AFUNDAMENTO DO NAVIO
A 20 de Dezembro de 1993, já não dispondo de condições operacionais, desprovido de equipamento e determinado o seu desmantelamento, é abatido ao efectivo dos navios da Marinha de Guerra Portuguesa, observando o disposto numa Portaria do MDN de 12 de Janeiro de 1994, sendo substituído nas funções que desempenhava pelo actual Navio-Reabastecedor NRP “Bérrio”.
O Oficial Superior que exerceu o 2.º Comando do navio, desempenhando à data funções no Grupo n.º 2 de Escolas da Armada no Alfeite (G2EA), tratou de apetrechar a Sala de Reuniões do Comando do G2EA com a estante da Camarinha do Comandante do "São Miguel", uma vigia dessa Camarinha, mesa e cadeiras da Câmara de Oficiais, Escudete do Navio e uma Placa com o nome dos 03 Comandantes que o navio.
Mobiliário do NRP "São Miguel" no G2EA (fotos cedidas por Cte. Brito Subtil)
Entre 20 e 23 de Outubro de 1994, o navio foi carregado no Cais da NATO na Trafaria com cerca de 2.200 toneladas de munições de diversos calibres e explosivos obsoletos ou com a validade largamente ultrapassada, oriundos de paióis da INDEP e dos 03 ramos das FA’s (a maioria pertencia ao Exército Português), oriundos da apelidada “cintura explosiva de Lisboa”, rebocado para alto-mar pelo Rebocador "Alpena" da empresa Rebocalis e afundado a 23 de Outubro de 1994, por recursos à abertura das válvulas do fundo, a 215 milhas da costa continental portuguesa e cerca de 4.000 metros de profundidade no Oceano Atlântico.
De salientar que a designada “cintura explosiva de Lisboa” apresentava um grave e sério perigo para as pessoas e seus bens, vizinhos das localidades onde se situavam os respectivos paióis, sendo à muito do interesse do Estado resolver o problema.
Tratando-se de uma tarefa bastante difícil e complexa pelo elevado risco que apresentava, efectuou-se uma operação que exigiu amplos conhecimentos técnicos e um planeamento prudente (realçando-se que foi uma mais-valia o facto de ter sido elaborada com o apoio de um Oficial Superior que conhecia bem o navio, tendo sido o Imediato da 2.ª guarnição), sendo que a fase da estiva dos materiais a bordo, que competiu à Marinha em virtude das incompatibilidades entre os vários explosivos, decorreu com limitado espaço temporal de execução, tendo sido sujeita a alterações de planeamento de última hora, para embarque de carga do Exército Português não prevista inicialmente.
Tal última carga (cerca de 150 paletes de cunhetes de munições) já não foi condicionada nos porões do navio, não só observando-se pela falta de espaço, mas também pela necessidade de serem cumpridas as regras de incompatibilidade dos explosivos, assim como a obrigatoriedade de flutuabilidade negativa, decidindo-se transportar no convés de carga do navio, dado entender-se não alterar a segurança das condições de estabilidade do navio.
Na fase final de afundamento, já com o navio posicionado no local pré-seleccionado, este começou adornar para Bombordo pelas 09:55, sendo que a operação em si estava a ser monitorizada por um avião de patrulha marítima P3 ORION da FAP, que registou o evento no sistema MPA, existindo também gravações do sistema STIR compiladas pela Fragata F330 “Vasco da Gama”.
Sequência de fotos do momento de adorno a Bombordo do navio (Fotos reunidas por José Manuel Marques)
Pelas 10:45, já com o navio completamente adornado, ocorreu uma enorme explosão, poucos segundos depois de ter sido sobrevoado novamente pelo avião de patrulha marítima P3 ORION da FAP, presume-se devido a uma reacção química entre os explosivos e a água salgada, sendo que tal situação era já equacionada, face aos possíveis comportamentos aleatórios que um navio assume ao afundar-se.
Dias depois deram à costa 08 cunhetes de ALG's / Dilagramas do Exército Português que haviam sido embarcado no NRP "São Miguel", sendo de mencionar que o facto de parte dos cunhetes estarem cheios de serradura, ou invés de areia como determinado, ofereceu flutuabilidade aos engenhos.
De salientar que assistiram ao afundamento diversas personalidades a bordo de navios da Marinha Portuguesa que se encontravam distanciados a 03 milhas (Fragata “Vasco da Gama”, Fragata “Sacadura Cabral” e Navio-Balizador “Schultz Xavier”): o então Almirante Comandante Naval, alguns dos antigos elementos das guarnições do “São Miguel” entre outras personalidades.
O Oficial Superior que exerceu o 2.º Comando do navio, desempenhando à data funções no Grupo n.º 2 de Escolas da Armada no Alfeite (G2EA), tratou de apetrechar a Sala de Reuniões do Comando do G2EA com a estante da Camarinha do Comandante do "São Miguel", uma vigia dessa Camarinha, mesa e cadeiras da Câmara de Oficiais, Escudete do Navio e uma Placa com o nome dos 03 Comandantes que o navio.
Mobiliário do NRP "São Miguel" no G2EA (fotos cedidas por Cte. Brito Subtil)
Entre 20 e 23 de Outubro de 1994, o navio foi carregado no Cais da NATO na Trafaria com cerca de 2.200 toneladas de munições de diversos calibres e explosivos obsoletos ou com a validade largamente ultrapassada, oriundos de paióis da INDEP e dos 03 ramos das FA’s (a maioria pertencia ao Exército Português), oriundos da apelidada “cintura explosiva de Lisboa”, rebocado para alto-mar pelo Rebocador "Alpena" da empresa Rebocalis e afundado a 23 de Outubro de 1994, por recursos à abertura das válvulas do fundo, a 215 milhas da costa continental portuguesa e cerca de 4.000 metros de profundidade no Oceano Atlântico.
De salientar que a designada “cintura explosiva de Lisboa” apresentava um grave e sério perigo para as pessoas e seus bens, vizinhos das localidades onde se situavam os respectivos paióis, sendo à muito do interesse do Estado resolver o problema.
Tratando-se de uma tarefa bastante difícil e complexa pelo elevado risco que apresentava, efectuou-se uma operação que exigiu amplos conhecimentos técnicos e um planeamento prudente (realçando-se que foi uma mais-valia o facto de ter sido elaborada com o apoio de um Oficial Superior que conhecia bem o navio, tendo sido o Imediato da 2.ª guarnição), sendo que a fase da estiva dos materiais a bordo, que competiu à Marinha em virtude das incompatibilidades entre os vários explosivos, decorreu com limitado espaço temporal de execução, tendo sido sujeita a alterações de planeamento de última hora, para embarque de carga do Exército Português não prevista inicialmente.
Tal última carga (cerca de 150 paletes de cunhetes de munições) já não foi condicionada nos porões do navio, não só observando-se pela falta de espaço, mas também pela necessidade de serem cumpridas as regras de incompatibilidade dos explosivos, assim como a obrigatoriedade de flutuabilidade negativa, decidindo-se transportar no convés de carga do navio, dado entender-se não alterar a segurança das condições de estabilidade do navio.
Na fase final de afundamento, já com o navio posicionado no local pré-seleccionado, este começou adornar para Bombordo pelas 09:55, sendo que a operação em si estava a ser monitorizada por um avião de patrulha marítima P3 ORION da FAP, que registou o evento no sistema MPA, existindo também gravações do sistema STIR compiladas pela Fragata F330 “Vasco da Gama”.
Sequência de fotos do momento de adorno a Bombordo do navio (Fotos reunidas por José Manuel Marques)
Pelas 10:45, já com o navio completamente adornado, ocorreu uma enorme explosão, poucos segundos depois de ter sido sobrevoado novamente pelo avião de patrulha marítima P3 ORION da FAP, presume-se devido a uma reacção química entre os explosivos e a água salgada, sendo que tal situação era já equacionada, face aos possíveis comportamentos aleatórios que um navio assume ao afundar-se.
Sequência de fotos do momento da explosão do navio (Fotos reunidas por José Manuel Marques)
Dias depois deram à costa 08 cunhetes de ALG's / Dilagramas do Exército Português que haviam sido embarcado no NRP "São Miguel", sendo de mencionar que o facto de parte dos cunhetes estarem cheios de serradura, ou invés de areia como determinado, ofereceu flutuabilidade aos engenhos.
De salientar que assistiram ao afundamento diversas personalidades a bordo de navios da Marinha Portuguesa que se encontravam distanciados a 03 milhas (Fragata “Vasco da Gama”, Fragata “Sacadura Cabral” e Navio-Balizador “Schultz Xavier”): o então Almirante Comandante Naval, alguns dos antigos elementos das guarnições do “São Miguel” entre outras personalidades.
Encerrou com chave de ouro uma excelente reportagem sobre o "S. Miguel".
ResponderEliminarAbraço
Nunes da Silva
Foi com imenso prazer que acompanhei esta série de excelentes artigos sobre a vida e fim do “S. Miguel”.
ResponderEliminarMais uma vez, Parabéns a este blog e ao seu autor e, por esta série, também aos camaradas que guarneceram o navio e lhe forneceram informação.
Nunes da Silva
Foi com tristeza e comoção que acompanhei esta série de artigos sobre o N.R.P. S. Gabriel. Nunca estive embarcado neste navio, mas visitava com frequência, porque tinha lá amigos. Recordo com saudades os reabastecimentos no mar. Parabéns a este Blog
ResponderEliminarOs artigos em questão, referiram-se ao NRP S. Miguel, não ao NRP S. Gabriel.
EliminarParabéns belo e trágico" fim de um Navio que tanto apoio deu a outros que dele dependiam para cumprir suas missões, recodo aqui uma vigem de Cabo Verde, a Angola em 1974 com a Corveta. António Enes e o Chutz Xavier mais as LDGs que serviram na Guiné e ficaram em Angola e o apoio reabastecedor que o S. Miguel prestou,gostei imenso desta Historia cumprimentos e escreva mais se poder.
ResponderEliminarNelson Lisboa
Nessa "viagem de Cabo Verde, a Angola em 1974 com a Corveta António Enes e o Schutz Xavier mais as LDGs que serviram na Guiné e ficaram em Angola" deveria de ser o S. Brás ou o S. Gabriel e não o S. Miguel!!!
ResponderEliminarBom Bacalhau comi a bordo desse navio no tempo do cabo L. Ventura antes meu camarada na 5ª repartição (bem Estar) (adma) Serviço sociais.etc.
ResponderEliminarDevo ter sido dos primeiros 10 elementos da MGP a entrar para o S. Miguel, na altura ainda com o nome de Cabo Verde onde estive cerca de 6 meses com a guarnição civil que desde já deixo o meu agradecimento pelo apoio prestado e pela passagem de testemunho. Abraço aos elementos da 1ª guarnição da MGP do N.R.P. S. Miguel.
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