19/02/13

O STEYR PUCH AP 700 HAFLINGER NA ESCOLA DE FUZILEIROS

          Na sequência da redacção de artigos sobre meios militares (aéreos e anfíbios) que entre 1961 e 1964, por sugestão da Direcção Técnica ou proposto por empresas de material militar, demonstraram as suas capacidades em testes realizados na Escola de Fuzileiros, sob orientação técnica do então 1.º Tenente Maxfredo da Costa Campos (Oficial de Marinha com o curso FZE), darei início à apresentação de:
 
MEIOS TERRESTRES
 
          Após a 2.ª Guerra Mundial, no que concerne a viaturas tácticas ligeiras o Exército austríaco encontrava-se apetrechado com jeeps Willy’s MB e Ford GPW facultados pelo Exército norte-americano, pretendendo substituí-los a curto prazo por viaturas pequenas, de baixo peso, concepção e fabrico nacional.
            Contactada a indústria automóvel nacional surge, em Setembro de 1959, o STEYR PUCH AP 700 Haflinger, desenhado por Erich Ledwinka e fabricado até 1975 num total de 16.647 viaturas, tendo sido exportado para 35 países, ficando conhecido popularmente por "Jeep austríaco".
          É de realçar que cerca de 7.000 foram utilizados para serviço militar nos Exércitos alemão, australiano, austríaco, holandês, indonésio, italiano, jugoslavo, nigeriano, sueco e suíço, assim como pela Marinha Real britânica a bordo de Porta-aviões.
 

Versão de transporte de tropas do Exército austríaco

          Trata-se de uma viatura ligeira Todo-o-Terreno (4x4) multiuso de pequenas dimensões (2,85 x 1,35 x 1,30 metros [comprimento x largura x altura]), passível de ser aerotransportável por avião, helicóptero (internamente ou por recurso a gancho para carga externa suspensa) ou lançado por pára-quedas, de fácil manutenção e especificamente projectada para uso em terreno montanhoso e todas as condições meteorológicas, utilizando rodas com pneus 145 x 12 que absorvem o choque do terreno.
          O motor 700 AP BOXER de 643 cm³ a 4 tempos de 2 cilindros e 24cv (gasolina), refrigerado a ar e com uma caixa manual (com 04 mudanças para a frente e 01 marcha-atrás), é montado debaixo da parte traseira do chassis permitindo que a área traseira sirva para transporte de carga até 500 kg (incluindo + 2 militares).
 

Detalhe da motorização do STEYR PUCH AP 700 HAFLINGER

          Com um peso vazio de 635 kg e carregado de 1150 kg, velocidade máxima em estrada de 65 km/h, autonomia de 400 km, capacidade de subir e descer encostas rochosas até gradiente de 65% ou inclinação lateral de 45% e depósito de combustível de 31 litros, apresentava uma relação favorável entre as suas pequenas dimensões e capacidade de transporte de carga com segurança e rapidez através de terreno difícil, em virtude do baixo centro de gravidade, inexistência de uma carroçaria superior e distância ao solo de 30 cm.
          Tem capacidade de rebocar um semi-reboque (até 300 kg de capacidade), a prestação de ambos os bloqueios do diferencial dianteiro e traseiro permite o veículo progredir no terreno, atendendo à tracção às 04 rodas, mesmo que apenas uma roda esteja em contacto firme com o solo, cada roda tem suspensão independente, tem capacidade de passagem a vau na situação de carregado (água, areia, lama e neve) de 50 cm e em caso de necessidade pode ser levantado por 04 pessoas.
 
          Foi testada em Portugal, por volta de 1962 pelo 1.º Tenente Maxfredo Costa Campos na Escola de Fuzileiros, visando a sua utilização futura nos TO’s da Guerra Colonial, na sua versão básica (Serie 1 model B) sem capota de lona ou bancos traseiros rebatíveis (equivalente a uma mula mecânica) como alternativa a jipes.
          Não foi todavia adquirido por dispor de uma área de transporte de carga relativamente pequena (2 m2) quando comparada com viaturas semelhantes já ao serviço das FA’s (Mercedes UNIMOG 401) e no tocante à capacidade de transporte de pessoal adicional (+ 2 militares), apresentar condições deficientes no que toca a padrões ergonómicos, face a inexistência de bancos traseiros.
 

Versão básica (mula mecânica) do STEYR PUCH AP 700 HAFLINGER

          Como viatura militar foi utilizado como plataforma para vários sistemas de armas:
- Metralhadora-pesada M2 HB 12,7mm M2 HB (Exército austríaco);
- Canhão sem recuo 57 mm M18A1 (Exército austríaco);


Viaturas do Exército austríaco equipadas com metralhadora-pesada M2 HB 12,7mm M2 HB e canhão sem recuo 57 mm M18A1

- Canhão sem recuo M40 10,6 mm (Exército austríaco);
- Porta-morteiro 82 mm;
- Canhão sem recuo Bofors 90 mm PV-1110 (Exército sueco);


Viatura do Exército sueco apetrechada com canhão sem recuo Bofors de 90 mm PV-1110

- Lançamento de 14 mísseis anti-carro filo-guiados Bofors RB-53 BANTAM
    • 06 mísseis à frente e 08 mísseis atrás (Exército sueco e suíço);


Viatura do Exército suíço dotada de mísseis anti-carro filo-guiados Bofors RB-53 BANTAM

- Lançamento de mísseis anti-carro filo-guiados MOSQUITO [Serie 2 model MML]
    • 02 lançadores, cada um com 02 mísseis na versão do Exército austríaco (+ 4 mísseis de reserva);


Viatura do Exército austríaco equipada de mísseis anti-carro filo-guiados MOSQUITO

    • 04 mísseis na versão do Exército italiano;
    • 01 lançador e 04 mísseis transportados na versão do Exército indonésio e suíço.
E para diversas funções utilitárias:
- Transporte de tropas / carga (Exército austríaco);
- Viatura porta-macas (Exército austríaco);
- Viaturas de comando e comunicações [viatura designada model CC]
    • Exército austríaco


Viaturas de comunicações do Exército austríaco

    • Exército australiano
          A título de curiosidade algumas viaturas do Exército australiano participaram no conflito do Vietname.


Viaturas do Exército australiano no TO do Vietname

Artigos relacionados:
- MEIOS AÉREOS: http://barcoavista.blogspot.pt/2012/08/girocoptero-na-escola-de-fuzileiros.html
- MEIOS ANFÍBIOS: http://barcoavista.blogspot.pt/2012/09/o-bote-aero-deslizante-da-escola-de.html

2 comentários:

  1. Muito interessante, lembro-me muito bem deste jipe pequenino na Escola de fuzileiros, já tinha falado nele a varios filhos da minha escola, mas nunca soube o seu nome ou marca.
    Tinha rodas pequenas e baixinhas, o condutor e pendura ficavam com os pés enfiados num buraco e só estes é que tinham banco, parecia uma trotinete!
    Os testes devem ter sido por volta de 61-63, pois ainda se usava a farda de aluminio, a malta deve recordar-se dele, por na mesma epóca o então Sr. Tenente Maxfredo testou um lança-chamas espanhol, que não me lembro o nome, mas também nunca se levou para o Ultramar.

    Miguel Guimarães

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    1. boa noite pode entrar em contato comigo e que eu adquiri um desses carros e precisava de algumas dicas obrigado 919391605

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