Em finais de 1974, o Sistema de Comunicações do CCF foi todo reestruturado¹, para se adequar às novas realidades operacionais e redefinição de novos objetivos devido à descolonização de África, tendo sido concebido um sistema que incluía um Centro de Comunicações e uma Sala de Operações com terminais dos equipamentos na Força de Fuzileiros e um Centro de Comunicações na Escola de Fuzileiros.
Incluiu igualmente viaturas tácticas especiais, ligeiras e pesadas, adaptadas na Força de Fuzileiros do Continente, para desempenhar a função de centros móveis de C32 ao nível de Batalhão e respectivas subunidades.
A "MIMOSA" à saída da Força de Fuzileiros do Continente, actual Base de FZ's (Foto cedida por José Lança)
A "ACÁCIA" já em estado de abate ao efectivo, nas instalações da Escola de FZ's (Foto enviada por Macedo Pimentel)
A "MIMOSA" à saída da Força de Fuzileiros do Continente, actual Base de FZ's (Foto cedida por José Lança)
A "ACÁCIA" já em estado de abate ao efectivo, nas instalações da Escola de FZ's (Foto enviada por Macedo Pimentel)
Algumas dessas viaturas eram 02 camiões a diesel BEDFORD RL-Type3 de 4 toneladas4, recuperadas do Depósito de Inúteis e apetrechadas no SAO da FFC, por iniciativa dos Oficiais referidos.
Os camiões tinham por indicativo radiotelegráfico "MIMOSA" (AP-09-31) e “ACÁCIA” (AP-09-32)5, sendo operados por Telegrafistas e Sinaleiros dos Centros de Comunicações da Força de FZ’s e da Escola de FZ’s respectivamente.
Telegrafista a operar equipamento na "MIMOSA" (Foto de Valdemar Pereira)
Telegrafista a operar equipamento na "MIMOSA" (Foto de Valdemar Pereira)
Eram totalmente equipados para comunicações fixas e móveis VHF e HF, acrescido de entre outras coisas com ar condicionado, gerador próprio atrelado, luz fluorescente, antena que podia ser montada entre dois mastros integrantes no próprio veículo, telefones de campanha, máquina de cifra, aparelhos de teste, demodulador, medidor ondas estacionárias, voltímetro electrónico, indicador de distorção, amplificador de potência e duas teleimpressoras.
Esquema do interior do contentor metálico da "MIMOSA" (Imagem cedida por CATT)
Esquema do interior do contentor metálico da "MIMOSA" (Imagem cedida por CATT)
Cada camião transportava um contentor metálico, construído como "Gaiola de Faraday", estavam preparados para servir de posto fixo/móvel de apoio à componente terrestre em exercícios ou operações aero-navais, prestavam igualmente apoio logístico a Unidades de FZ's, a partir da BTE (Base Temporária de Estacionamento), no tocante à substituição de equipamentos, carregamento de baterias6, durante fases de manobra.
A "MIMOSA", podendo-se observar o seu contentor metálico (Imagem cedida por Comando da CATT)
Outras viaturas, que serviam como Posto de Comando Móvel, sendo operados por FZC7, eram 02 jeeps LAND ROVER 1/2ton Lightweight Series III Soft Top (AP-18-638 e AP-20-893), ambos equipados com vários equipamentos que permitam os seus dois Fuzileiros operadores cobrir todas as bandas de comunicações, assegurando o exercício do Comando e Controlo ao Comandante:
Outras viaturas, que serviam como Posto de Comando Móvel, sendo operados por FZC7, eram 02 jeeps LAND ROVER 1/2ton Lightweight Series III Soft Top (AP-18-638 e AP-20-893), ambos equipados com vários equipamentos que permitam os seus dois Fuzileiros operadores cobrir todas as bandas de comunicações, assegurando o exercício do Comando e Controlo ao Comandante:
- 01 Transreceptor emissor-receptor RACAL TX/RX TR-15 A3 HF, com unidade de sintomia automática A55, chave de morse, microfone e antena de chicote;
- 02 Transreceptor emissor-receptor RACAL TX/RX IRET AN/PRC 239-6X-1 VHF, com carregador CA-29, acumulador AL 18/1 em caixa CA-236, suporte de montagem 41942 do AA e antena chicote TDB 6074A;
- 02 Transreceptor emissor-receptor RACAL TR-28 B2 HF;
- 01 Sistema integrado de comunicações STORNO CQM612 VHF/FM de 10W10;
- Fonte de alimentação constituído por 02 baterias de 12V.
"OURIÇO", podendo-se visualizar as antenas de chicote traseiras (Foto cedida por SAJ FZC Valter Tavares Raposeiro)
"OURIÇO", podendo-se visualizar as antenas de chicote traseiras (Foto cedida por SAJ FZC Valter Tavares Raposeiro)
Quando imóveis também podiam empregar um conjunto de antenas portáteis (dipolo ou fio suspenso) que aumentavam a sua capacidade e, que fruto do seu aspecto carregado de antenas flexíveis de fibra, tinham como indicativo de chamada "OURIÇO".
