18/12/11

BOAS FESTAS!!!




































O Blog Barco à vista deseja a todos seus leitores um Santo e Feliz Natal e um Ano Novo muito próspero!

11/12/11

PELOTÃO ANTI-AÉREO DA CAF

          O Pelotão Anti-aéreo (PELAA) é um pelotão adstrito à estrutura operacional da Companhia de Apoio de Fogos (CAF), que configura uma unidade de apoio de combate do Batalhão Ligeiro de Desembarque (BLD) do Corpo de Fuzileiros da Marinha de Guerra Portuguesa.
          O PELAA não obstante, ainda não se encontra constituído, somente existe na documentação estruturante, sendo a defesa anti-aérea de momento efectuada por metralhadoras-pesadas BROWNING M2HB de 12,7mm (2,4 Km de alcance) ou assegurada por unidades navais ao largo da costa (peças de artilharia ou sistemas de mísseis anti-aéreos).


Metralhadora-pesada BROWNING M2HB de 12,7mm.

          Como sub-unidade da CAF, deverá ser capaz de garantir em quaisquer condições de visibilidade, a capacidade mínima de defesa anti-aérea próxima de curto alcance ao BLD, nos designados "sectores de sombra" da defesa aérea a cargo de unidades navais, dividindo-se em 02 secções:
- uma secção de radares com 02 equipas de radares;
- uma secção de mísseis anti-aéreos com 06 equipas postos de tiro.

          Futuramente o PELAA deverá ser equipado com 08 postos de tiro de mísseis anti-aéreos de curto-alcance tipo "MANPADS", que para além da função supracitada, devem garantir o respectivo apoio mútuo entre si e fornecer uma cobertura tão extensa quanto possível à área de intervenção do BLD.


O sistema portátil lança-míssil anti-aéreo de curto alcance STINGER, já utilizado pelo Exército Português, é por diversas razões um forte candidato a equipar o PELAA.

          Pese embora só se opte por iniciar a operação de desembarque anfíbio do BLD quando se detém a superioridade aérea no Teatro de Operações Anfíbio, não se deve descurar a possibilidade de as forças opositoras ainda possam dispor de alguma capacidade aérea que não tenha sido neutralizada.
          Pretende-se que o PELAA esteja integrado no sistema de defesa aérea da força anfíbia, com o objectivo de beneficiar da capacidade de aviso aéreo das unidades navais, tendo ainda como função adicional de contribuir na defesa anti-aérea próxima das unidades navais quando se encontra embarcado.

04/12/11

PELOTÃO ANTI-CARRO DA CAF


Jipe Land Rover Lightweight da UAF AF em 1990, com metralhadora-pesada BROWNING M2HB de 12,7mm, dotada do luneta intensificadora AN/PVS-4


Jipe Land Rover Lightweight da UAF AF em 1989, com metralhadora-pesada BROWNING M2HB de 12,7mm

          O Pelotão Anti-carro (PELACAR) é um pelotão adstrito à estrutura operacional da Companhia de Apoio de Fogos (CAF), que configura uma unidade de apoio de combate do Batalhão Ligeiro de Desembarque (BLD) do Corpo de Fuzileiros da Marinha de Guerra Portuguesa.


Equipa anti-carro do PELACAR: Apontador de CARL GUSTAV, Apontador e Municiador de MILAN

          O PELACAR está organizado em Formação de Comando e 04 secções de armas combinadas, cada uma com 04 equipas, sendo que 02 equipas possuem mísseis anti-carro de médio alcance MILAN M1 / 2T / 3 e canhão sem recuo de curto alcance de 84mm CARL GUSTAV, as outras 02 equipas possuem metralhadoras-pesadas BROWNING M2HB de 12,7mm e lança-granadas automático HK GMG de 40mm.


Apontador de míssil filoguiado anti-carro MILAN (Foto: Corpo de Fuzileiros)


Apontador de lança-granadas automático HK GMG de 40mm dotado do sistema de pontaria nocturna ITT F7001

          A principal tarefa do PELACAR é garantir um dispositivo de protecção em profundidade do BLD contra forças blindadas opositoras, nomeadamente carros de combate e viaturas blindadas ou mecanizadas, mediante o emprego dos seus sistemas de armas com capacidade anti-carro de curto e médio alcance, para os neutralizar à maior distância possível e antes de constituírem uma ameaça directa às posições do BLD.


