DÉCADA DE 50
A partir dos anos 50 do século passado, a evolução política do continente africano, com despertar dos «Nacionalismos Africanos», nomeadamente com a criação de novos Estados independentes com assento na ONU, ex-colónias de países europeus e a crise originada pelo Presidente do Egipto Coronel Gamal Abdel Nasser ao nacionalizar o Canal do Suez em 1956, originaram o fomento e reorganização da Marinha Portuguesa em África.
As alterações na política de Defesa Nacional em 1959, face a percepção latente das potenciais ameaças à soberania nacional nas colónias africanas, determinou a atribuição da primeira prioridade de intervenção nos mesmos territórios, revendo-se conceitos de estratégia e táctica adoptados até à data.
Tal mutação teve consequências para a Armada, entre elas destaca-se os contactos efectuados pelo então Sub-CEMA CMG Roboredo e Silva nos inícios de 1959 a franceses e a britânicos, com o escopo de solicitar apoio à formação de um pequeno quadro de futuros Oficiais e Sargentos instrutores de Infantaria Naval.
As alterações na política de Defesa Nacional em 1959, face a percepção latente das potenciais ameaças à soberania nacional nas colónias africanas, determinou a atribuição da primeira prioridade de intervenção nos mesmos territórios, revendo-se conceitos de estratégia e táctica adoptados até à data.
Tal mutação teve consequências para a Armada, entre elas destaca-se os contactos efectuados pelo então Sub-CEMA CMG Roboredo e Silva nos inícios de 1959 a franceses e a britânicos, com o escopo de solicitar apoio à formação de um pequeno quadro de futuros Oficiais e Sargentos instrutores de Infantaria Naval.
Tal solicitação materializou-se sob a forma de pedido de proposta de treino, primeiro ao Comando da "École des Fusiliers Marins du Centre Siroco" em Cabo Matifou - Argélia, a 1.ª escolha do Sub-CEMA, cujo aprovação do pedido foi retransmitido a 3 de Fevereiro de 1959 por intermédio do Adido Militar da Embaixada de Portugal em Paris, para a ser frequentado por: um 2.º Tenente, 1 Sargento e 5 Praças, com a condição de os instruendos frequentarem um período de treino básico de 8 meses para Oficiais, mais 2 meses adicionais de especialização em "Commando Marine", e um período de treino básico de 5 meses para pessoal recrutado.
Atendendo à longa duração do treino proposto pelos franceses, no mesmo dia (3 de Fevereiro de 1959), o Sub-CEMA envia também uma proposta de treino ao Comando dos "Royal Marines" da Marinha Real Britânica (criados em 1942 durante a 2.ª Guerra Mundial), por intermédio do Adido Naval da Embaixada de Portugal em Londres, recebendo a 3 de Abril de 1959 por resposta a proposta de frequência de um curso de instrução especializada em "Comandos", com a duração de 9 semanas.
Atendendo à longa duração do treino proposto pelos franceses, no mesmo dia (3 de Fevereiro de 1959), o Sub-CEMA envia também uma proposta de treino ao Comando dos "Royal Marines" da Marinha Real Britânica (criados em 1942 durante a 2.ª Guerra Mundial), por intermédio do Adido Naval da Embaixada de Portugal em Londres, recebendo a 3 de Abril de 1959 por resposta a proposta de frequência de um curso de instrução especializada em "Comandos", com a duração de 9 semanas.
DÉCADA DE 60
Almirante Roboredo e Silva
Deste modo, após os contactos estabelecidos e a escolha pela proposta britânica, em virtude de tratar-se de um curso de menor duração e objectivos da formação, o Sub-CEMA Comodoro Roboredo e Silva com grande antevisão de potenciais problemas de soberania nas Províncias Ultramarinas, entrega uma proposta [informação n.º 29] em Janeiro de 1960 ao Almirante CEMA, para na reorganização da Marinha de Guerra Portuguesa ocorra a reconstituição de uma força destinada a operações de comandos e desembarques anfíbias - os Fuzileiros.
Em 26 de Abril de 1960, o Sub-CEMA insiste na sua proposta junto do Almirante CEMA [informação n.º 139], alegando que a reconstituição de uma força anfíbia como os Fuzileiros oferecem o maior interesse para o Ultramar e a Metrópole, além de que permitiria libertar as guarnições de unidades navais de efectuarem serviço de segurança e patrulhamento em terra ou operando como Força de Desembarque, em detrimento da capacidade operacional do Navio de Guerra a que se encontravam destacados.
