30/11/09

CORVETAS DA CLASSE "BAPTISTA DE ANDRADE"

(ACTUALIZADO)

Corveta "JOÃO ROBY"

TIPO DE NAVIO:
Corveta da patrulha oceânica

PERFIL:


DESLOCAMENTO:
1.380 toneladas

DIMENSÕES:
84,6 x 10,3 x 3,3 metros

PROPULSÃO:
2 motores a diesel OEW Pielstick 12 PC2 V280 - 12.000cv
12 cilindros
2 hélices

ENERGIA:
3 geradores diesel-eléctricos MAN-SIEMENS de 250kVA
1 gerador de emergência MAN-SIEMENS de 320kVA

COMBUSTÍVEL:
150 toneladas

VELOCIDADE MÁXIMA:
22 nós (41 km)

AUTONOMIA:
5.900 milhas a 18 nós
7.500 milhas a 15 nós
9.100 milhas a 13,5 nós

GUARNIÇÃO:
Oficiais: 7 (Sob o comando de um oficial superior)
Sargentos: 14
Praças: 51
Total: 72

HELICÓPTEROS:
Convés na popa para 1 helicóptero ligeiro (12 x 8 metros)

RADAR:
Navegação - KELVIN HUGHES 1007, banda I (37 Km de alcance)

COMUNICAÇÕES:
- Radiogoniómetros HF, VHF, UHF;
- 1 ETO (Emissor Transmissor de Ordens);
- SICC (Sistema Integrado de Controlo de Comunicações);
- Comunicações por satélite INMARSAT B;
- 2 Projectores de sinais

EQUIPAMENTO:
- Terminal SIFICAP;
- Ómega diferencial;
- Sistema GPS MX200;
- Sonda ultrasónica KELVIN HUGHES MS 32;
- Instalação de desmagnetização;
- Sistema de Carta Electrónica ECDIS;
- 6 Balsas salva-vidas;
- 1 Embarcação Mk9;
- 1 Bote pneumático ZEBRO III;
- 1 Lancha semi-rígida;
- Equipamentos portáteis de visão nocturna;
- Chuveiro para descontaminação nuclear;
- Chuveiros SPRINKLERS para alagamento dos paióis de munições;
- 1 Gerador de água doce por osmose inversa;
- Receptor DGPS;
- Odómetro electromagnético;
- Girobússola ARMA BROWN Mk7;
- Anemómetro;
- Agulha magnética;
- Agulha giroscópica;
- Barógrafo;
- Barómetro;
- Ar condicionado;
- Sistema de recepção de Avisos à Navegação NAVTEX;
- 1 Grua hidráulica telescópica HIAB 60 SEACRANE de 3,5 toneladas;
- Multisensor electro-óptico SAGEM, para detecção, gravação e registo de imagens;
- Receptor meteorológico FAC-SIMILE – NAGRAFAX

CONTROLO DE TIRO:
- PANDA (Peça de 40mm)

SISTEMAS DE ARMAS:
1 Peça CREUSOT-LOIRE de 100mm/55 Mod68 (17 Km de alcance)
2 Peças BOFORS de 40 mm/70 Mod68 (12 Km de alcance)

DESIGNAÇÃO NATO:
FS

INDICATIVO DE CHAMADA INTERNACIONAL:
CORDADE
CORJOBY
CORCEIRA

ENDEREÇO RADIOTELEGRÁFICO:
CTFE
CTFG
CTFH

NÚMERO DE AMURA:
F486
F487
F488

BASE DE APOIO:
Base Naval de Lisboa

NOME:
N.R.P. Baptista de Andrade
N.R.P. João Roby
N.R.P. Afonso Cerqueira

ANO DE CONSTRUÇÃO:
1972
1972
1973

EMPREGO OPERACIONAL:
- SAR;
- Presença Naval;
- Serviço público;
- Patrulha oceânica da ZEE;
- Controlo da poluição no mar;
- Combate ao narcotráfico;
- Fiscalização da pesca;
- Apoio a operações anfíbias;
- Fiscalização dos esquemas de separação de tráfego marítimo;
- Segurança de navios estrangeiros de visita a portos nacionais;
- Escolta a navios combatentes em águas restritas;
- Exercícios com unidades navais e aéreas;
- Viagens de instrução dos cadetes da Escola Naval.

