23/10/12

“HISTÓRIAS À VISTA” - 20

          20.ª “HISTÓRIA À VISTA”, da autoria do CALM REF Nunes da Silva, versando sobre a sua participação no NBGE-MTWP da NATO, como representante de Portugal.
 
PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NO NBGE-MTWP:
 
          Em 1970, sendo eu Director de Instrução do CITAN, fiz uma proposta de alteração ao ATP 1, manual NATO das operações aero-navais.
          Por esse motivo, fui nomeado para representar Portugal na reunião do NBGE (Naval Board Group of Experts) a realizar em Oslo, numa quinzena de Novembro.
          Como participante, recebi todas as propostas e comentários a essas propostas dos restantes países e comandos NATO, de alterações ao ATP 1 e aos outros manuais.
          Estudei-as cuidadosamente, uma a uma, para poder emitir opinião, fundamentada, de aprovação, rejeição ou de aprovação se alterada.
          Entretanto, passei do CITAN à Capitania do Porto de Lisboa, o que não me impediu de ir recebendo propostas novas, as estudar e depois participar na reunião de Oslo.
          O grupo de Oficiais especialistas era grande e foram criados vários painéis para deliberarem sobre as propostas das várias publicações. Eu fiz base na do ATP 1 mas, porque era representante único dum país, fui de vez em quando aos outros painéis, dar opinião.
          As minhas opiniões tiveram excelente aceitação, melhores do que as de Oficiais de países como os EUA e bateram o recorde de aceitações.
          Chegado a Portugal fiz relatório, terá sido entendido como “gabarolice” e ficou na gaveta da secretária dum Chefe de Divisão do EMA.
          No ano seguinte Portugal não se fez representar e o NBGE, mantendo missão, passou a designar-se MTWP (Maritime Tactical Working Party).
          Em 1972, vem o MAS Naval Board a Portugal e o seu Presidente faz, no EMA, uma declaração onde consta:
 
          Foi uma “bomba”, “aparece” o meu relatório, dizem-me que serei condecorado, que a medalha Vasco da Gama era pouco. Não fui condecorado nem sequer louvado, mas passei a ir a todas as posteriores reuniões anuais do MTWP e outras e a acumular o trabalho na Capitania com este do EMA.
          Dada a multiplicidade de painéis, propus e foi aceite como meu adjunto o então Com.te Aguiar de Jesus e, nalgumas das outras reuniões, Malheiro Garcia, Joel Pascoal, Hasse de Oliveira, Conde Martins, Chaves.
          De todos recebi excelente cooperação, Portugal passou a apresentar mais propostas e comentários a propostas, batendo recorde de aceitações em todos os anos.
          O meu método manteve-se: reunia os meus Oficiais, analisávamos todas as propostas e seus comentários, uma a uma, e decidia qual a posição a tomar por Portugal, fundamentando-a.
          Nas reuniões, quando aparecia indecisão nalguma proposta, o Oficial vinha-me consultar. E, todos os dias, após cada reunião, reunia-os no quarto de hotel para fazermos o ponto e estudarmos propostas de decisão adiadas.
          Num plenário na Holanda, as minhas intervenções foram tantas e tão certeiras que a plateia, com cerca de 80 Oficiais de todos os países, rompeu com uma salva de palmas. Resultados de 1976:
 


























































































          O crédito que Portugal obteve, veio a servir-me para conseguir comparticipação NATO na aquisição de unidades navais, operacionalmente credíveis, concretizada anos depois nas MEKO. E no CITAN.
          Deixei de participar no MTWP após promoção a Oficial General em 1976, passando o testemunho a Joel Pascoal.

1 comentário:

  1. Conhecia mas não em tanto detalhe a excelência da participação do então Comte Nunes da Silva (professor de Armas Submainas ao meu curso na Escola Naval na altura ainda com a tecnologia das projecções transparentes) nos grupos de trabalho da NATO. Devemos estar-lhe gratos por isso e pela forma como nos representou, lamentando que não lhe tenha sido dado o devido destaque e reconhecimento.

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