17/09/15

MERGULHADORES DA ARMADA NA GUERRA COLONIAL: TO DE MOÇAMBIQUE

          Durante a Guerra Colonial, no Teatro de Operações de Moçambique, os Mergulhadores da Armada estiveram destacados a nível de Secção no Navio de Apoio Logístico NRP "Sam Brás" e, na Vila de Augusto Cardoso (Base Naval de Metangula).






























Mergulhador-Sapador do Navio de Apoio Logístico NRP "Sam Brás" (Foto cedida por Cabo US Leite Veloso)

Mergulhadores-Sapadores da 1ª Secção destacada na Base Naval de Metangula no Lago Niassa (Foto de 1Ten US Rogério Domingues)
 
          A 21 de Novembro de 1969, foram aumentadas três Praças com especialização em Mergulhador-Sapador à guarnição do Navio de Apoio Logístico NRP "Sam Brás", quando este ainda se encontrava na doca seca de Rocha de Conde de Óbidos, formando a Equipa de Mergulho, chefiada pelo Oficial Chefe dos Serviços Gerais.
          Esta 1ª Secção de Mergulhadores-Sapadores prestou apoio à Capitânia de Porto Amélia e às docas secas da Capitânia do Porto de Lourenço Marques (actual Maputo) e à respectiva frota de rebocadores e dragas do Serviço de Dragagem da Marinha, procediam a missões de salvação marítima e vistoria às obras-vivas de navios mercantes, também efectuavam serviço de mergulho para os Caminhos de Ferro de Moçambique, entidade que geria todos os Portos e Águas que abasteciam as populações do interior.



































3.ª Secção de Mergulhadores-Sapadores do Navio de Apoio Logístico NRP "Sam Brás" em Porto Amélia (Foto cedida por SMOR US Armando Lobato)
 
          Em 1971, dois Mergulhadores-Sapadores deste navio procederam aos trabalhos de demolição (02 horas) das ruínas do Farol Vasconcellos e Sá, junto a Baía de Lourenço Marques (actual Maputo), por recurso a duas cargas dirigidas de 06 kg de dinamite.
          Esta Secção de Mergulhadores-Sapadores do Navio de Apoio Logístico NRP "Sam Brás" foi posteriormente rendida pelo mesmo número de elementos até 1975 (1.ª Secção 1969-1971, 2.ª Secção 1971-1973, 3.ª Secção 1973-1975).
         Ainda para Moçambique, a partir de 1968 foi destacada uma outra Secção de Mergulhadores-Sapadores (01 Sargento US, 01 Cabo US e 01 Marinheiro US) para a Vila de Augusto Cardoso (Base Naval de Metangula), de modo a garantir o apoio ao SAO e às unidades navais atribuídas ao Comando de Esquadrilhas de Lanchas do Lago Niassa (5 LFP, 4 LDM e 3 LDP).






































Mergulhador-Sapador da 1.ª Secção equipado com fato de mergulho seco USD e garrafas de ar comprimido (Foto de 1Ten US Rogério Domingues)

2.ª Secção de Mergulhadores-Sapadores destacada na Base Naval de Metangula equipada com equipamento de mergulho autónomo de circuito fechado CDBA "Corvo" (Foto cedida por SMOR US Lopes Almeida)
 
          Esta unidade de Mergulhadores-Sapadores destacada na Base Naval de Metangula foi seguidamente rendida pelo mesmo número de elementos de dois em dois anos (1.ª Secção 1968-1970, 2.ª Secção 1970-1972, 3.ª Secção 1972-1974).
          Destaque para a 1.ª e 2.ª Secção de Mergulhadores-Sapadores destacadas entre 1968 e 1972 na Base aval de Metangula, que procederam à construção da muralha de pedra solta do cais de atracação das lanchas atribuídas à Esquadrilhas de Lanchas do Lago Niassa.



