Este modelo de jeep Land Rover, foi escolhido para viatura ligeira de comunicações, atendendo a circunstância de já possuir de fábrica, pré-instalações para fixar antenas e cabos interiores ao longo da carroçaria, sendo estes últimos inclusivo já posicionados de modo a evitar interferências entre as várias bandas devido à potência dos aparelhos e corresponderem aos requisitos definidos pela OTAN.
"OURIÇO" durante um desfile motorizado de Fuzileiros (Foto cedida por José Miragaia Tomás)
"OURIÇO" durante um desfile motorizado de Fuzileiros (Foto cedida por José Miragaia Tomás)
Eram viaturas limitadas aos 1,500kg de peso total, por forma a se poder efectuar-se VERTREP com um helicóptero PUMA da FAP, motivo pelo qual obrigou a escolha de baterias dos aparelhos de comunicação aquando do seu apetrechamento.
"OURIÇO" entrando a bordo de um helicóptero Norte-americano CH-53 Sea Stallion durante o exercício "PHIBEX 87" (Foto enviada por Macedo Pimentel)
"OURIÇO" entrando a bordo de um helicóptero Norte-americano CH-53 Sea Stallion durante o exercício "PHIBEX 87" (Foto enviada por Macedo Pimentel)
De frisar que os “OURIÇOS” foram pioneiros no Corpo de Fuzileiros na implementação de um requisito da OTAN (STANAG), que consistia na pintura das viaturas com tinta de baixo índice de refratância, cujas características ajudavam a atenuar a silhueta nos sensores de vigilância de campo de batalha, mais tarde estendido a outras viaturas e as redes de camuflado miméticas.
"OURIÇO" no regresso de um exercício com o DAE (Foto 1SARG FZC João Martins)
"OURIÇO" no regresso de um exercício com o DAE (Foto 1SARG FZC João Martins)
As capacidades de C3 da "MIMOSA" e do "OURIÇO" foram testadas pela 1ª vez em Setembro de 1975, durante uma missão no âmbito das Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA de apoio às populações, em Vila Nova de Milfontes e no Rio Mira, onde participaram as Chaimites AP-19-34 e AP-19-35 e a Companhia de FZ's n.º 13 que acampou no local durante uma semana.
A "MIMOSA" exercendo funções de Posto de Comunicações Fixo em exercícios (Foto cedida por CCF)
A "MIMOSA" exercendo funções de Posto de Comunicações Fixo em exercícios (Foto cedida por CCF)
A “MIMOSA” e “OURIÇO” foram inicialmente atribuídas ao BF n.º 3, para efeitos de condução e manutenção da viatura, sendo que o camião funcionava como Posto de Comando, Controlo e Comunicações fixo, estabelecendo igualmente contacto com o Comando da FFC e, o jeep funcionava como Posto de Comando Móvel, assegurando as comunicações com as unidades em exercício / operações bem como com o Elemento de Apoio de Combate, como por exemplo as viaturas blindadas “Chaimite” e as Secções de Morteiros, e com o Elemento de Apoio de Serviços como por exemplo a secção de reabastecimento e a secção de transportes.
Oficial Superior FZ português apresentando a Oficial estrangeiro a "MIMOSA", notar o gerador próprio atrelado (Fotos cedidas por CCF)
Oficial Superior FZ português apresentando a Oficial estrangeiro a "MIMOSA", notar o gerador próprio atrelado (Fotos cedidas por CCF)
1- Exclusivamente por Oficiais FZ e de Marinha com especialidade em Comunicações.
2- Comando, Controlo e Comunicações.
3- RL (Long Wheelbase).
4- Os dois camiões já tinham servido em África, um em Moçambique e outro em Angola no Luso, sendo que os seus equipamentos foram sendo actualizados ao longo do tempo.
5- A “Mimosa” entrou ao serviço em 26/08/1964 e a “Acácia” entrou ao serviço em 26/08/1964, ambas foram abatida em 1990.
6 - Daí o indicativo de alcunha “Mimosa”.
7- Fuzileiro com especialização em Comunicações “Tele-fuzo”.
8- Existiram em períodos diferentes, sendo que o 1.º era a gasolina e perdeu-se por acidente a bordo do Navio de Reabastecimento NRP “São Gabriel”, durante um VERTREP com um helicóptero PUMA da FAP, entrou ao serviço em 31/12/1974 e foi abatido em 01/10/1991.
9- O 2.º era a diesel e entrou ao serviço em 23/02/1979 e foi abatido a 20/03/1997.
10- Com caixa de comando CB602, altifalante CS602 e microtelefone MT602 (todos à prova de água), placa metálica de instalação, antena de chicote AN 2103 e alimentação a 24V.