23/12/10

GRUPO DE LANCHAS ANFÍBIAS LARC-5

(ACTUALIZADO)

LARC-5 em exercícios

            Em Fevereiro de 1983, o Corpo de Fuzileiros recebeu 15 viaturas anfíbias LARC-5 oriundas da Marinha Federal Alemã, como contrapartida da cedência da Base Aérea de Beja e autorização para a construção do Ponto de Apoio Naval de Tróia (PANTROIA) à Alemanha Ocidental.
            A título de curiosidade, é de salentar que aquando da resposta à oferta das LARC's, foi solicitado por parte do então Comandante da Força de Fuzileiros, mais viaturas do que as necessidades operacionais da época, com a finalidade de garantir a existência de sobresselentes, acontece que cada uma das 15 viaturas vinha apetrechada com um caixote de sobresselentes.


LARC-5 na Escola de Fuzileiros em 1983, ainda com as cores e meios de identificação da Marinha Federal Alemã

            Constituíram o Grupo de Lanchas Anfíbias, sendo atribuídas à UAMA - Unidade de Apoio de Meios Aquáticos (criada a 28 de Junho de 1979 pela Portaria nº 303/79), actualmente UMD - Unidade de Meios de Desembarque (Criada pelo Decreto Regulamentar N.º 29/94 de 01 Setembro), sediada na Escola de Fuzileiros.
            Cinco viaturas foram colocadas no activo e as restantes 10 posicionadas nas INT's - Instalações Navais de Troia, sendo submetidas a rotinas de manutenção periódicas por uma equipa de manutenção que se deslocava para o efeito.
            Não obstante, em virtude de sempre que se deslocavam para realizar a manutenção, não dispor de tempo suficiente para a efectuar conforme o previsto, em 91 / 92, o Oficial Fuzileiro Subalterno nomeado para comandar a UAMA, tendo conhecimento da situação propus ao Comandante do Corpo de Fuzileiros, a concentração de todas as viaturas na UAMA e a criação de uma oficina em Vale de Zebro para apoio específico à manutenção das LARC's.
            Deste modo, após concordância e por determinação do Comandante do Corpo de Fuzileiros, a manutenção passou a ser realizada de modo programado, resultando que o requisito operacional do Comando do Corpo de Fuzileiros fosse sempre mantido.




            O projecto da LARC-5 - Lancha Anfíbia de Reabastecimento e Carga (Light Amphibiuos Resupply and Cargo), foi desenvolvido na década de 50 pela empresa norte-americana Borg Warner Corporation e fabricada (cerca de 950 exemplares) nos EUA entre 1962 e 1968 por diversas empresas norte-americanas, nomeadamente pela US Springfield Armory.

Protótipo da LARC-5

            É inspirada nas viaturas anfíbias DUKM da 2.ª Guerra Mundial, mas dispondo de uma proa mais forte para aguentar as águas mais agitadas e para quebrar as ondas na zona de rebentação.


LARC-5 a navegar na zona de rebentação

            Não se trata de uma viatura anfíbia propriamente projectada para desempenhar a função de meio de desembarque, nomeadamente na 1.ª vaga de assalto, motivo pela qual até padece de armamento e blindagem.


            O objectivo do fabrico das LARC-5, a pedido do Exército dos EUA, foi dotar o ramo das FA’s com um meio anfíbio capaz de proceder ao transporte de tropas e material de navios até à costa, após uma «testa-de-ponte» ter sido assegurada por um desembarque de forças amigas.
            Posteriormente ao desembarque, caso necessário têm ainda capacidade de progredir por terra, nomeadamente para efectuar transporte logístico, conferindo maior flexibilidade ao desembarque de abastecimentos necessários à sustentação do combate ou proceder a evacuações sanitárias.
            Trata-se de uma viatura anfíbia construída com folhas de alumínio soldadas com espessura 3/16 polegadas, dispondo de um interior reforçado com alumínio emoldurado, o seu perfil tem o formato de embarcação, apetrechada com 4 rodas motrizes e tracção permanente às rodas traseiras.
            Depende dos seus 4 grandes pneus (18.00 x 25 cm de baixa pressão) para absorver o choque do terreno, em virtude de não disporem de sistema de suspensão, permitindo à LARC operar em terrenos macios, tais como areia de praia e lama com a mínima possibilidade de se atascar.


LARC-5 em Todo-o-Terreno

            É capaz de operar em TO com clima temperado, tropical e árctico, transpor dunas de areia, bancos de coral, obstáculos verticais até 0,5 metros e subir ou descer superfícies muito íngremes com inclinação ate 60º ou inclinações laterais de 25º, desde que se efectuem em superfícies rígidas.



Subida e descida de superfícies íngremes

            A cabine de comando (aberta atrás) situa-se à frente da viatura, o compartimento do motor na traseira e o porão de carga (aberta no topo) ao centro, possuindo sanefas laterais amovíveis fabricadas em lona apropriada e reforçada em cabos de aço, montadas antes de a lancha entrar na água, para resguardar a carga ou tropas transportadas.


LARC-5 a navegar (observar sanefas laterais)

            A sua guarnição é composta 01 patrão da LARC-5 [FZV] e 01 proeiro, sendo que a cabine de comando permite transportar ainda 02 militares, um de cada lado do condutor.
O Grupo de Lanchas Anfíbias é constituído por:
- 01 Oficial Subalterno;
- 01 Sargento;
- 10 Praças.
Acresce-se a este efectivo a secção de manutenção:
- 01 Sargento MQ;
- 03 Praças CM;
- 02 Praças FZ;
- 02 Praças E.

            No que concerne à capacidade de carga, o porão permite transportar até 20 militares totalmente equipados ou 4,5 toneladas de carga (4,88 x 2,97 x 0,74 metros).


LARC-5 carregada de botes pneumáticos ZEBRO III

            Em ambiente marítimo, quando a flutuar, desloca-se por acção de uma hélice de 3 pás e com as rodas desengrenadas, atingindo a velocidade máxima de 8,5 nós (13,9 km), em estrada utiliza tracção somente nas rodas dianteiras (4x2), atingindo a velocidade máxima de 48,2 km, em Todo-o-Terreno utiliza tracção às 4 rodas (4x4) e a velocidade máxima é de 16 km.
            Passados 27 anos da recepção destas viaturas anfíbias LARC-5, continuam a ter uma grande actividade operacional, actualmente o Grupo de Lanchas Anfíbias da UMD é constituído por 05 LARC’s, possuindo no total 08 LARC’s operacionais: 408, 414, 428, 435, 446, 457, 458 e 483.


Grupo de Lanchas Anfíbias

            Tradicionalmente, no Dia da Marinha são empregues para realizar o Baptismo de Mar de cidadãos ou “matar saudade” de diversas gerações de Fuzileiros, participando também no Desfile das forças motorizadas do Corpo de Fuzileiros.


Baptismo de Mar


Desfile de Forças motorizadas do Corpo de Fuzileiros

            Participam em diversos exercícios exclusivos do Corpo de Fuzileiros: FTX, TRÓIA, TREINO A, TREINO B, COSTA ABERTA, sectoriais da Armada: PHIBEX, SWORDFISH e INSTREX e apoia a DGAM e o Serviço Nacional de Protecção Civil.
            No Verão de 1988, durante uma missão logística do Navio de Apoio “S. Miguel” (já abatido) à Região Autónoma da Madeira, 2 viaturas anfíbias LARC-5 dos Fuzileiros foram utilizadas para desembarcar uma casa pré-fabricada na Ilha Deserta Grande, para utilização dos Guardas do Parque Reserva Natural.


Desembarque na Ilha Deserta Grande

            Em Outubro de 2002, uma secção do Grupo de Lanchas Anfíbias participou nos testes à capacidade anfíbia das viaturas em concurso para renovação da frota de blindados de rodas APC/IFV.


Desembarque da LDG "Bacamarte" durante os testes à viatura blindada PIRANHA III

            Em Fevereiro de 2006, uma LARC-5 foi utilizada para demonstração de capacidades de uma secção do DAE, durante a NAUTICAMPO 06.


Demonstração de capacidades do DAE na NAUTICAMPO 06

            Em 2009, participaram no exercício sectorial da Marinha “CONTEX/PHIBEX”, interagindo com o LPD “Foudre” da Marinha de Guerra Francesa.


Embarque na doca do LPD "Foudre" da Marinha de Guerra Francesa

            Nos dias 2 e 3 de Dezembro de 2009, uma LARC-5 acompanhou os testes à capacidade anfíbia do blindado PANDUR II em Portugal.