Mergulhador-Sapador da 1.ª Secção destacada em Metangula durante uma fase da construção da muralha de pedra solta do cais de atracação (Foto de 1Ten US Rogério Domingues)

Mergulhadores-Sapadores da 1.ª Secção destacada em Metangula a preparar cargas explosivas durante uma fase da construção da muralha de pedra solta do cais de atracação (Foto de 1Ten US Rogério Domingues)

Mergulhadores-Sapadores da 2.ª Secção destacada em Metangula durante os trabalhos de construção da muralha de pedra solta do cais de atracação (Foto de SMOR US Lopes Almeida)

Explosão subaquática de carga explosiva durante fase de construção da muralha de pedra solta do cais de atracação (Foto de SMOR US Lopes Almeida)

28/08/15

ANTIGAS VIATURAS DE COMUNICAÇÕES DOS FUZILEIROS: A "MIMOSA", A "ACÁCIA" E OS "OURIÇOS"

          Em finais de 1974, o Sistema de Comunicações do CCF foi todo reestruturado¹, para se adequar às novas realidades operacionais e redefinição de novos objetivos devido à descolonização de África, tendo sido concebido um sistema que incluía um Centro de Comunicações e uma Sala de Operações com terminais dos equipamentos na Força de Fuzileiros e um Centro de Comunicações na Escola de Fuzileiros.
          Incluiu igualmente viaturas tácticas especiais, ligeiras e pesadas, adaptadas na Força de Fuzileiros do Continente, para desempenhar a função de centros móveis de C32  ao nível de Batalhão e respectivas subunidades.

A "MIMOSA" à saída da Força de Fuzileiros do Continente, actual Base de FZ's (Foto cedida por José Lança)






































A "ACÁCIA" já em estado de abate ao efectivo, nas instalações da Escola de FZ's (Foto enviada por Macedo Pimentel)
 
          Algumas dessas viaturas eram 02 camiões a diesel BEDFORD RL-Type3  de 4 toneladas4, recuperadas do Depósito de Inúteis e apetrechadas no SAO da FFC, por iniciativa dos Oficiais referidos.
          Os camiões tinham por indicativo radiotelegráfico "MIMOSA" (AP-09-31)  e “ACÁCIA” (AP-09-32)5, sendo operados por Telegrafistas e Sinaleiros dos Centros de Comunicações da Força de FZ’s e da Escola de FZ’s respectivamente.






































Telegrafista a operar equipamento na "MIMOSA" (Foto de Valdemar Pereira)
 
          Eram totalmente equipados para comunicações fixas e móveis VHF e HF, acrescido de entre outras coisas com ar condicionado, gerador próprio atrelado, luz fluorescente, antena que podia ser montada entre dois mastros integrantes no próprio veículo, telefones de campanha, máquina de cifra, aparelhos de teste, demodulador, medidor ondas estacionárias, voltímetro electrónico, indicador de distorção, amplificador de potência e duas teleimpressoras.

Esquema do interior do contentor metálico da "MIMOSA" (Imagem cedida por CATT)
 
          Cada camião transportava um contentor metálico, construído como "Gaiola de Faraday", estavam preparados para servir de posto fixo/móvel de apoio à componente terrestre em exercícios ou operações aero-navais, prestavam igualmente apoio logístico a Unidades de FZ's, a partir da BTE (Base Temporária de Estacionamento), no tocante à substituição de equipamentos, carregamento de baterias6, durante fases de manobra.


 
A "MIMOSA", podendo-se observar o seu contentor metálico (Imagem cedida por Comando da CATT)