Tal proposta acaba por ser aprovada sob a forma de Despacho CEMA em 20 de Abril de 1960, atendendo ao indicado na Proposta n.º 104 de 01 de Maio de 1959 pelo Estado-Maior da Armada, sugerindo a frequência de um curso de "Comandos" no estrangeiro por 1 Tenente, 1 Sargento ou 1 Cabo e 3 Praças, projecto que contou com o apoio inicial do Reino Unido.
Em 26 de Abril de 1960, o Sub-CEMA insiste na sua proposta junto do Almirante CEMA [informação n.º 139], alegando que a reconstituição de uma força anfíbia como os Fuzileiros oferecem o maior interesse para o Ultramar e a Metrópole, além de que permitiria libertar as guarnições de unidades navais de efectuarem serviço de segurança e patrulhamento em terra ou operando como Força de Desembarque, em detrimento da capacidade operacional do Navio de Guerra a que se encontravam destacados.
Tal proposta acaba por ser aprovada sob a forma de Despacho CEMA em 20 de Abril de 1960, atendendo ao indicado na Proposta n.º 104 de 01 de Maio de 1959 pelo Estado-Maior da Armada, sugerindo a frequência de um curso de "Comandos" no estrangeiro por 1 Tenente, 1 Sargento ou 1 Cabo e 3 Praças, projecto que contou com o apoio inicial do Reino Unido.
- FORMAÇÃO EM "ROYAL MARINES COMMANDOS" NO REINO UNIDO
Exercícios de campo em Lympstone (Foto cedida por Cte. Pascoal Rodrigues)
Seis meses antes de o eclodir do conflito do Ultramar no Norte de Angola (15 de Março de 1961), em 16 de Agosto de 1960, foram enviados para a Escola dos Fuzileiros da Marinha Real Britânica, no âmbito da cooperação técnico-militar, uma equipa de 4 futuros instrutores com o propósito de frequentarem a partir de 22 de Agosto, as últimas 10 semanas do curso de especialização "Royal Marines Commandos" em Lympstone - South Devon, nas instalações do "Infantry Training Centre Royal Marines":
- (1) 2º Tenente da classe de Marinha Pascoal Rodrigues (CMG REF), na época destacado num Draga-Minas;
- (3) 1.º Marinheiros da classe Monitores Santos Santinhos †, Baptista Claudino † e Ludgero Silva "Piçarra" (SAJ FZE REF), na época a ministrarem recruta e instrução na Escola de Alunos Marinheiros (GN1EA Vila Franca de Xira).
- (1) 2º Tenente da classe de Marinha Pascoal Rodrigues (CMG REF), na época destacado num Draga-Minas;
- (3) 1.º Marinheiros da classe Monitores Santos Santinhos †, Baptista Claudino † e Ludgero Silva "Piçarra" (SAJ FZE REF), na época a ministrarem recruta e instrução na Escola de Alunos Marinheiros (GN1EA Vila Franca de Xira).
Na companhia de um Instrutor inglês (foto cedida por Cte. Pascoal Rodrigues)
Estas últimas semanas corresponderam à fase de aplicação prática da teoria com os exercícios físicos finais, familiarizando-se com as respectivas técnicas e tácticas de Infantaria Naval, a posteriori no final do curso receberam a «Boina Verde» e o distintivo de "Royal Marines Commando" como símbolo de Forças de Elite.
Os 4 primeiros Fuzileiros com a Boina Verde dos "Royal Marines Comandos" (Foto original cedida por Cte. Pascoal Rodrigues)
Regressaram a Portugal em 30 de Outubro de 1960 e observando o disposto na Proposta n.º 93 de 26 de Maio de 1961 do CEMA para o Ministro da Marinha, começaram a ministrar instrução nas instalações do Corpo de Marinheiros da Armada, enquanto se procedia às obras de adaptação das instalações em Vale do Zebro.
De destacar que os 4 portugueses (únicos estrangeiros) ficaram nos 10 primeiros lugares do curso de especialização "Royal Marines Comandos" (32 instruendos ao todo), entre Oficiais, Sargentos e Praças, sendo de salientar que o 1.º Marinheiro Mário Claudino concluiu o curso em apreço e a Prova de Marcha de 60Km em 1.º lugar, inclusive à frente dos próprios ingleses, feito pelo qual foi distinguido com um louvor e medalha.
De destacar que os 4 portugueses (únicos estrangeiros) ficaram nos 10 primeiros lugares do curso de especialização "Royal Marines Comandos" (32 instruendos ao todo), entre Oficiais, Sargentos e Praças, sendo de salientar que o 1.º Marinheiro Mário Claudino concluiu o curso em apreço e a Prova de Marcha de 60Km em 1.º lugar, inclusive à frente dos próprios ingleses, feito pelo qual foi distinguido com um louvor e medalha.
Exercício em Pista de obstáculos em Lympstone (Foto cedida por Cte. Pascoal Rodrigues)
Tratou-se de um curso que focou com particular ênfase a capacidade física, a disciplina e o treino técnico para o combate ofensivo (patrulhas de combate, emboscadas e incursões), tendo a teoria sido brevemente abordada (operações anfíbias e tácticas básicas de infantaria), originando a iniciativa do Tenente Pascoal Rodrigues de a completar e desenvolver posteriormente, mediante o acompanhamento da criação dos Caçadores Especiais do Exército no CIOE de Lamego e respectivos exercícios.
Exercícios de campo em Lympstone (Foto cedida por Cte. Pascoal Rodrigues)
De realçar que também foi cedido ao Tenente Pascoal Rodrigues manuais de contra-guerrilha e guerra psicológica, por alguns Oficiais destacados no CIOE que frequentaram em 1958 e 1959, cursos de informação, contra-subversão e contra-guerrilha em centros de instrução estrangeiros (Argélia, Bélgica, Espanha, EUA, França e Inglaterra), a título de exemplo:
- Intelligence Centre of the British Army;
- Centre d'Instruction à la Pacification et à la Contre-Guérilla d'Arzew no teatro de operações francês na Argélia;
- Centro de Tropas de Choque da Córsega;
- Estágios na Défense nationale Française.
De modo a sedimentar os conhecimentos adquiridos, o Tenente Pascoal Rodrigues optou por estudar livros sobre a doutrina e experiências de países estrangeiros:
- Operações anfíbias dos Fuzileiros Norte-americanos (2ª Guerra Mundial e Coreia), cedido por Adidos Militares Navais da Embaixada Norte-americana em Lisboa;
- Manuais sobre tácticas inglesas de contra-guerrilha (Malásia), trazidos da formação em Inglaterra;
- Conceito de contra-penetração francês (Indochina e Argélia);
- Manual de Campo de Treinamento Físico Militar do Ministério da Guerra do Brasil de 1958.
- Intelligence Centre of the British Army;
- Centre d'Instruction à la Pacification et à la Contre-Guérilla d'Arzew no teatro de operações francês na Argélia;
- Centro de Tropas de Choque da Córsega;
- Estágios na Défense nationale Française.
De modo a sedimentar os conhecimentos adquiridos, o Tenente Pascoal Rodrigues optou por estudar livros sobre a doutrina e experiências de países estrangeiros:
- Operações anfíbias dos Fuzileiros Norte-americanos (2ª Guerra Mundial e Coreia), cedido por Adidos Militares Navais da Embaixada Norte-americana em Lisboa;
- Manuais sobre tácticas inglesas de contra-guerrilha (Malásia), trazidos da formação em Inglaterra;
- Conceito de contra-penetração francês (Indochina e Argélia);
- Manual de Campo de Treinamento Físico Militar do Ministério da Guerra do Brasil de 1958.
É de salientar que para a constituição orgânica das unidades de Fuzileiros (Equipa, Secção, Pelotão, Companhia, Destacamento), o Tenente Pascoal Rodrigues inspirou-se igualmente no modelo britânico e para a formação em meio aquático de botes pneumáticos no sistema ATP das publicações temáticas militares da NATO.
A título de curiosidade, o uniforme e procedimento de manejo das armas e marcha em acelerado com arma na Ordem Unida, ainda hoje implementado nos Fuzileiros, é da autoria do Tenente Pascoal Rodrigues, por adaptação dos conhecimentos do curso frequentado no Reino Unido.
A título de curiosidade, o uniforme e procedimento de manejo das armas e marcha em acelerado com arma na Ordem Unida, ainda hoje implementado nos Fuzileiros, é da autoria do Tenente Pascoal Rodrigues, por adaptação dos conhecimentos do curso frequentado no Reino Unido.