Apoio aos testes ao blindado PANDUR II

            Esta viatura anfíbia tornou-se internacionalmente conhecida no século XX, aquando do conflito das Malvinas / Falklands em 1982 entre Britânicos e Argentinos, tendo sido empregue por estes últimos no dia 02 de Abril de 1982 para desembarcar forças do 25.º Regimento de Infantaria, anteriormente também foi utilizada na década de 70 pelo Exército dos EUA na Guerra do Vietname.
            Também é utilizado pelos Fuzileiros Argentinos, Fuzileiros Filipinos, Exército dos EUA, tailandesa e de Singapura e pelo Exército Australiano.
            Na posse de empresas e entidades civis é utilizado para turismo, protecção da natureza, reabastecimento, apoio a Bases na Antárctida e na construção e manutenção de faróis.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
Dimensões: 10,67 x 3,05 x 3,25 metros (comprimento, largura, altura);
Deslocamento máximo: 14.140 Kg;
Motor: Cumming Engine Compang 8000cc V8 Diesel com 305 cv;
Autonomia máxima: 402 Km em terra / 40 milhas em água;
tanques de combustível: 2 (547,2 litros).

21/12/10

BOAS FESTAS



O Blog Barco à vista deseja a todos seus leitores um Santo e Feliz Natal e um Ano Novo muito próspero!

03/12/10

100.000 VISITAS AO BLOG BARCO À VISTA

          Foram registadas as 100.000 visitas desde 18/06/2009 no blog barco à vista, totalizando até ao momento 45 artigos publicados, 71 seguidores e 208 comentários aos artigos publicados.

          Atendendo que por diversas vezes já me questionaram de onde advém o meu interesse pela Marinha de Guerra Portuguesa, com o desiderato de satisfazer uma curiosidade perfeitamente natural por parte de várias pessoas, civis e militares com quem tenho estabelecido contacto (perfazendo já cerca de 200), nomeadamente para apoio na compilação de artigos para este blog, decidi abordar o assunto, contando a minha versão da matéria de facto.

          Parte destes apoios (sem qualquer ordem de preferência), são oriundos de Oficiais, Sargentos e Praças na situação de Activo, Reserva ou Reforma, alguns já com uma idade avançada, mas mantendo uma excelente prontidão para “acorrer” às minhas constantes solicitações de dados e/ou imagens.
          Outra parte do apoio é proveniente de concidadãos que cumpriram o SMO na Briosa (alguns como Oficiais da Reserva Naval), muitos com comissões de serviço no Ultramar em unidades navais, de Fuzileiros, de Mergulhadores ou em Comandos Navais; outros já findo o conflito, simplesmente optaram por servir a Nação neste ramo das FA’s.
          Mas o que qualifica todos que me auxiliam nesta jornada, é o especial carinho e saudade que ainda hoje nutrem pela Armada.

          Também não posso esquecer a ajuda de diversas unidades e entidades da Marinha; Organizações a ela ligadas; Associações, Delegações e Núcleos de Oficiais / Marinheiros / Fuzileiros, assim como vários sites, blogs e fóruns de temática militar.

          A consciência da vida militar sempre esteve latente desde criança na minha vida quotidiana, nomeadamente a instituição Exército, por ter ascendentes que foram militares deste ramo das FA’s e, pelas proximidades de Quartéis do domicílio familiar ou do estabelecimento de ensino.
          No entanto, consultando a família e pesquisando o respectivo baú de recordações fotográficas, conclui-se que o «bichinho» cedo mostrou tendência para as coisas do Mar, entre elas a título de exemplo:
-gosto pela prática de desportos náuticos;
- trabalho manual em serapilheira (caravela dos Descobrimentos), bordado a ponto cruz para a disciplina de Trabalhos Manuais;
- montagem de cerca de 70 kits de modelismo naval (navios de guerra modernos) na escala 1/700;
- quando oportuno, realizava visitas a Navios de Guerra nacionais destacados na Zona Marítima do Norte; assim como navios nacionais e estrangeiros atracados no Porto de Leixões, adstritos a esquadras da NATO (STANAVFORLANT);
- visita a grandes veleiros no Rio Douro em 1994 aquando da “Regata do Infante”;
- visita ao Museu da Marinha aquando de deslocações a Lisboa.


Julho de 1982: Potencial 1.º visita a um Navio de Guerra do autor, submarino da Marinha Real Britânica

          Mais recentemente fiz um breve passeio de cabotagem a bordo do Navio-Patrulha “Save” da classe “Cacine” na Região Autónoma da Madeira, a convite do Patrão-mor da Capitania do Funchal e por gentileza do Comandante do navio, durante as celebrações do Dia da Marinha, tendo sido a minha única condição colocada ao Comandante, durante o meu breve "destacamento", o favor de me aceitar às suas ordens na qualidade de Grumete mais “mareta”…


A TODOS BEM HAJAM!