          Outras viaturas, que serviam como Posto de Comando Móvel, sendo operados por FZC7, eram 02 jeeps LAND ROVER 1/2ton Lightweight Series III Soft Top (AP-18-638  e AP-20-893), ambos equipados com vários equipamentos que permitam os seus dois Fuzileiros operadores cobrir todas as bandas de comunicações, assegurando o exercício do Comando e Controlo ao Comandante:
- 01 Transreceptor emissor-receptor RACAL TX/RX TR-15 A3 HF, com unidade de sintomia automática A55, chave de morse, microfone e antena de chicote;
- 02 Transreceptor emissor-receptor RACAL TX/RX IRET AN/PRC 239-6X-1 VHF, com carregador CA-29, acumulador AL 18/1 em caixa CA-236, suporte de montagem 41942 do AA e antena chicote TDB 6074A;
- 02 Transreceptor emissor-receptor RACAL TR-28 B2 HF;
- 01 Sistema integrado de comunicações STORNO CQM612 VHF/FM de 10W10;
- Fonte de alimentação constituído por 02 baterias de 12V.






































"OURIÇO", podendo-se visualizar as antenas de chicote traseiras (Foto cedida por SAJ FZC Valter Tavares Raposeiro)
 
          Quando imóveis também podiam empregar um conjunto de antenas portáteis (dipolo ou fio suspenso) que aumentavam a sua capacidade e, que fruto do seu aspecto carregado de antenas flexíveis de fibra, tinham como indicativo de chamada "OURIÇO".
          Este modelo de jeep Land Rover, foi escolhido para viatura ligeira de comunicações, atendendo a circunstância de já possuir de fábrica, pré-instalações para fixar antenas e cabos interiores ao longo da carroçaria, sendo estes últimos inclusivo já posicionados de modo a evitar interferências entre as várias bandas devido à potência dos aparelhos e corresponderem aos requisitos definidos pela OTAN.

"OURIÇO" durante um desfile motorizado de Fuzileiros (Foto cedida por José Miragaia Tomás)
 
          Eram viaturas limitadas aos 1,500kg de peso total, por forma a se poder efectuar-se VERTREP com um helicóptero PUMA da FAP, motivo pelo qual obrigou a escolha de baterias dos aparelhos de comunicação aquando do seu apetrechamento.

"OURIÇO" entrando a bordo de um helicóptero Norte-americano CH-53 Sea Stallion durante o exercício "PHIBEX 87" (Foto enviada por Macedo Pimentel)
 
          De frisar que os “OURIÇOS” foram pioneiros no Corpo de Fuzileiros na implementação de um requisito da OTAN (STANAG), que consistia na pintura das viaturas com tinta de baixo índice de refratância, cujas características ajudavam a atenuar a silhueta nos sensores de vigilância de campo de batalha, mais tarde estendido a outras viaturas e as redes de camuflado miméticas.

"OURIÇO" no regresso de um exercício com o DAE (Foto 1SARG FZC João Martins)
 
          As capacidades de C3 da "MIMOSA" e do "OURIÇO" foram testadas pela 1ª vez em Setembro de 1975, durante uma missão no âmbito das Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA de apoio às populações, em Vila Nova de Milfontes e no Rio Mira, onde participaram as Chaimites AP-19-34 e AP-19-35 e a Companhia de FZ's n.º 13 que acampou no local durante uma semana.

A "MIMOSA" exercendo funções de Posto de Comunicações  Fixo em exercícios (Foto cedida por CCF)
 
          A “MIMOSA” e “OURIÇO” foram inicialmente atribuídas ao BF n.º 3, para efeitos de condução e manutenção da viatura, sendo que o camião funcionava como Posto de Comando, Controlo e Comunicações fixo, estabelecendo igualmente contacto com o Comando da FFC e, o jeep funcionava como Posto de Comando Móvel, assegurando as comunicações com as unidades em exercício / operações bem como com o Elemento de Apoio de Combate, como por exemplo as viaturas blindadas “Chaimite” e as Secções de Morteiros, e com o Elemento de Apoio de Serviços como por exemplo a secção de reabastecimento e a secção de transportes.

