04/02/13

BLAUS VII - UM VELEIRO DE APOIO AO TREINO DOS CADETES DA ESCOLA NAVAL


O "Blaus VII" a navegar como veleiro de instrução de Cadetes da Escola Naval

TIPO DE NAVIO:
Ketch de dois mastros
 
DESLOCAMENTO:
Normal: 50 toneladas
Máximo: 54 toneladas
Lastro: 15 toneladas
 
DIMENSÕES:
22,5 x 5,3 x 2,7 metros

ALTURA DO MASTRO:
Cerca de 22 metros (Mastro Grande)

PROPULSÃO:
01 Motor MERCEDES-BENZ OM227 a diesel de 08 cilindros, com 241cv (177kw);
Eólica;
01 hélice

COMBUSTÍVEL:
2.900 litros

VELOCIDADE MÁXIMA:
- Diesel 09 nós (14,8 km/h);
- Eólica 11 nós (20,4 km/h)

VELOCIDADE DE CRUZEIRO:
6,5 nós (12 km/h)

AUTONOMIA:
1,200 milhas a 6,5 nós (diesel)

GUARNIÇÃO:
- Oficiais: 02 (Sob o comando de um Oficial superior);
- Sargentos: 01 (MQ);
- Praças: 01;
- Cadetes: 6/8
- Total: 10/12

RADAR:
Navegação - FURUNO FR 1510 D com plotter, banda I (cerca de 30 Km de alcance);

COMUNICAÇÕES:
- GPS/DGPS Plotter PHILIPSMK 9;
- Rádio VHF (fixo + 03 VHF portáteis);
- Rádio MF/HF;
- 02 Telefones por satélite SATCOM

EQUIPAMENTO:
- Plotter Diferencial (cartas electrónicas);
- Receptor meteorológico Facsimile/NAVTEX;
- Anemómetro;
- Girobússola (de momento INOP) B & G Fluxgate, Sestrel Moore;
- Odómetro (de momento INOP);
- Sonda ultrassónica;
- Piloto automático SEGATRON;
- Sistema de alarme na sala de máquinas BILGE;
- 02 Botes pneumáticos;
- 02 Balsas salva-vidas;
- Gerador de osmose inversa;
- Sistema de aquecimento WEBASTO;
- Sistema de ar condicionado FRIGOBOAT (nas cabines frontais)

NOME:
Blaus VII

ANO DE CONSTRUÇÃO:
1983


A mastreação do "Blaus VII", o Mastro Grande e o Mastro de Mezena

NOTAS:
          O “Blaus VII” foi desenhado pelo designer holandês “Peter Sijm” e construído em 1983 nos estaleiros Jachtwerf Jongert B.V. (Medemblik - Holanda), tendo sido a construção n.º 312 de uma série do modelo «Type JONGERT 20 DS», pautados por excelente qualidade no tocante à construção, acabamentos e equipamentos automáticos.
          Foi entregue em 26 de Maio de 1983 recebendo o nome de "Pajaro", a 17 de Março de 1992 foi vendido e recebendo o nome de "Meresea III", posteriormente em 05 de Abril de 2001 foi adquirido pela Yacht Marine S.L. e registado em 2002 em Espanha com o nome "Blaus VII".
          É qualificado como uma embarcação de recreio do tipo Ketch devido à sua armação, constituída por um convés corrido em madeira de Teca, casco (8mm de espessura) e superestruturas fabricados em aço. No que concerne à mastreação possui 02 mastros (um principal - o Mastro Grande e um mais pequeno - o Mastro de Mezena).
          Historicamente, os Ketch’s tratavam-se de navios de pesca, mas também foram utilizados no comércio marítimo costeiro, sendo de realçar que durante os séculos XVII e XVIII, ainda foram utilizados como pequenos navios de guerra, até serem substituídos nessa função por brigues no final do século XVIII.
          A sua versatilidade e facilidade de navegação tornou-os muito populares, nomeadamente nas águas do Norte da Europa, onde o seu plano de velas permite reagirem rapidamente às condições variáveis de vento.
          Quanto ao velame, traja 04 velas latinas (área vélica total de 134.396 m²) fabricadas em dracon, material sintético, leve e resistente. As velas são enroladas e desenroladas hidraulicamente, podendo no entanto ser caçadas manualmente, sendo as seguintes (de vante para ré):
- A Genoa (GE);
- O Estai (E);
- A Vela Grande (GR);
- A Mezena (MZ).
          De salientar que o Mastro Grande está equipado com duas velas (Genoa e Estai) e, o objectivo principal da vela Mezena é ajudar a impulsionar o navio e facultar um controlo extra sobre o equilíbrio. O “Blaus VII” está ainda preparado para a possibilidade de lhe ser içado um balão a vante, que se encontra guardado num paiol no interior do navio.
          Não obstante, é um veleiro também dotado de 01 motor (diesel de 241cv), com capacidade de efectuar navegações corridas a uma velocidade máxima de cerca de 08 nós (14,8 km).
          Para manobra e governo da embarcação (quilha corrida), possui uma única linha de veio, onde está associado um hélice de passo esquerdo. Possui de igual forma um único leme, que pode ser manobrado a partir da cabine de navegação (roda de leme) ou no seu modo de emergência (Camarinha do Comandante).
          Para produção e distribuição de energia no veleiro, existem a bordo 02 geradores, um mais pequeno (11KVA) e um com a capacidade um pouco maior (16 KVA), que alimentam o navio quando este está a navegar e/ou fundeado, ou quando o cais não tem capacidade para fornecer energia, não podendo funcionar ambos em simultâneo.
          O seu interior é em madeira de Teca e as suas acomodações são constituídas por 04 cabines e 02 WC, num total de 08 camas, sendo de salientar que a Camarinha do Comandante e do Imediato tem WC e duche próprio.
          No tocante a aguada, possui 02 tanques para água doce, 01 com capacidade de 2.000 litros e outro com capacidade de 600 litros, este último situado mais a vante (montado inicialmente de fábrica para águas residuais), podendo estar em comunicação ou serem isolados. É ainda equipado 01 tanque com capacidade para 1.200 litros para águas residuais e com um módulo osmótico, com capacidade para produzir água doce, pelo método de osmose inversa, mas neste momento encontra-se inoperacional.