NOTAS:
• Foram construídos nos Estaleiros Navais de "Bazán" (actual Navantia), em Cartagena (Espanha), de acordo com um plano português de modificação das corvetas da classe "João Coutinho", com armamento, sensores e equipamentos mais sofisticados.
• Originalmente foram construídas para a Marinha de Guerra da África do Sul, sendo de salientar que entre 1973 e 1974 deslocaram-se até ao Alfeite uma equipa da Marinha da África do Sul para estudo destes navios, mas devido ao embargo de armas efectuado pela ONU, foram compradas por Portugal.
• Dispõem de um convés na popa para 1 helicóptero ligeiro, mas na realidade estão somente habilitadas para a realização de reabastecimento vertical (VERTREP), além de que não são dotadas de hangar nem estação de reabastecimento de helicópteros.
• Têm acomodações adicionais para albergar 32 pessoas ou uma Força de Fuzileiros (4 Oficiais, 3 Sargentos e 25 Praças), valência operacional que a par do seu reduzido calado, permite-lhes penetrar nos rios de maior caudal e braços de mar, podendo servir como navio de apoio a operações anfíbias.


Corveta "Afonso Cerqueira" a servir de Navio de Apoio a operações anfíbias, com botes pneumáticos ZEBRO III do Corpo de Fuzileiros.


Operação de arriar os botes pneumáticos ZEBRO III no mar


Embarque dos Fuzileiros por recurso à rede de abordagem nos botes pneumáticos ZEBRO III


Organização da Força de Desembarque de Fuzileiros para o assalto ao objectivo


Progressão da Força de Desembarque de Fuzileiros


Assalto ao objectivo da Força de Desembarque de Fuzileiros

• Foram os primeiros navios da Armada dotados do sistema DMTI, que permite apagar no radar ecos fixos, conseguindo por consequência a detecção de alvos aéreos.
• Em 1976 durante o PREC, planeou-se vender toda a classe à Colômbia, com o desiderato de financiar a construção de novas fragatas, mas o negócio não se concretizou por pressões exercidas pela NATO.
• Em Junho de 1979, o corpo de Philippe Cousteau, filho de Jacques Cousteau, reconhecido oceanógrafo francês, foi sepultado no mar a cerca de 20 milhas a Sudoeste da entrada do Porto de Lisboa, numa cerimónia que decorreu a bordo da "Baptista de Andrade".
• Na década de 80, foram propostos algumas vezes planos para modernizar a classe, que previa inclusivamente dotar os navios de mísseis anti-navio EXOCET e mísseis anti-aéreos ASPIDE, mas nunca tal desiderato foi concretizado devido a falta de verbas, não obstante o navio disponha desde construção, espaço para paiós para tal armamento, sendo utilizado como acomodações adicionais para Fuzileiros.


Plano original das corvetas da classe "Baptista de Andrade"


Plano de modernização que previa a instalação de mísseis anti-navio EXOCET, mísseis anti-aéreos ASPIDE num lançador óctuplo ALBATROS e morteiro ASW de 375mm BOFORS.


Plano actual das corvetas da classe "Baptista de Andrade"

• Em 1995, a "Oliveira e Carmo" (já desactivada) foi abalroada à entrada da barra do Rio Tejo devido ao denso nevoeiro, pelo contratorpedeiro italiano "Luigi Durand de la Penne", quando este manobrava para sair do porto, tendo-se registado danos estruturais na proa do navio italiano e um considerável rombo na proa e ponte a estibordo do navio português, também se registou dois feridos ligeiros na guarnição da corveta.



















Danos na corveta Oliveira e Carmo

• Em Maio de 1998, a "Oliveira e Carmo" afundou a tiro de canhão uma estrutura metálica semi-submersa de grandes dimensões, com cerca de 11 metros de altura, a 86 milhas a Sul do grupo ocidental, em virtude de constituir perigo para a navegação.
• Em Agosto de 1998, ocorreu um incêndio a bordo da "Afonso Cerqueira" no Porto de Horta, Ilha do Faial - Açores.

Foto Agência Lusa / Blog NRP Álvares Cabral F336

• Em Fevereiro de 2000 os navios foram remodelados, com o objectivo de adequá-los às novas funções, o que se traduziu na retirada de todo equipamento ASW (Sonar Thomson-Sintra DIODON, tubos lança-torpedos US Mk32 Mod5 de 324mm, calha lança-bombas de profundidade Mk9, roncador MK-6) e numa significativa redução da guarnição e modernização dos sistemas de ajuda à navegação e comunicações.
• Em Julho de 2001, a "Afonso Cerqueira" participou na «Operação Sunrise» incluída na série de exercícios de intercâmbio militar "JCET" entre Portugal (DAE/ DMS nº2) e EUA (Det1/2ndBtl/19th SOF), a nível de Operações de Forças Especiais Navais que decorreram na Península de Tróia.
• Em 2003, durante a participação no exercício "SWORDFISH", a "João Roby" teve a bordo um simulador de guerra electrónica da NATO, a fim de criar um ambiente ainda mais realista.
• Em 2004, a "Afonso Cerqueira" participou no exercício "INSTREX", servindo como navio SAR e de navio alvo para a execução de abordagem dos navios da NATO.
• Em Maio de 2004, a "Baptista de Andrade" participou num exercício de combate à poluição em Viana do Castelo, no âmbito do Plano Mar Limpo, simulando um navio mercante que após uma colisão com o molhe exterior do porto de Viana do Castelo, resultou um derrame de fuelóleo.
• Em Setembro de 2006, a Corveta "João Roby" integrada na «EUROMARFOR», participou no exercício "OLIVES NOIRES" transportando o DMS nº 1, que realizou operações de guerra de minas em águas pouco profundas e posteriormente a limpeza e desminagem de um canal para permitir a realização de uma "Non-Combatant Evacuation Operation" efectuada pelos navios da força.
• Em Novembro de 2006, a "João Roby" participou no exercício "LUSIADA" no âmbito da preparação das Forças Armadas para cenários de resposta a crises.
• Em Maio de 2007, a "João Roby" serviu de plataforma de abordagem para uma simulação do DAE, no Dia da Marinha.


Simulação de abordagem do DAE

• Em Julho de 2008, a "João Roby" participou nas buscas de um avião que se despenhou ao largo do Cabo da Roca, com o apoio de um avião P3 Orion da FAP.
• Em Outubro de 2008, a "Baptista de Andrade" participou no exercício "FAMEX 08" reforçada com uma equipa de abordagem dos Fuzileiros, uma equipa de Mergulhadores e um binómio da Polícia Marítima, em Espanha.
• Em Março de 2009, a "Baptista de Andrade" integrada na «EUROMARFOR», participou no exercício de guerra de minas em águas pouco profundas "IT MINEX 09" servindo como Navio de Apoio (Diving Support Unit) ao DMS n.º 3, apetrechados de um AUV e transportando um PELBOARD dos Fuzileiros, no Mar Tirreno ao largo de La Spezia e Livorno - Itália.
• Em Abril de 2009, a "João Roby" participou no exercício "PHONIX EXPRESS" organizado pela Marinha dos EUA, que tem por finalidade fortalecer as relações entre as Marinhas do Norte de África, Sul da Europa e dos Estados Unidos.
• Em Maio de 2009, a "Afonso Cerqueira" participou no exercício "CONTEX/PHIBEX", dispondo de uma câmara hiperbárica, telefone submarino e de uma equipa de Mergulhadores Sapadores "Salvage Diving Team", que simularam uma operação de salvamento do "Barracuda", após este ter assentado no fundo de modo a simular ter sofrido um acidente.
• Em Maio de 2009, a "Baptista de Andrade" efectuou manobras de aproximação RAS com a fragata "Bartolomeu Dias".
• No dia 10 de Junho de 2009, a "João Roby" fundeada no Rio Tejo, participou na cerimónia realizando uma salva de tiros em homenagem aos mortos pela Pátria.
• Em Julho de 2009, a "Afonso Cerqueira" participou numa demonstração relativa ao exercício de Segurança Energética organizado para o Presidente da República, servindo como Navio de apoio aos Fuzileiros.
• Participam também nos exercícios nacionais: AÇOR, CONTEX, PHIBEX e ZARCO; e internacionais: CMX e JMC.

PARTICIPAÇÃO EM MISSÕES IMPORTANTES:

• Entre 03 de Setembro de 1975 e 11 de Março de 1976, a "Afonso Cerqueira" efectou uma viagem de circum-navegação, com a duração de 190 dias.
• Em Dezembro de 1975, a "João Roby" e a "Afonso Cerqueira" enquanto efectuavam comissões em Timor-Leste, após a Invasão Indonésia recolheram o pessoal militar português para a Ilha de Ataúro e posteriormente partiram para o seu porto de abrigo, na Base Naval de Darwin (Austrália).


Tropas Pára-quedistas a bordo da corveta "João Roby" nas imediações da ilha de Ataúro

• Em Junho de 1976, a Força Naval UO.21.2.1 constituída pela "Afonso de Cerqueira" e "Honório Barreto", comandado por um CMG e com Aspirantes do 2.º Ano da Escola Naval, Cadetes do CFOSE e alunos do Colégio Militar embarcados, acompanharam o Navio-Escola "Sagres" e a "Vega" numa viagem aos EUA para representar a Armada Portuguesa nas comemorações do seu Bicentenário, participando na "Internacional Naval Review" e na Parada Naval no Rio Hudson.
• Em Janeiro de 1980, a "Baptista de Andrade" prestou apoio às populações sinistradas dos Açores no sismo ocorrido no dia 1 de Janeiro.
• A 06 de Abril de 1989, a "Afonso Cerqueira" detectou um submarino convencional soviético da classe "Foxtrot" a navegar à superfície da ZEE de Portugal Continental.


Imagem obtida através dos binóculos do Director Secundário de pontaria e controlo de tiro da peça CREUSOT-LOIRE de 100mm (Foto de Francisco Santos)

• Em 1992, a "Baptista de Andrade" integrou as forças navais da UEO, na «Operação Sharp-Vigilance» no Mar Adriático, efectuando observação e vigilância marítima.
• Em 2002, a "João Roby" e a "Afonso Cerqueira" estiveram envolvidas nas operações de combate à poluição no mar, resultantes do afundamento do petroleiro "Prestige", efectuando acompanhamento da situação e recolha de amostras.
• Em Maio de 2003, a "João Roby" participou na 2ª fase da «Operação Ulysses», com objectivo de combater à imigração ilegal por via marítima, numa operação conjunta com a Marinha de Guerra Espanhola. A bordo da corveta estiveram agentes da do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
• Em Junho de 2003, a "João Roby" esteve envolvida nas operações de combate à poluição no mar, resultantes do afundamento do navio porta-contentores "Nautila".
• Em 2004, a "Afonso Cerqueira" durante a sua patrulha na zona da Convenção para a Cooperação Multilateral de Pescas no Atlântico Nordeste, efectuou duas acções de busca e salvamento a pesqueiros espanhóis, no mar coordenado pelo MRCC Reykjavic (Islândia).
• Em Agosto de 2004, a "Baptista de Andrade" participou na operação de negação às águas territoriais portuguesas, ao navio "Borndiep" (Barco do Aborto) da organização "Women on Waves".
• Em Julho de 2005, a "Baptista de Andrade" desempenhou medidas de protecção a visita particular dos Reis de Espanha aos Açores.
• Em Agosto de 2006, a "Baptista de Andrade" no âmbito da Agência Europeia de Fronteiras participou na «Missão Hera II», com objectivo de apoiar Cabo Verde no combater à imigração ilegal por via marítima, a bordo da corveta estiveram 3 inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, 2 agentes da Polícia Marítima e um pelotão de abordagem de 12 Fuzileiros.
• Em 2006, a "João Roby", estive envolvido na operação de tentativa de reflutuação do navio porta-contentores "Valour", que encalhou na Ilha do Faial, nos Açores.
• Em Agosto de 2006, a "João Roby" colocou 10 Fuzileiros nas Ilhas Selvagens com o objectivo de proteger os Vigilantes do Parque Natural da Madeira em serviço nas Selvagens.
• De Julho a Setembro de 2009, a "João Roby" apoiou a Brigada Hidrográfica da Marinha na realização de levantamentos hidrográficos, com o objectivo de actualizar as cartas dos portos e fundeadouros das ilhas do grupo central dos Açores, transportando a UAM "Cagarra".


Foto: blog o Porto da Graciosa

2 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo, tem uma boa sequência de imagens que mostram as etapas dum desembarque de Fuzos.
    O mesmo digo dos desenhos técnicos muito ineressantes dos planos de modernização dos navios.

    António Magalhães CF 21 98/99

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  2. Ótimo artigo, muito bem detalhado, parabéns.

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