Oficial Superior FZ português apresentando a Oficial estrangeiro a "MIMOSA", notar o gerador próprio atrelado (Fotos cedidas por CCF)
 
1- Exclusivamente por Oficiais FZ e de Marinha com especialidade em Comunicações.
2- Comando, Controlo e Comunicações.
3- RL (Long Wheelbase).
4- Os dois camiões já tinham servido em África, um em Moçambique e outro em Angola no Luso, sendo que os seus equipamentos foram sendo actualizados ao longo do tempo.
5- A “Mimosa” entrou ao serviço em 26/08/1964 e a “Acácia” entrou ao serviço em 26/08/1964, ambas foram abatida em 1990.
6 - Daí o indicativo de alcunha “Mimosa”.
7- Fuzileiro com especialização em Comunicações “Tele-fuzo”.
8- Existiram em períodos diferentes, sendo que o 1.º era a gasolina e perdeu-se por acidente a bordo do Navio de Reabastecimento NRP “São Gabriel”, durante um VERTREP com um helicóptero PUMA da FAP, entrou ao serviço em 31/12/1974 e foi abatido em 01/10/1991.
9- O 2.º era a diesel e entrou ao serviço em 23/02/1979 e foi abatido a 20/03/1997.
10- Com caixa de comando CB602, altifalante CS602 e microtelefone MT602 (todos à prova de água), placa metálica de instalação, antena de chicote AN 2103 e alimentação a 24V.

23/08/15

MERGULHADORES DA ARMADA NA DÉCADA DE 30 E 40 DO SÉCULO XX

          Em 1930, o Decreto n.º 18 344 de 17 de Maio, actualiza as remunerações especiais concedidas às Praças da Armada especializadas em Mergulhador, quando exercem qualquer serviço de mergulho, instrução ou execução.
          Tal decreto tinha também por finalidade aliciar o ingresso de Praças no concurso de extra-especialização em Mergulhador, em virtude de o mesmo ter ficado deserto anteriormente, quando aberto na Brigada de Mecânicos.
          O Decreto n.º 18 344 de 17 de Maio de 1930 é alterado pelo Decreto n.º 18 619 de 16 de Julho. Em complemento do decreto supracitado e pelos mesmos motivos, o Decreto n.º 18507 de 25 de Junho de 1930, reduz a altura e idade exigida ao pessoal concorrente ao concurso de extra-especialização em Mergulhador.
          A Portaria n.º 7395 de 3 de Agosto de 1932 aprova e coloca em execução na Armada as "Regras e sinais para o serviço de Mergulhadores".
          Em Agosto de 1947, em conjunto com a 3.ª Esquadrilha de Submarinos (classe "Neptuno"), são adquiridos à Inglaterra aparelhos de mergulho autónomo de circuito fechado com a utilização de 100% de O² respirável: "SIEBE GORMAN SALVUS" (10 metros de profundidade / fato de borracha com touca incorporada e máscara facial), para evacuação submarina de emergência da respectiva guarnição.
          Curiosamente, no entanto nos primeiros anos de serviço desta classe de submarinos, é optado superiormente que as guarnições destes submarinos continuem a utilizar o equipamento "DAVIS" para evacuação submarina de emergência.

Elementos da guarnição do submarino S160 NRP "Narval" em exercício de escape livre com equipamento "DAVIS" (Foto cedida por Cte. Alpoim Calvão)

          Está opção advém do facto de trata-se de um equipamento que também permite aos Mergulhadores da Armada Portuguesa empreender os primeiros treinos e exercícios de sabotagem submarina, nomeadamente atacando as obras vivas de navios. 
          Cumprindo-se o disposto no Decreto n.º 37 380 de 22 de Abril de 1949, é criado na "Direcção do Serviço de Submersíveis" uma "Secção de Mergulhadores e de Salvação", destinado à instrução de Mergulhadores e Mergulhadores-Guias.
          O ano de 1949 ficou marcado pelo facto da Armada contar somente com 08 Mergulhadores, tal situação deve-se fundamentalmente à parca remuneração concedida, esforço físico que o mergulho obriga e a falta de segurança dos equipamentos utilizados na época.
          Entretanto em Abril de 1949 é aprovado um Regulamento do Serviço de Mergulhadores da Armada [Portaria n.º 12 800 de 30 de Abril de 1949] que já prevê a instrução de mergulho a civis.