Equipa do PELACAR fazendo fogo com míssil filoguiado anti-carro MILAN, a bordo de um jipe TOYOTA LAND CRUISER, enquanto o resto da guarnição monta segurança (Foto: Corpo de Fuzileiros)

          Como tarefas secundárias, caso seja aconselhável atendendo à situação táctica, está preparado para efectuar reconhecimento pelo fogo, apoiar manobras ofensivas e defensivas das Companhias de Fuzileiros por recurso a apoio de fogo (directo e indirecto) planeado, executar ataques rápidos a alvos especificamente seleccionados, integrar escoltas de colunas motorizadas e destruir abrigos fortificados.


Elementos do PELACAR em desembarque anfíbio (Foto: Soldiers Raids)

          Regra geral os efectivos do PELACAR realizam o desembarque anfíbio apeados, munidos de mísseis MILAN (2 km de alcance) e canhão sem recuo CARL GUSTAV (700 m de alcance), posteriormente com o desembarque das suas viaturas, por inerência a mobilidade e poder de fogo do PELACAR aumenta de forma significativa, em virtude de passar a dispor também de metralhadoras-pesadas BROWNING (2,4 Km de alcance) e lança-granadas HK GMG (2,2 km de alcance).


Jipe TOYOTA LAND CRUISER com metralhadora-ligeira MG-3 de 7,62mm e míssil filoguiado anti-carro MILAN


Jipe TOYOTA LAND CRUISER com lança-granadas automático HK GMG de 40mm, dotado do sistema de pontaria nocturna ITT F7001


Jipe TOYOTA LAND CRUISER com metralhadora-pesada BROWNING M2HB de 12,7mm, dotada do sistema de pontaria nocturna ITT F7001

27/11/11

PELOTÃO DE MORTEIROS DA CAF


Secção do PELMORT da UAF em 1990, com UNIMOG 411 e morteiro TAMPELLA 120mm a reboque


Secção do PELMORT da UAF em 1985, com morteiro TAMPELLA de 120mm

         O Pelotão de Morteiros (PELMORT) é um pelotão adstrito à estrutura operacional da Companhia de Apoio de Fogos (CAF), que configura uma unidade de apoio de combate do Batalhão Ligeiro de Desembarque (BLD) do Corpo de Fuzileiros da Marinha de Guerra Portuguesa.
         O PELMORT divide-se em 02 secções, cada uma apetrechada com 08 morteiros de longo alcance:
- 04 morteiros médios ECIA L de 81mm (6 km de alcance);
- 04 morteiros pesados TAMPELLA Mk-A de 120mm rebocados (6,5 km de alcance).


Guarnição de Fuzileiros de morteiro TAMPELLA 120mm (Foto: Corpo de Fuzileiros)

         O PELMORT dispõe ainda de 02 Postos de Controlo de Tiro, cada um equipado com uma viatura ligeira todo-o-terreno com sistemas de controlo da sua secção, cuja função é manter a ligação com os observadores avançados e o Centro Coordenador de Apoio de Fogos, de modo a efectuar barragens de fogo curvo planeado, atender pedidos de apoio de fogo com vários tipos de calibre e projécteis, lançar cortinas de fumo, destruir abrigos fortificados, neutralizar pequenas concentrações de tropas e anotar os resultados dessas acções.


UNIMOG 1300 com morteiro TAMPELLA 120mm a reboque e morteiro ECIA de 81mm

         O PELMORT é responsável por fornecer apoio de fogo indirecto de armas pesadas à evolução de acções ofensivas e defensivas do BLD, utilizando para o efeito observadores avançados para orientar a precisão do fogo, mesmo quando ainda é possível dispor do apoio de fogo de unidades navais ao largo da costa.




















Observador Avançado a orientar a precisão do fogo


Guarnição de Fuzileiros de morteiro ECIA de 81mm

         Os morteiros são um sistema de armas colectivo de fácil emprego e manobra, que em certos tipos de terreno e circunstâncias tácticas facultam uma maior vantagem e eficácia operacional sobre forças opositoras, as suas guarnições de Fuzileiros estão treinados para efectuar salvas de tiro com rapidez em bases de fogos e retirar da posição imediatamente de modo a minimizar os efeitos do fogo de contra-bateria.


Guarnição de Fuzileiros de morteiro ECIA de 81mm em trânsito entre bases de fogo

05/10/11

FANFARRA DA ARMADA

“Atroando os ares com o rufos dos tambores e toques de clarim, a Fanfarra faz tremer as pedras da calçada e vibrar os vidros das janelas,
aí vem a nossa Marinha!”
 
Clarim com galhardete

          Em Agosto de 1740, segundo algumas fontes históricas já existia um conjunto musical no Regimento da Armada Real, aquartelados no Castelo de S. Jorge que interpretavam uma música marcial intitulada “Charamela” durante desfiles à frente das forças apeadas.
          Em 1793, documentos sobre a Armada Real referem que esta disponha de uma Charanga com 09 elementos que tocava as suas músicas à frente do 1.º Regimento de Infantaria de Desembarque.
          Em 27 de Novembro de 1807, aquando da 1.º Invasão das tropas francesas de Napoleão, comandadas pelo General Junot, a Brigada Real da Marinha garantiu a segurança pessoal do Príncipe Regente D. João VI, respectiva família real, membros da corte portuguesa e funcionários do Estado, num total de 15.000 pessoas, na retirada estratégica para Brasil, embarcando no Porto de Belém numa Esquadra composta por 57 navios, protegida por naus britânicas.
          Nesta viagem a Charanga acompanhou a Família Real na sua viagem para o Brasil e à excepção de 02 elementos que regressaram a Portugal em 1821, os restantes foram integrados na Armada Brasileira, após Declaração de Independência pelo Imperador D. Pedro I.
          A 07 de Janeiro de 1837 é publicado o Decreto que cria o "Batalhão Naval", corpo militar com luxuosos uniformes desenhados por D. Fernando II (marido da Rainha D. Maria II), unidade militar que desfilava em passo oblíquo à maneira inglesa e que recebia o maior soldo entre todas as unidades militares nacionais existentes.
Como unidade militar, o "Batalhão Naval" foi dotado em 1840 de:
• uma Charanga Marcial:
- 01 Timbalão;
- 10 caixas;
- 05 pífaros;
- 08 cornetas de chave;
- 05 clarins contraltos;
- 05 clarins sopranos;
- 05 baixões.
• uma Fanfarra:
- 01 Tambor-mor;
- 01 timbalão;
- 10 caixas de guerra;
- 05 clarins contraltos.


Charanga do Batalhão Naval da Armada Real (imagem cedida pela Revista da Armada)


Tambor-mor Jerómino Girão da Fanfarra do Batalhão Naval da Armada Real (imagem cedida pela Revista da Armada)

          Todos os executantes exibiam uniformes coloridos e exista ainda um Tambor-mor, este último à frente da formação, apetrechado com Bastão-Compasso.
          Ambas unidades musicais eram dirigidas pelo Maestro alemão Mark Holzel, oriundo de um Regimento Prussiano, que deslocou-se para Portugal a pedido de D. Fernando II, que adoptando conceitos prussianos introduziu novos instrumentos musicais, destacando-se um parecido com a actual lira.
          Em 22 de Outubro de 1851, por Decreto Régio o “Batalhão Naval” é extinto (incluindo o seu Tambor-mor), a sua guarnição de 1.200 Praças é dissolvida e distribuída pelo Exército e diversas classes da Armada, originando o “Corpo de Marinheiros Militares”.
          A própria Charanga Marcial é reduzida a 08 músicos e designada de «Charanga de Marinheiros», composta unicamente por instrumentos de bocal e percussão, não obstante em 3 de Abril de 1903 foram os primeiros a gravar um disco fonográfico em Portugal, nas instalações do Quartel do Corpo de Marinheiros.

          Em 1918, o Ministro da Marinha (Oficial Superior da Marinha de Guerra Portuguesa) decidiu substituir as Cornetas por Clarins, posteriormente ordenou a constituição de grupos de executantes com clarins de vários tons em vez de um só, passando a ser constituída por Clarins Sopranos, Contraltos, Baixos, cornetins, caixas de guerra e por um tambor de metal, como armamento os clarins eram munidos somente de Sabres.


Charanga de Marinheiros (imagem cedida pela Revista da Armada)

          Observando o disposto no livro "Corpo de Marinheiros da Armada" (compilação histórica que versa sobre o 1.º Centenário desta unidade: 1851- 1951), pelo ano 1937 do século passado, a Fanfarra foi recriada e organizada pelo Comandante Forteé Rebelo, por sugestão de clarins existentes na época, quase todos oriundos do ano de recrutamento 1930, em 1950 é novamente reorganizada pelo Comandante Flaseschen de Mendonça.


Fanfarra da Armada em 1952 (imagem cedida pela Revista da Armada)

          Nesta unidade usava-se antigamente uma corneta de cobre (bugle), sendo que as Praças da Marinha que a tocavam eram designados por Corneteiros-tambores, por tocarem também Tambor (Caixa de Guerra), quando eram considerados pelos seus camaradas bons executantes, as guarnições de unidades de Fuzileiros e das unidades navais, ofereciam-lhe uma Requinta de prata.
          Em 1968, a Portaria n.º 234 35 de 15 de Julho cria a classe de Mestre-clarins (Q) para Sargentos e Cabos e a classe de Fuzileiros-clarins (FZQ) que substituí a classe Marinheiros-clarins (na época com 73 elementos), sendo reduzido o respectivo curso de formação técnica e teórica de 09 para 03 meses de duração.


Fanfarra da Armada em 1970 durante o Juramento de bandeira na Escola Naval (imagem cedida pela Revista da Armada)

          Em 1978 o Timbalão-mor é substituído por um Tambor-mor (FZQ), que utilizou o Bastão-Compasso do antigo Batalhão Naval, cedido pelo Museu da Marinha e posteriormente uma réplica, sendo integrado na Banda da Armada aquando de cerimónias de carácter militar, participando no mesmo ano no 1.º Festival de Bandas Militares no Restelo.


Tambor-mor com Bastão-Compasso à frente da Fanfarra da Armada em Paris / França (imagem cedida pela Revista da Armada)


Tambor-mor com Bastão-Compasso à frente da Fanfarra da Armada (imagem cedida pela Revista da Armada)

          Actualmente à frente da formação da Fanfarra da Armada segue o Timbalão-mor, envergando por vezes uma pele de leopardo sobre a farda, em formato de avental, como outrora foi usado no século passado.


Timbalão-mor envergando uma pele de leopardo sobre a farda em 1968 (Foto cedida por António Moleiro)


Timbalão-mor envergando uma pele de leopardo sobre a farda em 2011, durante a Nossa Senhora da escada - Lisboa (Foto cedida por 1SAR FZ Dinis Correia / Fanfarra da Armada)

          A Fanfarra já não é dotada de um elemento Tambor-Mor equipado com o Bastão-Compasso, em virtude da falta de recursos humanos suficientes na unidade para o efeito, não obstante está previsto a sua reactivação a curto espaço de tempo.
          No que concerne à estrutura organizacional, a Fanfarra tem uma lotação aprovada de 29 elementos, sendo 04 da categoria de Sargentos e 25 da categoria Praças.


Fanfarra da Armada (Foto de Bruno Martins, cedida por Macedo Pimentel)

          A Fanfarra da Armada é actualmente chefiada por um SMOR ou SCH da classe de músicos, designado por “Mestre da Fanfarra”, coadjuvado por 03 Sargentos da classe de Fuzileiros com o curso de Requinta e Chefe de Terno.
Compreende as seguintes funções e número de elementos por instrumento:
- 01 Timbalão-Mor;
- 02 Timbalões pequenos;
- 02/04 Caixas de Guerra;
- 01 Pratos;
- 13/15 Clarins Sopranos (1.ª voz e 2.ª voz);
- 02 Clarins Contraltos;
- 02 Clarins Contrabaixos.


Fanfarra da Armada sob o comando de um SMOR da classe de músicos (Foto cedida por 1SAR FZ Dinis Correia / Fanfarra da Armada)

          Presentemente nem todos efectivos da Fanfarra são FZQ’s, existe neste momento um Cabo M (manobra) e um Cabo AP (artilheiro), em virtude da formação em Clarins ministrada por elementos da Banda da Armada ter sido aberta em 2006 a outras especialidades existentes na Marinha Portuguesa.
          A Fanfarra da Armada desde da sua fundação é uma unidade independente da Banda da Armada, distinguindo-se em termos técnicos e na formação dos seus elementos, hoje em dia encontra-se na dependência directa do Comando do Corpo de Fuzileiros e adstrita à Base de Fuzileiros.
          É da competência da Fanfarra da Armada providenciar entre 03 a 06 Requintas e Chefes de Terno para satisfazer todo o cerimonial militar a cargo da Marinha Portuguesa.


Fanfarra da Armada no Dia do Fuzileiro 2011 (Foto cedida por SAJ Afonso Brandão / FZE e Mergulhador-Sapador)

          Tem capacidade para actuar com a totalidade dos seus efectivos ou dividida em pequenos grupos, denominados “Ternos de Clarins”, compreendendo de 03 a 09 elementos.
          Participa integrando a Banda da Armada ou actuando isoladamente em representação dos Fuzileiros e da Marinha Portuguesa em diversas formalidades de cerimónias e eventos, quer de natureza religiosa, civil ou militar, a título de exemplo:
-Procissões religiosas;
- Juramento de bandeira na Escola de Fuzileiros;
- Juramento de bandeira na Escola Naval;
- Imposição de Boinas a novos Fuzileiros;
- Guarda de Honra;
- Desfiles Militares;
- Pequenos concertos;
- Festas populares;
- Actividades marítimas;
- A convite de Associações de Marinheiros.