          A 14 Fevereiro de 2007, o “Blaus VII” foi abordado a 100 milhas do Arquipélago da Madeira por uma equipa do DAE do Corpo de Fuzileiros da Marinha de Guerra Portuguesa, lançada a partir da Corveta NRP "António Enes" no âmbito da «Operação AGRAFO» de combate ao narcotráfico, em cooperação com a Polícia Judiciária, detectando-se 1.500 kg de cocaína a bordo.
          Até à data em que foi abordado e, à excepção da sua utilização para o narcotráfico, consultando o documento: «Diário de bordo», como veleiro de cruzeiro com capacidade oceânica, foi empregue pelos anteriores proprietários para viagens de lazer.


O "Blaus VII" sob custodia da Polícia Marítima no Porto do Funchal

          Em Julho de 2007, observando um Protocolo estabelecido coma a Polícia Judiciária, a Marinha Portuguesa ficou com a responsabilidade de assegurar a guarda e manutenção da embarcação, bem como a sua regular utilização, tendo sido transferido para a Escola Naval para utilização provisória e manutenção como veleiro de Instrução de Cadetes da Escola Naval.
          Deste modo, a partir de 21 de Julho de 2008, após o abate ao efectivo do Navio-Escola NRP “Vega" e, depois de lhe ser inscrito na retranca da vela grande de enrolar do mastro grande as palavras: “Escola Naval”, tem efectuado (conjuntamente com o Navio-Escola NRP “Polar”) vários embarques de Instrução a Cadetes da Escola Naval (formação marinheira e prática de navegação), durante o fim-de-semana ou durante períodos mais alargados, a título de exemplo: Cruzeiros de Páscoa, Cruzeiros de Verão e as Viagens de Instrução.


O "Blaus VII" com as palavras «Escola Naval» inscritas na retranca da vela grande

          Desde que foi transferido para a Escola Naval, já participou em diversos eventos, destacando-se a título de exemplo:
Apoio a várias regatas:
- “Regata Triângulo Atlântico 2011”;
- “Regata do Dia da Marinha 2012”, organizado pelo Clube Náutico da Figueira da Foz, como embarcação de Comissão de Regatas.
Acções de representação da Marinha Portuguesa:
- Em Maio de 2009, a par das Lanchas de Fiscalização Rápida NRP "Dragão" e NRP "Cassiopeia" e do Navio-Escola NRP "Sagres", participou na Cerimónia do Cinquentenário do Cristo Rei;
- Em Dezembro de 2011, a delegação da Academia Naval Angolana de visita à Escola Naval, embarcou no veleiro;
- Em Maio de 2012, representou a Marinha Portuguesa durante as comemorações do “Dia da Marinha” na Figueira da Foz;
- Durante o ano lectivo 2011/2012, embarcaram vários alunos dos Estabelecimentos Militar de Ensino: Colégio Militar, Instituto de Odivelas e Instituto dos Pupilos do Exército, onde tiveram a oportunidade de navegar e conviver juntamente com alguns Cadetes da Escola Naval.
Apoio a vários projectos:
 - CINAV (Centro de Investigação Naval) da Marinha Portuguesa, com universidades nacionais.


O "Blaus VII" a navegar com Cadetes da Escola Naval a par da "Sagres" no dia da Cerimónia do Cinquentenário do Cristo Rei

          A 13 de Abril de 2009, o "Blaus VII" foi declarado «perdido a favor do Estado» por decisão transitada em julgado do Tribunal de Vara Mista do Funchal, passando o veleiro a constituir parte do património da Região Autónoma da Madeira.
          Posteriormente é celebrado um Protocolo de Cooperação entre a Marinha Portuguesa e o Governo Regional da Madeira, tendo por desiderato manter o uso do veleiro pela Escola Naval, Protocolo  que se materializa com a transferência da embarcação a 11 de Julho de 2014, tendo ficado acordado entre as partes que seria designado de NRP "Zarco", nome do navegador e povoador da Madeira - João Gonçalo Zarco.

3 comentários:

  1. Muito interessante e completo. O BLAUS é muito bonito, seria bom um dia ver este nome substuído por um português.

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  2. Boa noite.
    Muito grato por esta completa informação sobre este veleiro, que hoje tive oportunidade de visitar na Marina da Póvoa DE Varzim, partilho fotogaleria que do jornal Poveiro "Mais Semanário"
    http://www.maissemanario.pt/?p=30847

    www.facebook.com/cidadedapovoadevarzim

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