 Mergulhadores com fatos de mergulho em treino junto de submarinos da classe "Neptuno", a esquerda é possível observar o Navio de Apoio A5214 NRP "Medusa" (Foto cedida por Cte. Alpoim Calvão)
[Foto posterior à década de 40, meramente ilustrativa]

19/08/15

MERGULHADORES DA ARMADA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

          Pela Portaria de 29 de Novembro de 1905 os programas dos cursos da Escola de Torpedos e Electricidade são reorganizados, sendo frequentados por Oficiais, Sargentos artífices e Praças Torpedeiro-electricistas, cursos que englobam na sua "2.ª classe" a instrução de Mergulhadores. Em 1907 entram em vigor na Armada as tabelas e descompressão de "Haldane".
          A data de 26 de Setembro de 1910, é reportado na revista portuguesa "Revista Ilustração Portuguesa" a utilização de Mergulhadores da Marinha equipados com escafandro clássico semi-autónomo de circuito aberto "SIEBE GORMAN", numa missão de salvamento marítimo a bordo do navio "S. Gabriel".







































Mergulhador da Marinha equipado com escafandro clássico semi-autónomo de circuito aberto "SIEBE GORMAN"

          Com o advento do primeiro submersível português, o NRP "Espadarte" a 15 de Abril de 1913, surgem quase de imediato os primeiros aparelhos de mergulho autónomo de circuito fechado com 100% de O² respirável: "DAVIS" (Davis Submarine Escape Apparatus), com capacidade para cerca de 10 metros de profundidade, que na verdade era destinado à evacuação submarina de emergência da guarnição, marcando o início da Marinha de Guerra Portuguesa na área do mergulho militar ligeiro de intervenção.






































Mergulhador da Armada com equipamento "DAVIS" (Foto cedida por 1Sarg. US José Ferreira Marques)

          Pela Portaria de 23 de Outubro de 1913 surge o 1.º Regulamento que promulga as "Disposições relativas ao serviço de Mergulhadores da Armada".
          Em Abril de 1922, em virtude desde 1919 não se habilitar nenhuma Praça em Mergulhador, são actualizadas as gratificações a Mergulhadores estipuladas na Portaria de 23 de Outubro de 1913, sob proposta da Escola de Torpedos e Electricistas [Decreto n.º 3160 de 22 de Abril de 1922], o próprio decreto menciona:
- "Para promover a concorrência às escolas de Mergulhadores, que há três anos não habilitam pessoal algum por falta de Praças que desejem especializar-se".
          Observando o disposto na Regulamentação de 2 de Setembro de 1924, os Mergulhadores são inseridos na recém-criada Brigada de Mecânicos [Decreto de 1 de Setembro de 1924], responsável pela instrução de electricidade, radiotelegrafia, máquinas, torpedos e minas.
          Ainda na década de 1920, o Navio de Salvamento NRP "Patrão Lopes" emprega nas suas missões de Salvação Marítima Mergulhadores da Armada com escafandro clássico semi-autónomo de circuito aberto "SIEBE GORMAN" (ver artigo).























Equipamento de mergulho diverso na Sala-Museu da Escola de Mergulhadores

Artigo sobre o Navio de Salvamento NRP "Patrão Lopes":
http://barcoavista.blogspot.pt/2015/06/mergulhadores-da-armada-e-o-navio-de.html

15/08/15

UM MARUJO CHAMADO MENDONÇA

          Artigo do jornal Expresso enviado pelo Almirante António Nunes da Silva sobre a comemoração do final da 2.ª Guerra Mundial.

Clicar na imagem para maximizar.

