascas", a autarquia utiliza a embarcação para desempenhar serviços de desembarque e transporte no arquipélago ao largo de Tavira.


Foto: blog Barcos+Navios

• A 16 de Setembro 2005, a LDM 119 foi colocada nas imediações da entrada da Porta d' Armas da Base de Fuzileiros, em exposição estática e homenagem as guarnições destas embarcações.


LDM 119 em exposição estática

• Em Julho de 2006, a LDM 120 participou no programa "TV Turbo" da SIC Radical transportando veículos todo-terreno para o local de reportagem.
• Actualmente, somente restam duas unidades destes pequenos grandes navios no serviço activo:
- A UAM 122 na Escola dos Fuzileiros, utilizada para instrução.


UAM 122 a navegar (Foto cedida por Corpo de Fuzileiros)

- A LDM 426, atribuída a título permanente à AMSJ, guarnecida desde 1977 por diversas gerações de Pára-quedistas, servindo de transporte diário de militares e funcionários civis da unidade entre a AMSJ e o Forte da Barra do Porto de Aveiro.


LDM 426 (Foto de Serrano Rosa)

• Futuramente a Marinha Portuguesa será equipada com 4 lanchas de desembarque do tipo LCVP, como meios orgânicos do LPD / NPL (25 metros de comprimento, capacidade para 8 toneladas de carga [36 homens ou viaturas ligeiras]), propulsionadas por dois sistemas de jactos de água à popa e um à proa para manobra.

NOTAS:
Desenhos manuscritos da autoria de Luís Filipe Silva
Artigos do Blog da Reserva Naval sobre as LDM's: