30/07/09

NAVIOS DE COMBATE À POLUIÇÃO SUBCLASSE "SINES"


Projecto do Navio de Combate à Poluição

          A inexistência e indisponibilidade em permanência de navios dedicados para o combate à poluição marítima, é cada vez mais um imperativo de segurança nacional que urge ultrapassar, reflectindo-se na sua capacidade de realizar operações fundamentais nas primeiras horas após um derrame, impedindo a progressão dos produtos poluentes em direcção a áreas sensíveis como praias, zonas de pesca, habitats, turismo ou lazer.
          A costa de Portugal regista uma média de 56 incidentes de poluição marítima por ano, embora a maioria dos casos, não apresente uma dimensão significativa.
          Deste modo, serão construídos dois navios nos ENVC, baseados no projecto NPO (3º e 4º navio em 2012), com as mesmas características principais e equipamentos mencionados, mas ao invés dum convés de voo na popa, serão dotados de uma grua de grande capacidade e equipamentos específicos para o combate à poluição no mar, portos e estuários, conciliando com a capacidade de fazer balizagem em zonas de responsabilidade ou interesse nacional.
          Esta diferença a nível da meia-nau para a popa, demonstra a versatilidade do projecto, apresentando neste caso inovação do ponto de vista da arquitectura e engenharia naval, tratando-se de unidades originais e sem antecessores na Marinha de Guerra Portuguesa.
          Substituirão o Navio-balizador "Schultz Xavier", nas funções de balizagem e assinalamento marítimo, dado que este navio está prestes a alcançar o seu limite de vida útil operacional.
          Estarão habilitados a desenvolver operações de fiscalização da pesca, combate a actos ilícitos, apoio a Mergulhadores (mediante a instalação de uma câmara hiperbárica contentorizada de 20 pés), patrulhas e SAR.
          Em 2006, o 3.º navio da classe, o P362 foi baptizado "Sines" e em 2007 foi baptizado o 4.º, o P363 de "Ponta Delgada", em homenagem às cidades onde se realizaram as comemorações do Dia da Marinha.

PRINCIPAIS CAPACIDADES NO COMBATE À POLUIÇÃO MARÍTIMA:
• Capacidade para remover grandes quantidades de poluentes em suspensão;
• Contenção e recolha dinâmica de hidrocarbonetos derramados no mar;
• Aplicação de dispersantes sobre manchas poluentes;
• Trasfega de hidrocarbonetos para tanques próprios ou flutuantes.

EQUIPAMENTO DE COMBATE À POLUIÇÃO:
- Sistema para recolha e trasfega dos poluentes de média e alta viscosidade;
- Sistema de lançamento de dispersante por ambos os bordos;
- Dois tanques flutuantes portáteis do tipo "Unibag", cada um de 50 m³;
- Uma serpentina interna de circulação de vapor;
- Uma embarcação de combate à poluição;
- Três canhões de água, dois à vante da ponte e outro à ré da chaminé;
- Um braço móvel com guincho principal com capacidade para retirar contentores a flutuar;
- Uma estação de descontaminação e outra de tratamento;
- Recuperadores de vácuo;
- Enrolador de Barreira

26/07/09

NAVIOS DE PATRULHA OCEÂNICO CLASSE "VIANA DO CASTELO"

(ACTUALIZADO)

Navio Patrulha Oceânico "VIANA DO CASTELO"

          Historicamente a interdependência da Marinha Mercante / Pesca / Recreio / Investigação Científica da Marinha de Guerra, demonstra que o potencial de uma estimula e justifica a outra e vice-versa, quer no apoio directo, quer na defesa das nossas riquezas (ZEE) que por vezes se vê privada pela concorrência ilegal estrangeira.
          O paradigma da necessidade de NPO - Navios Patrulhas Oceânicos já remonta na Armada desde a Proposta de Programa Naval de 1976, com a elaboração do anteprojecto levado a cabo no âmbito do denominado GAPO - Grupo de Anteprojecto dos Patrulhas Oceânicos, com o objectivo de desenvolver um navio de fiscalização adequado para a ZEE e configuração semelhante à das corvetas da classe "João Coutinho", libertando as corvetas das missões de serviço público e assim poderem dedicar-se às de natureza militar.



Projecto do Navio Patrulha Oceânico

          O conceito tecnológico dos "Requisitos Operacionais do NPO" (POA 5 [A]) assenta num navio económico de projecto e concepção nacional, não apresentando especial inovação do ponto de vista da arquitectura e engenharia naval, apostando-se em contrapartida numa plataforma robusta e de boas qualidades náuticas, com muita automação, boa habitabilidade e capacidade para se manter eficazmente no mar em regime de permanência prolongada mesmo em condições adversas, dado que vão operar no Oceano Atlântico.


Ponte do navio com elevado nível de automação


Imagem dum monitor

          Trata-se de navios pouco exigentes a nível de guarnição e incorporação de armamento e sensores, recorrendo em grande medida a padrões de construção naval comercial, tendo em consideração o tipo de missões para as quais está concebido (patrulha da costa e ZEE / presença naval / operações de baixa intensidade).
          Deste modo, irão substituir gradualmente as corvetas restantes das classes "João Coutinho" e "Baptista de Andrade", dado que estes navios para além de estarem a alcançar o seu limite de vida útil operacional, não têm praticamente valor militar e são inadequados às suas funções actuais.
          Em Março de 2001, a Direcção de Navios conclui a especificação técnica, executando no Arsenal do Alfeite, ensaios em tanques de experiências hidrodinâmicas, de resistência, propulsão e de comportamento no mar, reformulando a posterior o Arranjo Geral dos navios, dotando-os de casco com o pontal elevado, borda falsa no castelo, estabilizadores activos não retrácteis, robaletes e de um patilhão generoso, no sentido de conferir bom comportamento no mar.
          Os requisitos operacionais solicitado pelo grupo de trabalho da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha à Direcção de Navios, incluía a certificação do convés de voo para operar com helicópteros até 5.400kg, a aplicação de meios de reabastecimento de combustível e um hangar telescópico, com a finalidade de proteger os helicópteros da corrosão do meio marinho durante operações conjuntas mais prolongadas, não obstante o último requisito não foi atendido em virtude de os navios não serem dotados de helicópteros orgânicos.


Imagem dum possível NPO com hangar telescópio


convés de voo com grelha da FHS

          A capacidade de sobrevivência e de confinar as avarias do navio também foi levada em linha de conta: o casco e as superestruturas foram construídos em aço de grau A, subdivididos por cinco pavimentos e dez anteparas estanques, a própria construção foi certificada pela ISO 9001.


Planta do Navio Patrulha Oceânico

          De realçar a introdução de novos padrões de habitabilidade, com áreas de reduzidos níveis de ruído, grande flexibilidade para alojar elementos da guarnição de ambos os sexos e maior privacidade nos alojamentos e casas de banho.



Acomodações da guarnição

          Os militares seleccionados para formar as guarnições frequentaram um curso de especialização e qualificação, ministrado pela Direcção do Serviço de Formação, de modo a ficarem habilitados a desempenhar funções a bordo.
          O potencial bélico foi circunscrito ao necessário para desempenhar as missões que lhe serão confiadas como OPV (Offshore Patrol Vessel), a sua concepção não teve por escopo a participação em operações militares navais, assim a capacidade bélica está limitada a uma peça de artilharia na proa de 40mm (a ser substituída em finais de 2012, pelo sistema OTO MELARA MARLIN WS com canhão MK-44 de 30mm, dotado do sistema de imagem térmica ALBATROS), duas metralhadoras-ligeiras nas asas da ponte e duas calhas lança-minas na popa.


Peça de artilharia de 40mm/L60


Pavimento da popa preparada para calhas lança-minas

          Têm capacidade para efectuar minagem defensiva, mediante o lançamento de 30 minas marítimas Mk55 Mod2, por via duas calhas lança-minas na popa, com o desiderato de proteger os canais de acesso aos portos nacionais e apoio a forças navais em situações de Crise ou caso de Conflito no Espaço Estratégico de Interesse Nacional, padece no entanto de qualquer Sistema de Navegação, de Combate, de Guerra Electrónica ou de Contramedidas.
          Futuramente, no apoio prestado aos Mergulhadores Sapadores podem incorporar módulos contentorizados de guerra de minas portáteis, com capacidade de detecção e inactivação de minas e de outros engenhos explosivos.
          Como parte do equipamento, o navio está apetrechado com duas lanchas semi-rígidas com motor diesel inbord a hidrojacto omni-direcional, fabricadas pela Delta Power Group, uma de 8,5 metros com capacidade para transportar 15 passageiros ou 3 toneladas de carga, passível de ser utilizada em missões SAR e operações anfíbia, outra de 6,8 metros com capacidade para transportar 9 passageiros, vocacionada para faina regular.


Lancha semi-rígida de 6,8 metros


Lancha semi-rígida de 8,5 metros

          O navio dispõe de um compartimento multiuso que pode ser configurado para embarcar carga ou servir de acomodações adicionais, habilitado para albergar 32 pessoas ou uma Força de Fuzileiros (4 Oficiais, 3 Sargentos e 25 Praças), requisito operacional indicado pelo grupo de trabalho do Corpo de Fuzileiros à Direcção de Navios.


Compartimento multiuso

          Tal requisito permite servir como navio de apoio a operações anfíbias, valência operacional que a par do seu reduzido calado, permite-lhe penetrar em rios e braços de mar, substituindo as corvetas das classes "João Coutinho" e "Baptista de Andrade" nestas funções.
          Parte ainda do requisito operacional do Corpo de Fuzileiros atendida, é a capacidade de embarque / desembarque da Força em locais sem cais de atracação, de transportar pelo menos uma secção de botes de assalto (12 botes, 12 motores e 02 botes reserva) e uma Lancha de Assalto Rápida (LAR), de armazenagem (víveres, armamento, equipamento, munições, gasolina, material diverso), manobra e estiva.
          Destaque para a disposição de três canhões de água, dois à vante da ponte no castelo da proa e outro à ré da chaminé, conferindo aos navios a aptidão para combater incêndios deflagrados noutros navios.
          O contrato de construção foi celebrado a 15 de Outubro de 2002, por ajuste directo atendendo ao Despacho Conjunto n.º 15/2001 de 11 de Janeiro, pelo Primeiro-Ministro acompanhado pelo Ministro da Defesa Nacional com os ENVC, prevendo um custo global de cerca de 120 milhões de Euros, financiado maioritariamente pelo PIDDAC, pela Lei de Programação Militar e comparticipado pela União Europeia (programa SIFICAP).
          A construção dos navios pelos ENVC foi decidido e aprovado pelo Governo [Resolução do Conselho de Ministros n.º 138/2002 de 5 de Dezembro], advogando no preâmbulo do Despacho Conjunto n.º 15/2001 de 11 de Janeiro: "...se os navios forem construídos em estaleiro nacional ficará assegurado, logo à partida, que haverá nesse estaleiro e em diversas empresas nacionais contratadas um forte conhecimento destas novas unidades".
          De facto, verifica-se a participação de diversas empresas portuguesas no apetrechamento dos mesmos, como por ex: a EID, a EDISOFT, apresentando claras vantagens, nomeadamente no fortalecimento da Independência Nacional da assistência técnica, manutenção, tecnologia e apoio logístico do exterior e respectivos custos inerentes, factores vitais em tempo de crise ou guerra, por constituir um potencial meio de pressão sobre o Estado.
          Não obstante, a vantagem citada do conhecimento dos navios por parte destas empresas, não se perspectiva com exactidão, a título de exemplo, futuras manutenções dos navios pelos ENVC, sem colocar sequer em dúvida a sua capacidade, tal não é susceptível de se materializar, em virtude de a Marinha tradicionalmente efectuar as manutenções no Arsenal do Alfeite, a própria tecnologia electrónica instalada a bordo não justifica manter uma ligação estreita aos fornecedores.





















Bloco cirúrgico a bordo

          O contrato deverá ser cumprido até 2014, a sua execução e fiscalização da construção é tutelada pela MAF - Missão de Acompanhamento e Fiscalização (entidade da Marinha), terá a seguinte sequência de entrega:
- 1º navio em 2010;
- 2º navio em 2011;
- 3º e 4º navio (NCP) em 2012;
- 5º e 6º navio em 2013;
- 7º e 8º navio em 2014

          Em 2004, o 1.º navio da classe, o P360 foi baptizado "Viana do Castelo", em homenagem à cidade e aos ENVC onde se efectua a construção destes navios, em 2005 foi baptizado o 2.º, o P361 de "Figueira da Foz", em 2008 o 5.º de "Funchal", em 2009 o 6.º de Aveiro", sempre durante as comemorações do Dia da Marinha decorrido nessas cidades.
          No dia 1 de Outubro de 2005, decorreu nas instalações dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo a cerimónia de flutuação dos dois primeiros Navios de Patrulha Oceânicos.
          No dia 30 de Dezembro de 2010, decorreu enos ENVC a cerimónia de recepção provisória, por parte da Marinha Portuguesa do P360 / CTPA "Viana do Castelo".
          É de conhecimento público que algumas Marinhas de Guerra estrangeiras já mostraram interesse em adquirir algumas unidades desta classe, desconhecendo-se no entanto se ainda se mantém: Argélia, Marrocos e Tunísia, recentemente o Ministério de Defesa da Nigéria mostrou interesse na aquisição de 2 navios.

PRINCIPAIS TAREFAS A DESEMPENHAR:
• Patrulha, vigilância e fiscalização de longa duração das águas costeiras e oceânicas de jurisdição nacional;
• Apoiar, proteger e controlar actividades económicas, científicas e culturais ligadas ao mar, ao leito do mar e ao subsolo marinho;
• Executar, isoladamente ou integrado em acções coordenadas, operações de assistência a pessoas e embarcações em perigo, no âmbito da SAR no mar;
• Executar operações de socorro e assistência, designadamente em colaboração com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, em situações de catástrofe, calamidade ou acidente;
• Colaborar com as autoridades civis na satisfação das necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida das populações;
• Colaborar na defesa do ambiente, nomeadamente na prevenção e combate à poluição marítima.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
- Deslocamento: 1.750 toneladas
- Dimensões: 83,1 x 12,9 x 3,6 metros
- Velocidade máxima:
    Motores a diesel 22 nós (41 km);
    Motores eléctricos 5 nós (8 km)
- Propulsão:
    2 motores diesel WÄRTSILÄ W26 12V26 de 7.800 kW;
    2 motores eléctricos MAGNETTI MARELLI de 600 kW;
    2 hélices de passo variável 5C08 LIPS;
- Energia: 4 motores electrogéneos VOLVO PENTA TAMD165A de 362 kW
- Combustível: 250 toneladas
- Autonomia: 5.000 milhas em 14 dias a 15 nós
- Guarnição:
    Oficiais: 5 (Sob o comando de um oficial superior)
    Sargentos: 8
    Praças: 25
    Total: 38
- Alojamento adicional:
    Oficiais: 4
    Sargentos: 3
    Praças: 25
    Total: 32
- Água doce: 55 toneladas, capacidade de produção de 8m³/dia
- Convés na popa para 1 helicóptero

EQUIPAMENTO:
- Sistemas de comando e controlo;
- Sistema de carta electrónica ECDIS da KELVIN HUGHES;
- Sistema integrador de informação (EDISOFT);
- Sistema integrado de gestão de plataforma (EDISOFT);
- Sistema integrado de navegação (KELVIN HUGHES);
- Sistema integrado administrativo-logístico;
- Serviços de rede diversos (Telemedicina);
- Sistema integrado de comunicações (EID): MF/HF/VHF/UHF, ETO, INMARSAT B;
- 2 Radares de navegação MANTA 2000 da KELVIN HUGHES , banda I / F (37 Km de alcance);
- Multisensor electro-óptico SAGEM VIGY 10 Mk3, para detecção, gravação e registo de imagens;
- DGPS MX 420;
- Serviços básicos de rede (correio electrónico, Web, directoria e escritório electrónico);
- Serviços de segurança da informação;
- Sistema de Informação da Configuração e Apoio Logístico aos Navios (SICALN);
- Web Information Services Environment (WISE);
- Radiodifusão da RMP (Recognized Maritime Picture Broadcast);
- Acesso à Intranet da Marinha (WAN_Marinha);
- Equipamentos GMDSS;
- Terminal SIFICAP;
- Grelha de convés de voo da FHS;
- Elevador de munições da TBV Marine Systems;
- Sistema de tratamento de resíduos;
- Sistema de separação de lixos;
- Sistema de separação de águas oleosas;
- Sistema de detecção de incêndio e de alagamento;
- 1 Propulsor transversal de manobra à proa JASTRAM com 250 kW;
- Grua e Turco SCHAT HARDING de 4 toneladas;
- 3 Canhões de água;
- Duas embarcações semi-rígidas DELTA, uma de 8,5m e outro de 6,8m;
- 2 Botes pneumáticos ZEBRO III;
- 6 Balsas salva-vidas

SISTEMA DE ARMAS:
- 1 Peça de 40mm/L60 de comando local;
- 2 Metralhadoras-ligeiras HK 21 de 7.62mm;
- 2 Calhas lança-minas / 30 minas marítimas Mk55 Mod2 ou Mk56 (exercício)

15/07/09

LANCHAS DE FISCALIZAÇÃO COSTEIRA


Projecto das Lanchas de fiscalização Costeira

          Em 2004, a par da aprovação do "Conceito de Emprego Operacional das LFC" (IOA 608) e dos "Requisitos Operacionais das LFC" (POA 13), foi determinado a necessidade de concluir o processo de construção e entrada ao serviço da 3ª e última série de Lanchas de Fiscalização baseada na classe "Argos".
          Deste modo, no âmbito da capacidade de fiscalização da ZEE serão construídas pelos ENVC em parceria com o Estaleiro Holandês "Damen Schelde" até 2014, a par do programa dos NPO, 5 Lanchas de Fiscalização Costeira, com a opção de construção de mais 3 em substituição dos dois NPO cancelados.
          Trata-se de navios com uma tonelagem intermédia entre a dos NPO's e as Lanchas de Fiscalização Ribeirinha, com o escopo de substituir os Navios-Patrulha da classe "Cacine", navios estes que face ao facto de já terem ultrapassado o seu termo de vida útil, originaram uma situação insustentável no que respeita à sua manutenção.
          O projecto técnico das LFC foi concretizado por uma equipa de Oficiais ECN - Engenheiros Construtores Navais da Armada e dos ENVC, consubstanciando a necessidade de apetrechar a Marinha com uma plataforma robusta e de design moderno, mas mais ligeira e económica de operar que os NPO's na área costeira associada ao mar territorial e zona contígua, por um período de até 10 dias.
          Pretendeu-se nomeadamente manter as características basilares das LFR da classe "Argos" e "Centauro", no que concerne à pouca exigência de guarnição e incorporação de armamento e sensores, maximizar a automação, boa habitabilidade, capacidade de navegar a toda a velocidade com condições de mau estado de mar "Força 5", prover de um sistema propulsor diesel versátil e de um sistema misto de estabilização do balanço para melhorar o comportamento dinâmico do navio no mar a diversos regimes de velocidade.


Planta das Lanchas de fiscalização Costeira

          De salientar que os navios destinam-se a realizar missões de carácter eminentemente público, podendo navegar inclusivo nos diversos portos nacionais de pequena dimensão, devido ao seu reduzido calado, o projecto contempla inclusivo soluções técnicas para tratamento de resíduos orgânicos e não orgânicos.
          Serão dotados de uma doca à ré polivalente e versátil, com duas portas de eixo vertical, de modo a facilitar o lançamento e recolha de uma LAR - Lancha de Assalto Rápida, apetrechada com uma metralhadora-ligeira de 7,62mm, utilizada como meio de projecção de Fuzileiros ou Mergulhadores.
          A operação de largar e recolher da LAR, passível de ser realizada a 10 nós, é feita por alagamento de um a popa, em que um mecanismo hidráulico, comanda a porta do poço e o berço da LAR, local este que também permite ser utilizada para o apoio prestado aos Mergulhadores, incorporando módulos contentorizados de guerra de minas portáteis, com capacidade de detecção e inactivação de minas e de outros engenhos explosivos.

Outras valências da doca:
- Estiva de artes caladas em situação presumivelmente infractora;
- Embarque de um contentor normalizado de 20 TEU, para logística;
- Embarque de uma câmara hiperbárica contentorizada de 20 pés;
- Lançamento e recolha de submersíveis não tripulados para a guerra de minas;
- Lançamento e recolha de material de combate à poluição no mar;
- Recolha de náufragos no patim da doca, junto à linha de água.

          A cerimónia de assinatura do contrato-base de construção de 5 LFC decorreu em 19 de Dezembro de 2005 nos ENVC, assinado pelo Ministro da Defesa Nacional e entre a Marinha Portuguesa com os ENVC, a 17 de Março de 2009.
Terá a priori a seguinte sequência de entrega:
- 1ª lancha em 2012;
- 2ª e 3ª lancha em 2013;
- 4ª e 5ª lancha em 2014.










Desenho do projecto das Lanchas de fiscalização Costeira, apresentando linhas angulosas

PRINCIPAIS TAREFAS A DESEMPENHAR:
• Patrulhar, vigiar e fiscalizar as águas costeiras de jurisdição nacional;
• Apoiar, proteger e controlar actividades económicas, científicas e culturais ligadas ao mar, ao leitodo mar e ao subsolo marinho;
• Protecção e fiscalização da pesca e dos seus recursos;
• Operações de busca e salvamento marítimo (SAR);
• Executar operações de socorro e assistência, designadamente em colaboração com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, em situações de catástrofe, calamidade ou acidente;
• Apoio à projecção de Forças Especiais, mediante a utilização de uma Lancha de Assalto Rápido;
• Execução de operações de apoio a guerra de minas e de Mergulhadores;
• Presença naval e formação/treino.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
- Deslocamento: 700 toneladas;
- Dimensões: 59,9 x 9,9 x 2,7 metros;
- Velocidade máxima: 25 nós (46 km);
- Propulsão:
    4 motores a diesel de 9.400 kW;
    1 propulsor de proa;
    2 hélices de passo variável e reversível
- Energia:
    2 Geradores eléctricos de 400 kW;
    1 Gerador de emergência de 200 KW
- Autonomia: 3.360 milhas em 10 dias a 14 nós;
- Guarnição:
    Oficiais: 5
    Sargentos: 6
    Praças: 16
    Total: 27
- Alojamento adicional:
    Oficiais: 2
    Sargentos: 2
    Praças: 3
    Total: 7
- Água doce: 10 toneladas, capacidade de produção de 6m³/dia;
- Estabilizadores activos não retrácteis

EQUIPAMENTO:
- Sistema integrado de gestão de plataforma (SIGP);
- Sistema integrado de navegação (SIN);
- Sistema Integrado de Controlo de Comunicações (SICC);
- Serviços básicos de rede (correio electrónico, Web, directoria e escritório electrónico);
- Serviços de segurança da informação;
- Sistema de carta electrónica ECDIS;
- Sistema integrado de comunicações (EID):MF/HF/VHF/UHF, ETO, INMARSAT B;
- Sistema de Fiscalização e Controlo das Actividades de Pesca (SIFICAP);
- Sistema de Informação da Configuração e Apoio Logístico aos Navios (SICALN);
- Multisensor electro-óptico SAGEM, para detecção, gravação e registo de imagens;
- Electronic Chart Display and Information System (ECDIS);
- Web Information Services Environment (WISE);
- Radiodifusão da RMP (Recognized Maritime Picture Broadcast);
- Acesso à Intranet da Marinha (WAN_Marinha);
- Sistema de tratamento de resíduos;
- Equipamentos GMDSS;
- 1 Propulsor de manobra à proa;
- Duas embarcações semi-rígidas DELTA, uma de 8 e outra de 6,5 metros;
- Uma Lancha de Assalto Rápida com uma metralhadora-ligeira de 7,62mm

SISTEMAS DE ARMAS:
- 1 Peça OERLIKON Mk4 de 20mm/70 com direcção de tiro (2 Km de alcance);
- 2 Metralhadoras-ligeiras HK 21 de 7.62mm

08/07/09

LANCHAS DE DESEMBARQUE GRANDE CLASSE "BOMBARDA"

(ACTUALIZADO)

Lancha de Desembarque Grande "BACAMARTE"

TIPO DE NAVIO:
Lancha de Desembarque

PERFIL:


DESLOCAMENTO:
654 toneladas

DIMENSÕES:
56,2 x 11,8 x 1,8 metros

PROPULSÃO:
2 motores a diesel MTU MD-225 - 910cv
2 hélices

ENERGIA:
2 geradores diesel-eléctricos CUMMINS de 85kVA

VELOCIDADE MÁXIMA:
Vazia: 10,5 nós (20 km)
Carregada: 9,5 nós (17 km)

AUTONOMIA:
2.600 milhas a 10,5 nós
5.000 milhas a 7 nós

GUARNIÇÃO:
Oficiais: 3 (Sob o comando de um oficial subalterno)

Sargentos: 4
Praças: 20
Total: 27

RADAR:
Navegação - KELVIN HUGHES 1007, banda I (37 Km de alcance)

COMUNICAÇÕES:
- Radiogoniómetros VHF / HF / MF;
- Transreceptores VHF / UHF / HF;
- VHF DSC SAILOR;
- 1 ETO (Emissor Transmissor de Ordens);
- 2 Projectores de sinais

EQUIPAMENTO:
- 1 Bote pneumático ZEBRO III;
- Sistema de Carta Electrónica ECDIS;
- Sistema GPS;
- 1 Ferro de roça à popa;
- Receptor DGPS;
- Girobússola ARMA-BROWN;
- Anemómetro;
- Agulha magnética;
- Agulha giroscópica;
- Barógrafo;
- Barómetro;
- Ar condicionado;
- 2 Balsas salva-vidas;
- Sistema de recepção de Avisos à Navegação NAVTEX;
- Receptor meteorológico FAC-SIMILE – NAGRAFAX;
- 1 Grua hidráulica telescópica HIAB 60 SEACRANE de 3,5 toneladas;
- 1 Câmara hiperbárica contentorizada

CAPACIDADE DE CARGA:
28,5 x 8 metros / 350 toneladas no total
(400 tropas, 10 viaturas, 8 blindados ligeiros, 5 LARC ou 4 carros de combate)


Viatura anfíbia LARC-5 a embarcar na "Bacamarte"

SISTEMAS DE ARMAS:
2 Peças OERLIKON de 20mm/65 (2 Km de alcance);
2 Metralhadoras-ligeiras HK 21 de 7,62mm

DESIGNAÇÃO NATO:
LCU

INDICATIVO DE CHAMADA INTERNACIONAL:
DESARTE

ENDEREÇO RADIOTELEGRÁFICO:
CTJK


NÚMERO DE AMURA:
LDG 203

BASE DE APOIO:
Base Naval de Lisboa

NOME:
N.R.P. Bacamarte

ANO DE CONSTRUÇÃO:
1985

EMPREGO OPERACIONAL:
- Transporte de apoio logístico (mantimentos, munições, etc);
- Embarque e desembarque de tropas, viaturas, blindados e carros de combate;






Desembarque de cadetes da Academia Militar

- Apoio e participação em exercícios e operações navais;
- Reboque de alvo de artilharia para tiro de superfície;
- Navio de apoio a Mergulhadores;
- Recolha de torpedos;






Recuperação de um torpedo de exercício com o apoio de Mergulhadores

- Missões de treino de mar;
- Combate a poluição no mar;


"Bacamarte" com o sistema de combate à poluição V-SWEEP, montado a Estibordo

- Apoio a operações SAR;
- Presença Naval;
- Serviço público

NOTAS:
• As lanchas desta classe (inicialmente 3) são de concepção e construção nacional: a "Bombarda" e "Alabarda" nos Estaleiros Navais do Mondego (Figueira da Foz) e a "Bacamarte" nos Estaleiros do Arsenal do Alfeite, esta última com ligeiras diferenças na superestrutura.
• A LDG 201 "Bombarda", de Julho de 1969 até Outubro de 1974 foi destacada para a Guiné-Bissau durante a Guerra Colonial, apoiando e participando em operações, transportando civis e militares, abastecimentos, viaturas e material militar, regressou a Portugal em Junho de 1975, passando a participar em exercícios navais e a realizar missões logísticas. Foi abatida ao efectivo dos navios da Armada em 31 de Outubro de 1997 e vendida à empresa angolana SONAUTA, recebendo o nome "Chiloango" e classificada como navio Ro-Ro de passageiros e carga.


Chiloango , ex-LDG "Bombarda" (Foto de Luís Miguel Correia)

• A LDG 202 "Alabarda", de Novembro de 1971 até 1975 foi destacada para a Guerra Colonial, realizando diversas missões de reabastecimento logístico na costa angolana, regressando a Portugal em Julho de 1975, passando a efectuar missões de apoio logístico nos Açores. Foi abatida ao efectivo dos navios da Armada em 31 de Outubro de 1997 e vendida à empresa angolana SONAUTA, mantendo o mesmo nome e classificada como navio Ro-Ro de passageiros e carga.


LDG "Alabarda" nos Açores

• O seu desenho e características técnicas assemelham-se bastante com as Lanchas de Desembarque da classe "Edic 700" da Marinha de Guerra Francesa.


Lancha de Desembarque da classe EDIC 700 da Marinha de Guerra Francesa

• A LDG 203 "Bacamarte", durante os seus primórdios realizou missões de carácter de serviço público, contribuindo para a ligação e transporte logístico inter-ilhas de material, pessoas, bens e construção de portos no arquipélago dos Açores.
• A principal característica é a capacidade de abicar a terra, possibilitando o embarque e desembarque de tropas, viaturas, blindados e carros de combate, assim como transportar o apoio logístico necessário a forças de Fuzileiros.



Desembarque de Jipe 4x4 LAND ROVER DEFENDER 110 SW

Desembarque de Jipe 4x4 MERCEDES GD240


Desembarque de Camião 4x4 MERCEDES-BENZ UNIMOG U 1550L

• Em 1979, a LDG 201 "Bombarda" realizou uma missão de cooperação de 2 meses na República de Cabo Verde.
• Em 1999, a LDG 203 "Bacamarte" participou no exercício "CONTEX-PHIBEX" transportando as viaturas anfíbias LARC-5 utilizadas no assalto anfíbio.
• Em Outubro de 2002, a LDG 203 "Bacamarte" serviu como meio de embarque e desembarque nos testes à capacidade anfíbia das viaturas em concurso para renovação da frota de blindados de rodas (APC/IFV).








Testes à viatura blindada PIRANHA III durante o concurso para renovação da frota de blindados APC/IFV de rodas

• Em Abril de 2003, a LDG 203 "Bacamarte" participou no exercício "SWORDFISH", rebocando o alvo de artilharia para tiro de superfície.
• Em 2004, durante a manutenção da LDG 203 "Bacamarte" no Arsenal do Alfeite, realizaram-se as alterações necessárias para instalação de uma câmara hiperbárica contentorizada e um contentor standard de alojamento, passando a servir como navio de apoio aos Mergulhadores (DIVING SUPPORT UNIT), substituindo nesta tarefa o Navio-balizador "Schultz Xavier".


Contentor standart de alojamento

• Em 2004, a LDG 203 "Bacamarte" no decorrer do exercício "INSTREX", apoiou a força naval e transportando o alvo de artilharia para tiro de superfície.


Alvo rebocavél para fogo de artilharia naval

• Em Novembro de 2006, a LDG 203 "Bacamarte" participou no exercício "LUSIADA" no âmbito da preparação das Forças Armadas para cenários de resposta a crises.
• Em Junho de 2009, a LDG 203 "Bacamarte" participou no exercício de combate à poluição do mar e de salvamento marítimo "MERO 09", juntamente com a corveta "Afonso Cerqueira", Navio-Patrulha "Zaire", Navio de Passageiros "Lobo Marinho" e o Navio-Tanque "Galp Marine", ao largo da Ponta do Garajau na Madeira.
• Em Junho de 2007, a LDG 203 "Bacamarte" apoiou a realização do exercício da Academia Militar "TIGRE 07, transportando os cadetes.
• Em Junho de 2009, a LDG 203 "Bacamarte" foi destacada para apoiar os Mergulhadores no âmbito da aceitação de dois sistemas AUV's GAVIA pela Marinha Portuguesa.


Sistemas AUV's GAVIA no poço da "Bacamarte"

• Em Julho de 2009, a LDG 203 "Bacamarte" participou numa demonstração relativa ao exercício de Segurança Energética organizado para o Presidente da República.
• Em Outubro de 2009, participou no exercício de combate à poluição "ESPADARTE 2009", nas acções de contenção e a recolha de hidrocarbonetos, na costa Oeste ao largo de Sines.
• Participa também nos exercícios nacionais: AÇOR e ZARCO.

PARTICIPAÇÃO EM MISSÕES IMPORTANTES:
• A 22 de Novembro de 1970, a LDG 201 "Bombarda" participou na "Operação Mar Verde", juntamente com a LDG 104 "Montante", as LFG’s "Orion", "Hidra", "Cassiopeia" e "Dragão" e os DFE's n.º 21 e 22 (Africanos), na Guiné-Conakry.
• De Outubro de 1974 a Junho de 1975, a LDG 201 "Bombarda" em conjunto com as LDG 101 "Alfange", LDG 102 "Ariete", fragata "Roberto Ivens" e corveta "Augusto Castilho", rumaram da Guiné-Bissau para Cabo Verde para apoiar o processo de descolonização em curso.
• Em Novembro de 2002, a LDG 203 "Bacamarte" esteve empenhada nas operações de combate à poluição no mar, resultantes do afundamento do petroleiro "Prestige", utilizando equipamento de recolha de poluição e transportando uma cisterna.


Embarque da cisterna pelo tractor de reboque


Cisterna a bordo da LDG Bacamarte


Desembarque da cisterna por recurso a uma grua

Em Junho de 2003, a LDG 203 "Bacamarte" esteve envolvida nas operações de combate à poluição no mar, resultantes do afundamento do navio porta-contentores "Nautila", tendo sido utilizada na detecção e recolha de bidões que se encontravam à deriva na área, as operações de recolha foram efectuadas com o apoio de Mergulhadores Sapadores.

NOTA: Artigo do Blog da Reserva Naval sobre as LDG's: