28/10/16

NAVIO DE APOIO LOGÍSTICO “SÃO MIGUEL” / 3.ª PARTE

A 2.ª GUARNIÇÃO DO NAVIO

1988:

          A 04 de Abril de 1988, realiza-se a bordo do navio, atracado na Doca da Marinha, a Rendição de Comando presidida pelo então Vice-Almirante Comandante Naval do Continente.

Rendição de Comando do "São Miguel" (Foto cedida por Cte. Brito Subtil).

          Tal como muitas Unidades Navais o navio possuía uma mascote, no caso um cão arraçado de “Setter irlandês” e de nome “Tridente” que, com menos de 04 meses destacou para o navio com a sua 2.ª guarnição, levado pelo seu Comandante e recebendo o posto de “Grumete honorário”.

O "Tridente" na Ponte de Comando e em exercício de Postos de Abandono do navio (Fotos cedidas por Cte. Brito Subtil).

          De salientar que a Reserva Naval também contribuiu com Oficiais do Curso de Formação de Oficiais Reserva Naval, para a 2.ª e 3.ª guarnição do navio, destacando Oficiais Subalternos (Aspirantes) da classe de Marinha, respectivamente do 59.º CFORN de 1988 (2.ª guarnição) e do 64.º CFORN de 1990 (3.ª guarnição).
          A 30 de Junho de 1988, transportou 140 jovens e as suas 110 embarcações entre Funchal e Porto Santo, durante as regatas comemorativas do Dia da Marinha realizadas em Porto Santo.

O "São Miguel" com os 140 jovens e 110 embarcações a bordo (Foto cedida por Luís Miguel Correia).

          Durante os dias 02 e 14 de Junho de 1988, participou no Exercício nacional “ALBATROZ 88”, efectuando um trânsito para a Madeira juntamente com a Força Naval e uma Operação Anfíbia na Ilha de Porto Santo, com participação de Fuzileiros com os seus LARC’s embarcados e de meios aéreos da FAP.
          Entre 25 de Junho e 06 de Julho de 1988, executou uma missão logística à Madeira, por forma apoiar a GNR e a Banda da Armada, dado serem participantes no Tatoo Militar a realizar no Funchal, colaborou ainda em actividades do Dia da Marinha no Porto Santo.
          Durante a sua estadia no Arquipélago da Madeira desembarcou na Ilha Deserta Grande 02 viaturas anfíbias LARC-5 dos Fuzileiros e por estes guarnecidas, com o objectivo de descarregar uma casa pré-fabricada para utilização dos Guardas do Parque Reserva Natural.

LARC-5 dos Fuzileiros na Ilha Deserta Grande com o "São Miguel" ao largo (Foto cedida por Revista da Armada).

          Entre 25 de Julho e 20 de Agosto de 1988, realiza uma Missão Logística à Madeira, Açores e novo regresso à Madeira, apoiando FA’s transportando carga em contentores, viaturas e pessoal militar, escalando Funchal, Ponte Delgada, Horta e Praia da Vitória.
          Entre os dias 23 de Setembro e 01 de Outubro de 1988, realizou o lançamento ao mar de 3.200 bombas fora do prazo de validade num total de 500 toneladas da FAP.
          Em Dezembro de 1988, efectuou uma missão logística à Região Autónoma da Madeira e dos Açores, transportando 800 toneladas de material dos 3 ramos das FA's inclusivo 27 contentores, 16 viaturas pesadas e 26 médias.

1989:

          Entre finais de 1988 e 26 de Junho de 1989, o navio esteve em Docagem e Revisão Intermédia, na doca de Rocha de Conde d’ Óbidos, do dia 26 e 29 de Junho de 1989, no âmbito do seu regresso ao serviço, realiza um PTB com a Corveta “João Coutinho” e o Navio-Balizador “Schultlz Xavier”.

"São Miguel" doca de Rocha de Conde d’ Óbidos.

          No período compreendido entre 06 de 31 de Julho de 1989, efectuou 04 operações de lançamento ao mar de munições degradadas do Exército Português, num total de 4.000 toneladas.
          Entre 23 e 30 de Setembro de 1989, participou às ordens do Comando Naval da Madeira no exercício conjunto "ZARCO 89", procedendo ao transporte de pessoal, viaturas e material do Exército Português entre Funchal - Porto Santo - Funchal.
          Entre 04 de Setembro e 04 de Outubro de 1989, efectuou uma missão logística às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, escalando Funchal / Porto Santo / Horta / Praia da Vitória e Ponta Delgada, transportando na ida 4.370m3 toneladas de material dos 3 ramos das FA's (72 viaturas, 83 contentores e 118 pequenos volumes), no regresso ao continente transportou 01 lancha da Marinha Portuguesa e 03 aviões caça-bombardeiro ligeiro de ataque ao solo FIAT G-91 da FAP.

FIAT G-91 da FAP a bordo do "São Miguel" (Foto cedida por Cte. Brito Subtil).

          Entre os dias 11 e 12 de Outubro de 1989, o navio atraca no Cais Naval do Ponto de Apoio Naval de Tróia (PANTROIA), onde por iniciativa do Comando do navio embarca a bordo poitas de cimento de 150 toneladas, o que permite ajudar a resolver um dos principais problemas do navio, estabilidade quando navega vazio e passar a dispor de lastro fixo.
          A 21 de Outubro de 1989, desloca-se até Norfolk - EUA com o desiderato de realizar uma missão logística para o Exército Português (que custeou a operação) efectuando o transporte de 420 toneladas de material, constituído por:
- 36 Camiões tractores M-818;

Camiões tractores M-818 desembarcado do "São Miguel" na Base Naval do Alfeite (Foto cedida por Cte. Brito Subtil).

- 05 Viaturas blindadas ligeiras de lagartas M-106 A1 porta-morteiro;
- 01 Viatura blindada ligeira sobre rodas de reconhecimento CADILLAC GAGE V-150 S COMANDO 4x4;

Camiões M-818, blindado V-150 e blindado M-106 a bordo do "São Miguel" durante a estiva em Norfolk - EUA (Foto cedida por Cte. BritoSubtil).

- 161 Caixotes de carga geral (20 toneladas do Exército Português e 01 tonelada da Marinha Portuguesa.
          As 42 viaturas pesadas foram oferecidas, sendo que toda a carga veio estivada nos porões, ficando sobrante apenas 1/6 do espaço, o navio regressou a Portugal a 20 de Novembro do mesmo ano, tendo navegado 7.200 milhas.

1990:

          Entre os dias 03 e 05 de Janeiro de 1990, participa no exercício anfíbio dos Fuzileiros ”ALFA”, transportando-os para a área de exercício.

COMBATE À POLUIÇÃO EM PORTO SANTO:

          Entre 20 de Janeiro e 12 de Abril de 1990, após ter sido detectado uma “Maré Negra” por um avião C-212 AVIOCAR da FAP em missão de patrulha marítima, o “São Miguel” transportou material de combate à poluição para as acções de limpeza das costas Norte, Nordeste e Leste da Ilha de Porto Santo, devido à “Maré Negra” provocada pelo derrame de 25.000 toneladas de crude a 30 de Dezembro de 1989, na sequência de um rombo na proa do Petroleiro espanhol “Aragón”, proveniente das Ilhas Canárias.
          Procedeu ao transporte de crude recolhido em bidons para o Funchal e ao transporte de equipamento especial nacional e recebido da Suécia, entre o Porto de Leixões e Porto Santo.

O "São Miguel" atracado por estibordo em Porto Santo, durante a missão de apoio ao combate à poluição (Foto cedida por Cte. BritoSubtil).

          Pelo mesmo período transportou e desembarcou material para se efectuar à reconstrução da Casa do Parque Natural da Ilha Selvagem Grande, que fora destruída por acção do mar.

          Entre 14 e 18 de Maio de 1990, procede ao lançamento ao mar de munições da FAP (350 toneladas) e da Marinha Portuguesa (50 toneladas).

27/10/16

LEITURAS À VISTA - 09

          Continuando com  a resenha “LEITURA À VISTA”, para a 9.ª edição, recomendo o livro: "Kinda e outras histórias de uma guerra esquecida", da Editora Caminhos Romanos.

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22/10/16

LEITURAS À VISTA - 08

          Retomando a resenha “LEITURA À VISTA”, no seu caso a 8.ª, recomendo o livro: "Duas Naus, um Cruzador ... e duas Fragatas", edição da Revista de Marinha.




          Como o próprio nome indica, é um livro que versa sobre o nome do Navegador Vasco da Gama nos navios da Marinha de Guerra Portuguesa ao longo dos tempos:
- O capítulo correspondente às duas Naus e ao Cruzador couraçado, trata-se de uma reedição do livro de Maurício de Oliveira;
- O capítulo relativo à primeira Fragata (F478) da classe britânica "BAY" que serviu durante o guerra colonial (1961 a 1971) ficou a cargo do Valm. Ferreira Barbosa;
- Por último sobre a Fragata que actual ostenta o nome (F330), da designada classe "Meko 200" que já possui 25 anos de serviço, contou com a contribuição de todos os Oficiais que exerceram o seu Comando e do seu actual Cte.
          A coordenação da obra e projecto editorial foi responsabilidade do Cte. Themes de Oliveira, dispõe ainda de uma nota biográfica do autor  inicial da obra Mauricio de Oliveira elaborada por Luís Miguel Correia.

          "A aquisição pelo Governo Português das três fragatas tipo MEKO 200 da classe VASCO DA GAMA, construídas na Alemanha e entregues no decurso do ano de 1991, trouxe significativas e acrescidas capacidades à Marinha de Guerra. Eram três excelentes navios, bem armados e equipados, ao nível das melhores unidades do seu tipo então existentes nas Marinhas Aliadas da NATO. 
          Estas unidades foram responsáveis pela introdução entre nós dos mísseis HARPOON e SEA SPARROW, dos decoys SRBOC e do sistema anti-míssil (CIWS) PHALANX, do helicóptero orgânico, de um sistema de combate computorizado, da transmissão de dados operacionais por link 11, de modernos equipamentos de comunicações e de um SICC (fornecido pela firma portuguesa EID), das turbinas a gás e de novos sistemas de limitação de avarias. 
          Mas não só... com efeito, trouxeram também, a par de novos desafios e de uma enorme motivação, a capacidade de comando de uma força naval, a organização interna por departamentos, introduziram diferentes rotinas e horários na vida de bordo, assim como novos conceitos tacticos, um maior rigor no treino, na avaliação e certificação de procedimentos, e provocaram alterações até na alimentação.
          Foi um programa demorado, que teve lugar nas décadas de oitenta e noventa do século passado e que culminou, no ano de 1991, com a entrega da primeira fragata, o N.R.P. VASCO DA GAMA (F-330) em 18 de Janeiro, nos estaleiros Blohm & Voss, em Hamburgo, e das fragatas N.R.P.’s ALVARES CABRAL (F-331) e CORTE REAL (F-332), respectivamente, a segunda, em 24 de Maio e a terceira, em 22 de Novembro do mesmo ano, nos estaleiros HDW, em Kiel.
          No global, podemos considerar que este programa decorreu de forma muito positiva e que a Marinha integrou muito rapidamente as suas novas unidades. Na realidade, os novos conceitos,  qual “revolução silenciosa”, em pouco tempo se estenderam a todos os navios da Esquadra, às Escolas Técnicas e à Escola Naval, às Direcções Técnicas e aos Serviços de Apoio, tendo sido abandonados os resquícios da “Marinha do Ultramar” do passado.
          A Marinha de Guerra Portuguesa tornou-se numa organização moderna, dos nossos dias, tecnologicamente evoluída, eficiente e eficaz. Os bons resultados consistentemente obtidos pelos navios da classe VASCO DA GAMA na frequência do Operational Sea Training, primeiro em Portland e depois em Plymouth, no Reino Unido, foram a consequência; de assinalar mesmo, em 2004, a classificação de GOOD atingida pela CORTE REAL, a melhor classificação atribuída nesse ano por aquele centro de treino inglês, o que então encheu de orgulho a Marinha Portuguesa, mas que terá passado praticamente despercebido do grande público.
          Uma declaração de interesses: pertenci, eu próprio, em 1988/1990 ao grupo de trabalho constituido pelos futuros Comandantes e Imediatos daqueles navios, que prepararam toda a normativa de bordo, e posteriormente assumi as funções de Comandante do N.R.P. CORTE REAL, desde a sua entrega até 9 de Junho de 1994.
         O tempo passa depressa! Na verdade, foi já há vinte e cinco anos que ocorreu a entrada ao serviço dos navios da classe VASCO DA GAMA, efeméride que se comemora com diversas iniciativas ao longo do ano de 2016.
          A ENN – Editora Náutica Nacional, Lda, não podia por isso deixar de se associar com todo o gosto, a estas comemorações, com a edição de uma obra, da responsabilidade da nossa chancela “Edições Revista de Marinha”. Trata-se da reedição do livro de Maurício de Oliveira, “Duas Naus e um Cruzador ...”, relativo aos navios que outrora tiveram o nome de VASCO DA GAMA. Com a coordenação do Cte. Orlando Themes de Oliveira, acrescentou-se uma nota biográfica do autor (Mauricio de Oliveira), elaborada por Luís Miguel Correia, bem como  dois novos capítulos, relativos às fragatas que posteriormente tiveram o mesmo nome.
          O capitulo relativo à Fragata VASCO DA GAMA (1961 / 1971  -  F - 478) , de origem inglesa – a ex-MOUNTS BAY, da classe BAY, foi redigido pelo V/Alm. João Nuno Ferreira Barbosa. O capítulo relativo à  unidade que hoje ostenta aquele honroso nome foi elaborado pelo Cte. Themes de Oliveira com base nos contributos dos sucessivos Comandantes daquela unidade. Ligamos assim o passado com o presente, numa simbiose que nos parece muito feliz e que esperamos possa também agradar aos nossos leitores. Esta edição comemorativa terá como titulo “Duas Naus, um Cruzador ... e duas Fragatas”."

11/10/16

ARTE MILITAR NAVAL - 08

          Na senda dos artigos sobre o antigo Navio de Apoio Logístico NRP "São Miguel" da Marinha Portuguesa, não podia deixar de apresentar na resenha "Arte Militar Naval", o respectivo desenho manuscrito de Luís Filipe Silva.



Configuração do Navio de Apoio Logístico NRP "São Miguel"