11/08/15

MERGULHADORES DA ARMADA NO SÉCULO XIX

          Em 1892, o Cte. da Canhoeira "Douro" - Cten António José Machado em missão em Angola, para verificar uma anomalia que o leme do navio aparentava ter e que impedia por vezes a máquina de arrancar a ré, desenvolveu um equipamento de mergulho improvisado similar a um escafandro, por forma a permitir ter uma melhor ideia do problema.
          Este dispositivo consistia num barril de quinto ao alto, sem tampa superior e com um lastro de grelhas de modo a manter a mantê-lo submerso, na boca do barril foi adaptada uma manga de lona, com arcos para manter a forma e com dois braços igualmente de lona.
          O operador ia no interior do barril com os braços enfiados nas mangas, sendo arriado por um aparelho montado na carangueja da mezena e tinha um estropo passado ao barril, em operação o topo da lona mantinha-se sempre acima do nível das águas do mar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desenho ilustrado do escafandro improvisado
 
          Pelo ano de 1898, a Armada é dotada de um reduzido número de Mergulhadores, tratando-se de uma unidade sem carácter de força de combate, a sua instrução é ministrada na Escola Prática de Torpedos e Electricidade, instalada em 1902 em Vale do Zebro e sob dependência da Direcção de Material de Guerra da Marinha, funcionando neste local até ao ano de 1924, data em que a Escola é extinta e substituída pela Brigada de Mecânicos da Armada.
          A 28 de Dezembro de 1899 surge o 1.º documento legal relacionado com a actividade de Mergulhadores em Portugal, o Diploma Real promulgado pelo Rei D. Carlos I "O Diplomata" que cria o Regulamento da Escola e Serviço de Torpedos.
          Regulamento que estabelece no Curso de Torpedeiro 11 classes (disciplinas), sendo que a 8.ª versa sobre "Natação e Mergulhador", onde é administrada a instrução e utilização de Mergulhadores, tendo por principal desiderato a utilização dos mesmos no socorro de náufragos e salvação marítima.

06/08/15

MERGULHADORES DA ARMADA DO SÉCULO XVI

ACTUALIZADO

          Os relatos mais antigos sobre experiências de mergulho na Península Ibérica remontam a 1538, realizadas no Rio Tejo com recurso a equipamento subaquático que consistia numa câmara de mergulho em formato de sino (por regra eram fabricados em madeira, cobre ou bronze e aberto na parte inferior)  destinada a alojar Mergulhadores, que uma vez atingindo o subsolo marítimo, realizavam missões de exploração ou salvação marítima.






























Câmara de mergulho em formato de sino

           Antecedendo à Dinastia Filipina, a primeira referência histórica a actividades de mergulho militar de carácter ofensivo em Portugal remonta aos combates iniciais antes da Batalha de Alcântara, ocorrida em 25 de Agosto de 1580, na qual se menciona de modo apoteótico uma operação de sabotagem submarina por parte de elementos das forças de D. António de Portugal - Prior do Crato à Esquadra castelhana sob o comando de D. Álvaro de Bazán (66 Galés, 21 Naus e 09 Fragatas):
- "Nadadores portugueses, nadando debaixo de água, atacam navios espanhóis fundeados no Rio Tejo procurando danificar-lhes o casco".
          Presume-se que tal operação de sabotagem submarina tenha decorrido a seguir ao dia 12 de Agosto de 1580, quando a Esquadra castelhana se encontrava ancorada no limite do alcance de tiro da artilharia da Torre de Belém.
          De realçar no entanto que, observando o disposto no livro "Marinha Portuguesa - Nove séculos de história" do CMG Rodrigues Pereira e editado pela Comissão Cultural da Marinha, em 1184 quando o Rio Tejo foi invadido por uma Esquadra muçulmana oriunda da Andaluzia que bloqueou Lisboa por uns dias, entre a sua frota existia um navio de dimensões consideráveis que era apetrechado com uma torre para assaltar directamente as muralhas da cidade, designado "dromon" ou "dromunda".
          Sucede que durante a noite um arrojado lisboeta, cujo nome ficou ignorado na história, atacou o costado do navio provocando um rombo e respectivo afundamento. Na manhã do dia seguinte, quando os outros navios da frota andaluza se aperceberam do sucedido, bateram em retirada para o mar após umas razias nos arrabaldes da cidade sem quaisquer consequências.