Fanfarra da Armada em Newark / New Jersey / EUA (imagem cedida pela Revista da Armada)

19/09/11

EFEMÉRIDADES NOS FUZILEIROS PÓS 25 DE ABRIL DE 1974


Equipa de Fuzileiros

          Em Junho de 1974, o Serviço de Polícia Naval foi confiado a título permanente aos Fuzileiros, sendo atribuído a competência de tal exercício ao Pelotão de Fuzileiros n.º 16, mais tarde por necessidades operacionais fundiu-se com o DFE n.º 5, originando uma Companhia com 140 efectivos.
          Entre 21 de Outubro de 1974 e 21 de Fevereiro de 1975, decorre o 34.º e último curso de Fuzileiros Especiais, posteriormente ainda iniciou-se um novo curso, mas não foi concluído face à especialidade ter sido suspensa.

          Com a necessidade de centralizar a estrutura organizacional do Corpo de Fuzileiros, é criado um órgão de implantação territorial administrativo autónomo, o CCF - Comando do Corpo de Fuzileiros (criado pelo Decreto n.º 275/74 de 24 de Junho), ao qual incumbe garantir o apoio logístico e administrativo, promover a preparação, treino e o aprontamento permanente de toda a Força [Decreto Regulamentar nº 29/94 de 1 de Setembro], sob o comando de um Oficial-General.
          Na sua dependência, actualmente encontra-se a EF - Escola de Fuzileiros (unidade de instrução e formação técnico-militar, física, moral e cultural criada pela Portaria nº 18 509 de 03 de Junho de 1961), a BF - Base de Fuzileiros (unidade com a missão de apoiar com os seus serviços técnicos e logísticos o CCF e todas as forças de Fuzileiros), a Fanfarra da Armada e outras unidades da Armada que lhe sejam atribuídas pelo Almirante CEMA.



Edifício de Comando da Escola de Fuzileiros (Foto cedida por Macedo Pimentel)

          Observando o disposto na Portaria n.º 258/75 de 16 de Abril é criado os Batalhões de Fuzileiros n.º 1, 2, 3 e 4, com o desiderato de estruturar em Batalhões as Companhias de Fuzileiros existentes e obter uma melhor organização administrativa e operacional, a 01 de Novembro de 1979 o BF n.º 1 passou a Batalhão de Polícia Naval, entretanto como o BF n. 4 como nunca foi activado, é extinto em 1977 e os BF n.º 2 e 3 mantém-se como unidades de manobra.


Elemento da Polícia Naval (Foto cedida por Macedo Pimentel)


          Findo as operações do "conflito do Ultramar" em Novembro de 1975 e face a redefinição dos princípios estratégicos devido à descolonização de África e ao início do advento da Guerra Fria, ordens de razão que originaram uma profunda modificação política e consequentes alterações ao ambiente da ordem internacional, o curso de Fuzileiro adaptou-se aos novos potenciais cenários de intervenção, focalizando a táctica terrestre com ataque coordenado e apoio de fogo, assim como o desembarque anfíbio em costa aberta sem grande oposição frontal, recorrendo as zonas de menor espera por parte do inimigo.


Desembarque de Fuzileiros em costa aberta

          A 26 de Abril de 1976, inicia-se o 1.º CFORN FZ - Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval Fuzileiro realizado na Escola de Fuzileiros, correspondendo ao 26.º CFORN e anteriormente ministrado pela Escola Naval.


Foto de diversos Oficiais Fuzileiros oriundos da Reserva Naval

          A 25 de Fevereiro de 1977 é extinto o curso de Fuzileiro Especial e por inerência os DFE's, transitando as respectivas condecorações concedidas às unidades para a Força de Fuzileiros do Continente a 03 de Novembro de 1978.
          Em Junho de 1997, com a extinção e respectivo encerramento da Escola de Alunos Marinheiros em Vila Franca de Xira, toda a recruta básica ministrada às Praças da Marinha Portuguesa, passa a ser leccionada na Escola de Fuzileiros.


Demonstração de capacidades

          Ainda em 1977 (15 de Abril) é concluída a construção do edifício do CCF e é implementado o Curso Técnico Complementar, permitindo aos cidadãos masculinos após terminar o SMO por opção nos Fuzileiros (2 anos de duração), a possibilidade de ingressar no Quadro Permanente da unidade.
          A 31 de Julho de 1979 é inaugurada pelo então Presidente da República o Monumento aos Fuzileiros mortos em combate durante a Guerra Colonial, estando formadas em Parada todas as unidades de Fuzileiros, em 25 de Novembro do mesmo ano, preside às comemorações desta data novamente nas instalações da Escola de Fuzileiros.


Presidente da República nas comemorações do 25 de Novembro


          Ainda em Junho de 1979, dada a premência de obter uma melhor racionalização dos meios de apoio atribuídos às unidades dos Fuzileiros, são edificados na dependência do CCF, a UAF (Unidade de Apoio de Fogos), a UATT (Unidade de Apoio de Transportes Tácticos) e a UAMA (Unidade de Apoio de Meios Aquáticos) [Portaria n.º 303/79 de 28 de Junho].

          Em 1985 inicia-se na Escola de Fuzileiros, no âmbito das tarefas decorrentes de protocolos de cooperação técnico-militar bilateral a nível dos PALOP, o 1.º Curso de Fuzileiros frequentado por militares africanos, neste caso 02 Oficiais e 03 Sargentos da República da Guiné-Bissau, e em 1992 é criado o 1.º Destacamento de Fuzileiros da República da Guiné-Bissau.
          A partir do ano lectivo 1985/86 a entrada de Oficiais da classe Fuzileiro para o quadro permanente, passou a ser processado mediante ingresso como Cadete na Escola Naval, no mesmo ano em Fevereiro de 1986 o distintivo da "Boina de Fuzileiro" é substituído e a 30 de Junho de 1986 é inaugurada a "Sala-Museu dos Fuzileiro".

          Com o advento da entrada em vigor da LOMAR - Lei Orgânica da Marinha [Decreto-Lei nº 49/93 de 26 de Fevereiro] e sua regulamentação subsequente, o Comandante do Corpo de Fuzileiros encontra-se na dependência directa do Vice-Almirante Comandante Naval.
          No ano de 1994, face à reestruturação de que tem sido objecto a actividade dos Fuzileiros, é adoptado um novo regulamento [Decreto Regulamentar n.º 29/94 de 1 de Setembro], transitando as incumbências de organização e adestramento para o Comando do Corpo de Fuzileiros, após a extinção da Força de Fuzileiros do Continente.
          Com o Conceito Estratégico Militar de 1994, a doutrina operacional e estratégica da unidade foi redefinida devido ao fim do conflito colonial em África, muito focalizada para o combate de contra-guerrilha e ao fim da Guerra Fria, factos que originou uma profunda modificação na política nacional e consequentes alterações ao ambiente da ordem internacional, ambas determinantes na reformulação dos objectivos estratégicos do Corpo de Fuzileiros, nomeadamente no que tange à capacidade de responder a:
- Ameaças isoladas, convencionais ou assimétricas;
- Condução de operações anfíbias;
- Missões de manutenção e de imposição da paz;
- Protecção e/ou evacuação de cidadãos nacionais residentes no estrangeiro.


Companhia de Instrução da Escola de Fuzileiros

          Assim, tendo em conta as directivas fixadas às Forças Armadas relativas à reestruturação, redimensionamento e reequipamento em 15 de Outubro de 1990, atendendo ao Despacho CEMA n.º 49/90 de 17 de Julho, foi desactivado o BF n.º 3 e o BF n.º 1 deixou de exercer as funções de Batalhão de Polícia Naval, passando novamente a unidade de manobra.

21/07/11

ANUÁRIO DA RESERVA NAVAL 1976-1992



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Edição já disponível no Secretariado da Associação:



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Telefone: 21 362 68 40 – Horário das 15 às 20H
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maria.antonieta@reservanaval.pt

19/06/11

2.º ANIVERSÁRIO DO BLOG BARCO À VISTA

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13/06/11

OS PRIMEIROS CURSOS DE FUZILEIROS

(ACTUALIZADO)

Desfile em Ordem Unida do 1.º Curso de Fuzileiros Especiais no Corpo de Marinheiros da Armada (imagem do livro "Fuzileiros - Factos efeitos na Guerra de África" do Cte. FZE Sanches Baêna)

          O 1.º Curso de Fuzileiros Especiais realizou-se a 5 de Junho de 1961 e teve a duração de 15 semanas, sendo dividido em duas fases, a 1.ª na data supracitada frequentada por 36 Praças e a 2.ª a 14 de Agosto do mesmo ano frequentada por 42 Praças, participando também 5 Oficiais Subalternos da classe de Marinha (três 1.º Tenentes e dois 2.º Tenentes) e 1 Oficial Subalterno da classe de Administração Naval (2.º Tenente).
          A título de curiosidade é de salientar que antes da realização do curso, procedeu-se à montagem apressada de tendas colectivas de campanha cedidas pelo Exército, no campo de futebol para alojar os instruendos e a construção e disposição no terreno dos obstáculos e pistas de treino nas instalações do Corpo de Marinheiros da Armada, efectuados pelos próprios instruendos e sob supervisão dos 4 instrutores que lhes ministraram o curso e anteriormente frequentaram o curso de especialização "Royal Marines Commandos" no Reino Unido.
          Em 10 de Novembro de 1961, após concluir a instrução e formação em Portugal, parte para Angola a bordo de um avião Douglas DC6 da FAP, a 1.ª unidade de Fuzileiros, o DFE n.º 1 [Portaria n.º 18 774 de 13 de Outubro de 1961], composta por 04 Oficiais, 04 Sargentos, 19 Marinheiros e 59 Grumetes, todos elementos oriundos do 1.º Curso de Fuzileiro Especial, iniciando a sua comissão de serviço no âmbito das operações de reocupação militar do Norte de Angola.
          A 31 de Maio de 1962 desembarca em Luanda - Angola a Companhia de Fuzileiros Navais n.º 1, composta por 07 Oficiais, 09 Sargentos, 9 Cabos, 12 Marinheiros e 106 Grumetes.


1º Pelotão Companhia de Fuzileiros Navais n.º 1 de partida para Angola

          Para além dos livros e manuais supracitados no artigo sobre a
"FORMAÇÃO EM "ROYAL MARINES COMMANDOS" NO REINO UNIDO", a instrução do 1º Curso de Fuzileiros Especiais e seguintes foi também baseada em livros e manuais de carácter militar de origem nacional:
- Disciplina de Infantaria da Escola Naval;
- Manuais do Exército de Guerra Subversiva ("Operações contra Bandos armados e Guerrilha, Acção Psicológica, Apoio às Autoridades Civis e Administração e Logística");
- Regulamento para a Instrução de Sapadores de Armas;
- Livro "Guerra Revolucionária" do Tcor Hermes de Oliveira.
          Em fins de Julho de 1961, por despacho do então Almirante Sub-CEMA Reboredo e Silva, o 1.º Tenente da classe de Marinha Maxfredo da Costa Campos (CMG REF), anteriormente destacado na Escola Naval como Professor, leccionando a disciplina de Infantaria e mentor da 1.ª Pista de Combate da Escola Naval denominada pelos Cadetes de "Maxlândia", é destacado para desempenhar as funções de 1.º Comandante do Batalhão de Instrução do Curso de Fuzileiro, ao mesmo tempo que frequenta o curso, na qualidade de Oficial - aluno e proceder à procura de um local para a implantação da futura Escola de Fuzileiros.



1.ª Pista de Obstáculos e de Combate da Escola Naval "Maxlândia" (imagem cedida pelo Cte. Maxfredo da Costa Campos)

          A Escola de Fuzileiros seria criada pela Portaria n.º 18 509 de 3 de Junho de 1961, nas Instalações Navais de Vale do Zebro e subordinada ao G2EA, tratando-se da unidade responsável pela instrução e formação técnico-militar, física, moral e cultural de Fuzileiros Navais e Fuzileiros Especiais.

          Parte significativa do equipamento utilizado na instrução dos primeiros Cursos de Fuzileiros Especiais provinha de várias origens:
- Botes pneumáticos da marca ZODIAC adquiridos à África do Sul, posteriormente substituídos por botes da marca AERAZUR de fabrico francês e por último, por razões de Política Internacional, pelo modelo ZEBRO, nas suas versões I, II e III fabricados pela empresa portuguesa de artigos de praia REPIMPA, que reunia as melhores características dos modelos anteriores (casco do ZODIAC e painel de popa do AERAZUR) a pedido do Cte. Maxfredo da Costa Campos;
- Espingardas automáticas ARMALITE AR-10 de 7,62mm adquiridas directamente ao representante do fabricante holândes, posteriormente cedidas às Tropas Pára-quedistas, que adquiriram a mesma arma, mas em lotes de maior quantidade, em troca das primeiras espingardas HK G3 A1 m/961 com coronha e guarda-mão em madeira de fabrico nacional (Fábrica de Braço de Prata).



Espingarda automática ARMALITE AR-10 de 7,62mm

Espingarda automática HK G3 A1 m/961

-Pistolas-metralhadoras FBP de 9mm e espingardas de repetição MAUSER 98K de 7,92mm, facultadas pela Escotaria do Corpo de Marinheiros para instrução e exercícios;
- Lança-chamas MARAÑOZA, LGF INSTALAZA 58-B "BAZOOKA" de 88,9mm e morteiros médios ECIA 81mm adquiridos a um vendedor civil (Sr. José Zoio);
- Granadas de mão, pistolas WALTHER P-38 de 9mm, metralhadoras-ligeiras MG-13 DREYSE de 7,92mm, morteiros ligeiros M2M/52 de 60mm, jipes DODGE (Jipão), camionetas Scania e camiões GMC 6x6 cedidos pelo Serviço de Material do Exército;
- 2 Jipes WILLY's (posteriormente substituídos por LAND ROVER) adquiridos a um stand de automóveis Todo-o-Terreno (Sr. Santos) sito na Avenida da Liberdade.


          Quanto aos locais para treino, para além das próprias instalações do Corpo de Marinheiros, foram utilizados a Quinta do Antelmo para exercícios de destreza (Pista de Combate), a vasta área de mata da Base Naval do Alfeite para exercícios tácticos, a Serra da Arrábida para exercícios de campo (Escaladas, Rappel, Orientação, Golpes de mão, Corridas de Fundo, Progressões Nocturnas), Portinho da Arrábida (Natação Nocturna), Pedra da Anicha (Passagem Interior), zona das Matas de Palmela e Rios Tejo e Sado.


Exercícios do 1.º Curso de Fuzileiros Especiais no Corpo de Marinheiros da Armada (imagem do livro "Fuzileiros - Factos efeitos na Guerra de África" do Cte. FZE Sanches Baêna)

          A formação ministrado aos instruendos foi evoluindo ao longo dos primeiros Cursos de Fuzileiros, consistindo em aulas teóricas e práticas entendidas necessárias à preparação física, consciência psicológica e força anímica:
- Infantaria de combate;
- Marinharia;
- Preparação física e militar;
- Combate corpo-a-corpo;
- Higiene e primeiros-socorros;
- Comunicações;
- Condução de meios terrestres e aquáticas;
- Sobrevivência na selva;
- Judo e boxe;
- Natação utilitária;
- Orientação;
- Táctica e estratégia;
- Armamento;
- Tiro e manejo de explosivos.
          A partir de Junho de 1964, após a frequência de um Curso de Minas e Armadilhas na Escola Prática de Engenharia do Exército pelo Cte. Maxfredo da Costa Campos, alguns Fuzileiros começaram a receber instrução em técnicas de inactivação e minas e armadilhas.
          Indiscutível e reconhecido por todas as gerações de Fuzileiros são os valores superiores que sempre nortearam a formação moral e ético-profissional ministrada:
- o espírito de Fuzileiro;
- a camaradagem;
- o cumprimento da missão ao serviço da Nação.



Instruendos do 1.º Curso de Fuzileiros Especiais com a espingarda automática ARMALITE AR-10 de 7,62mm (imagem do livro "Fuzileiros - Factos efeitos na Guerra de África" do Cte. FZE Sanches Baêna)

          Observando o disposto no Decreto-lei 43 515 de 24 de Fevereiro de 1961, em Agosto de 1961 é implementado um regulamento [Portaria 18 659 de 12 de Agosto de 1961], no qual é instituída nos quadros da Armada uma nova classe de Sargentos e Praças, a dos Fuzileiros Navais, permitindo aos militares destas categorias o ingresso na classe de Fuzileiro mediante a frequência do curso de Fuzileiro com a duração de 17 semanas ou um curso de conversão, tendo por especializações a de Monitor (FZM) e de Fuzileiro Especial (FZE) [Portaria 18 314 de 13 de Janeiro de 1961].
          Atendendo à dupla necessidade de facilitar o acesso à especialização de "Fuzileiro Especial" e utilizar os recursos humanos existentes no seio dos quadros da Marinha de Guerra Portuguesa, pela Proposta n.º 93 de 26 de Maio de 1961 do então Almirante CEMA, é permitido atribuir esta especialização a outras classes da Marinha, mediante a frequência do respectivo curso.
          Não obstante, no mesmo ano é criada a especialização de Fuzileiro Especial como formação complementar da Escola Naval, sendo nomeados para frequência do respectivo curso muitos Oficiais subalternos da classe de Marinha, com a finalidade de servir a posteriori como Comandante ou Imediato de um DFE ou CF [Portaria 18 525 de 14 de Junho de 1961].