24/07/15

AS MINAS MARÍTIMAS DE FUNDEAR "AZINHEIRA"

          Na década de 50, onde funcionava o Serviço de Minas e Rocegas da Marinha nas Instalações da Azinheira, foram fabricadas em pequeno número minas marítimas anti-submarino de fundear com quatro hastes químicas de contacto e detonação iniciada electricamente.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mina marítima anti-submarino de fundear "AZINHEIRA" sem as hastes químicas de contacto

          Designadas por: "AZINHEIRA", eram baseadas no modelo de minas inglesas "VICKERS type H Mk VA" e, passiveis de serem lançáveis por navios equipados com calhas lança-minas (destaque para o Navio Lança-Minas NRP "Santa Maria" da classe "Faial" que as lançou em exercícios em Dezembro de 1957, Fevereiro de 1958 e Junho de 1962), sendo a sua recuperação era sempre efectuada com o apoio de Mergulhadores da Armada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mina marítima anti-submarino de fundear "AZINHEIRA" com hastes químicas de contacto
 
          Em 1951, os Navios-Patrulha da classe "Faial", já antecedendo o fabrico deste tipo de mina marítima foram reclassificados de Draga-Minas e, apetrechados com equipamento de rocega mecânica aperfeiçoada para minas fundeadas, em 1956 com a entrada ao serviço de novos Draga-Minas com cascos de madeira, a classe ""Faial" foi novamente reclassificada de Caça-Minas.
 
 
Navio Lança-minas da classe "Faial"

          Estas minas marítimas de fundear foram fabricadas com o intuito de serem conjugadas com o Serviço de Redes e Barragens (redes de aço anti-submarino) na protecção de barras e canais de navegação nacionais contra submarinos hostis.
          Actualmente, já não fazendo parte do inventário de sistemas de armas - minas marítimas da marinha Portuguesa, após desactivação e retirada de material explosivo, encontram-se em exposição estática em diversas Unidades e Entidades da Armada. As presentes neste artigo estão na Escola de Mergulhadores e Escola de Fuzileiros.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mina marítima anti-submarino de fundear "AZINHEIRA" com hastes químicas de contacto
 
 

18/07/15

I MODELFUZOS - EXPOSIÇÃO DE MODELISMO NA ESCOLA DE FUZILEIROS

          No dia 04 de Março, durante o "Dia do Fuzileiro 2015" na Escola de Fuzileiros e a par da Exposição de Viaturas Antigas da Marinha, decorreu uma Exposição de Modelismo - a I MODELFUZOS.
          Esta exposição abrangeu modelos à escala associados à Marinha de Guerra Portuguesa, Fuzileiros Navais e Modelismo Naval, num total de 41 modelos expostos.
          Foi coordenada pelo CCF, Comando da Escola de Fuzileiros e pela Associação de Fuzileiros, contando com um inestimável contributo e apoio organizacional da AMA - Associação de Modelismo de Almada. 
          A exposição esteve presente na Sala-Museu dos Fuzileiros durante 07 horas, recebendo 888 visitantes, na sua maioria Fuzileiros, respetivos familiares e amigos, fazendo as delícias de miúdos e graúdos!
          Nunca será demais agradecer à "Task-force" de modelistas da AMA e ao seu Presidente CFR FZ (SEP) Silva Rocha,  o seu empenho no evento e a aposta em demonstrar a sua actividade com elementos da AMA a montar kits de modelismo em bancas e, às entidades que igualmente facultaram modelos para a exposição: Associação de Fuzileiros, Associação de Modelismo de Almada, Associação Naval Sarilhense, Museu de Marinha e modelistas a título particular.
          Da minha parte foi gratificante ter tido a oportunidade de conversar com alguns visitantes da exposição, nomeadamente antigos Fuzileiros da década de 60, que ao apreciar os modelos recordaram-se dos LVT-4's, sendo sempre interessante escutar os seus testemunhos e "histórias" para efeitos do livro sobre "As viaturas Anfíbias dos Fuzileiros" (LVT-4 / Chaimite / LARC-V). 
 


 A "Task-Force" da AMA, com o seu Presidente e o modelista SAJ Amaral Laranjeira
 
Elementos da AMA em demonstração de actividades (montar kits de modelismo)
 
Quanto aos modelos presentes na I MODELFUZOS, eram oriundos das seguintes entidades.
MODELOS DO MUSEU DE MARINHA:
 
- Muleta do Seixal
- Canoa da Picada
- Fragata do Tejo
- Torpedeiro n.º 1
- Vedeta dos Serviços Marítimos
 

Lancha de Desembarque “LD4”
 
Hidroavião “Santa Cruz”
 

Mergulhador com escafandro e pertences
 

Paquete “Vera Cruz"
 
Navio-Patrulha NRP "Brava" P590
 

Navio-Patrulha de Alto-Mar NRP "Augusto Castilho"
 

Submarino Alemão U-139
 

Fragata F472 NRP "Almirante Pereira da Silva"
 
MODELOS DA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS:
 

Submarino NRP "Tridente"
 

Botes dos Fuzileiros

- Laurinda - Embarcação Típica do Tejo
 

Submarino NRP "Albacora"
 

LDG 101 NRP "Alfange"
 
MODELOS DA ASSOCIAÇÃO NAVAL SARILHENSE:

- Canoa de Pesca
- Varino
- Fragata
 
MODELOS DA ASSOCIAÇÃO DE MODELISMO DE ALMADA (associados e amigos):
 
Lancha Anfíbia LARC V - Pedro Grilo
 

Base Naval Imaginária - João José Ferreira Rodrigues Cancela
 

UAM 601 "Vigilante" - Rui M. R. Figueiredo


Corveta F476 NRP "Jacinto Cândido" - Rui M. R. Figueiredo
 
Lancha de Fiscalização Rápida P1150 NRP "Argos" - Rui M. R. Figueiredo
 

Navio-Escola NRP "Sagres" - Rui M. R. Figueiredo
 

SB2C-5 Helldiver - Hugo Miguel Baptista Cabral
 

Grumman G-44 Widgeon - Hugo Miguel Baptista Cabral
 

Helicóptero da EHM Lynx Mk95 (1/48) - Hugo Miguel Baptista Cabral
 

FBA Schreck – B/C - Luís Filipe da Cruz Inglês Areal
 
SA 330 – PUMA - Luís Filipe da Cruz Inglês Areal
 

Viatura anfíbia LVT-(A)1 AMTANK - Luís Carlos Amaral Laranjeira
 
Viatura anfíbia LVT-4 - Luís Ferreira
 

CHAIMITE V-200 "ARMADA 90" - Álvaro Augusto Dias de Melo
 

Lancha de desembarque LCM - Carlos José Heitor de Sá Gomes
 

Lancha de desembarque LCT-LSU - Rui Manuel Heitor de Sá Gomes
 

Lancha de desembarque LCM Mk.III - Rui Manuel Heitor de Sá Gomes
 

Submarino K-141 Kursk - Rui Manuel Heitor de Sá Gomes

Caravela Portuguesa - Helena Filipa Gonçalves Inglês Areal
Nau - Jorge António Oliveira da Silva Rocha              
 
          Cumpre mencionar que a Sala-Museu do Fuzileiro dispõe no seu espólio um diorama de uma viatura anfíbia LVT-4 oferecido pelo modelista e antigo Oficial da Reserva Marítima de 1968 - Eng. Álvaro de Melo.
 
LVT-4 parte do espólio da Sala-Museu do Fuzileiro (junto a porta de abater de LDM)    
 
Mais fotos da Exposição de Modelismo disponíveis no facebook da AMA: